Capítulo 7

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O ponteiro do relógio já havia passado pelas nove aquela manhã.

Lara estava em total agonia, andando de um lado para o outro em seu quarto de hotel, impaciente. Não tirava os olhos da janela e da porta do banheiro, traumatizada com toda aquela situação. O medo de uma criatura bizarra aparecer ali como foi com Fred lhe aterrorizava.

Maxine disse que ela deveria esperar, porém nada além. Apenas esperar. O problema é pelo quê.

Aquele era o último dia no hotel, e não haveria escapatória daquele maldito lugar senão ajudar os assassinados, embora tivesse dúvidas sobre a veracidade disso. Por outro lado, não ousaria tentar sair de lá, até porque Andrew poderia estar à espreita a qualquer momento.

— Vem comigo — Lara saltou de susto com a voz inesperada, percebendo ser Maxine dentro do quarto novamente.

— Você não pode chegar sem me assustar dessa forma? — a encara com incredulidade.

— O que queria? Que eu batesse na porta? — gargalha e atravessa a porta do quarto.

Lara destranca a mesma e sai dali, fitando o quarto 211 onde aquela senhora misteriosa estava. Mas não era aquele o foco, a alma vagante de Maxine a chamou para descer as escadas com ela.

Foram para o primeiro andar, com a jovem loira apreensiva de encontrar com o filho do dono do hotel pelo caminho.

— O que você vai ver deixaria qualquer um assombrado — a falecida se vira para ela, quando em frente ao quarto 103.

— Jura? Bem, eu já vi espíritos, pessoas mutiladas, o próprio capeta... eu quero saber qual a sua definição de assombroso.

Ela não recebe resposta alguma, apenas um apontar para a porta a sua frente.

Respira fundo, enchendo seu pulmão com ar. Abre a porta e adentra cautelosamente, assim percebendo que o quarto estava vazio, possivelmente nem havia alguém hospedado ali a julgar pela quantidade desequilibrada de poeira e teias de aranha, tal como os lençóis sujos em um tom estranho de vermelho velho e encardido, que se assemelhava a sangue.

— Por que não está trancado?

— Porque não há ninguém aqui.

— Ninguém...?

— Ninguém.

— No quarto?

— No hotel.

— O hotel não tem hóspedes?! — se estremece.

— Você já viu alguém aqui além de espíritos?

— A... recepcionista?

— A única viva.

— E ela não sabe que o hotel é assombrado?

— Essa é a função dela. Está pagando uma dívida; ela sabe das mortes, sabe que você está jurada para ser assassinada também. Ela não nos vê, mas sabe que estamos aqui.

— Velha desgraçada — suspira.

— Até onde sei, ela é mais uma vítima, mas não de um assassinato, e sim de uma dívida. Talvez ela pudesse fazer algo além de só permitir que tudo isso aconteça, mas... eu não sei. Talvez medo.

— E quem não sentiria medo? — diz um homem que aparece repentinamente dentro do quarto. — Qualquer um teria.

É o mercador. Ele encara Lara com um sorriso leve, parecia estar tentando acalmá-la. Ela olha para Maxine uma última vez, em seguida caminha até ele, tocando cautelosamente sua mão no braço dele. Outra vez tem a péssima sensação de tudo ao seu redor girando aceleradamente e isso faz com que ela caia sentada no chão, com todo o seu corpo formigando.

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