Capítulo 11

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Estou me retirando do prédio e sinto meu celular vibrar com uma mensagem

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Estou me retirando do prédio e sinto meu celular vibrar com uma mensagem.

Shouta: Tá frio ou quente?

Frio. Você sabe que eu sempre ganho. :Eu

Shouta: Você é louco mesmo.
Shouta: A festa é hoje. Como perdeu o jogo, acho nada mais justo do que ao menos ir a festa.

Karen vai estar lá. :Eu

Shouta: É bem difícil não estar, né. É a dona da festa.
Shouta: Se você e Karen não tem mais nenhum tipo de problema, então não vejo motivo para você não ir.

Estou evitando qualquer tipo de contato. :Eu
Mas vou pensar, qualquer coisa nos encontramos lá.:Eu
*visualizado*

   __

Chego no dormitório e a primeira coisa que faço é tirar essa blusa que parece estar me sufocando. Acho melhor eu passar a comprar números maiores, desde que voltei com o box está difícil usar minhas roupas antigas.

Vou em direção ao banheiro e tiro minhas roupas, a primeira coisa que reparo é o meu reflexo no espelho. Noto que agora eu pareço acabado, pareço ter saído de uma guerra e ter sido pisoteado ainda por cima. Observo meus olhos com olheiras aparentes, são de cansaço. Estou exausto esses últimos dias, desde que meus pais chegaram só piora. Eles querem me controlar e mandar em mim como sempre.

Respiro fundo e abro a torneira molhando meu rosto com água, me observo novamente no espelho e percebo que mal me reconheço. Até alguns anos atrás eu parecia menos acabado. Talvez meu pai esteja certo a final de contas, o tempo passou e o mundo realmente me mudou. Até os meus 16 anos eu ainda exalava alguma inocência, depois que ele me expulsou, só foi por água à baixo.

Observo minhas tatuagens, planejo fazer bem mais. Cada uma delas tem um significado para mim. Conheço pessoas que fazem por estética ou para se sentirem superiores, já eu faço para todo o dia que eu olhar para elas, nunca me esquecer o motivo pelo qual eu sou assim hoje. Cada uma delas representa um trauma e uma lição de vida.

Todos nós sabemos que com o tempo acabamos esquecendo traumas, traições e vacilos que outros fazem com nós. E no final, sempre acontece de novo. Por isso que decidi fazer todas essas tatuagens, para que diferente dos que esquecem, eu possa me lembrar todos os dias o motivo pelo qual não posso confiar em pessoas.

Respiro fundo e vou em direção e pego o cigarro que está na pia, ascendendo ele. Eu uso eles para aliviarem tudo o que está passando aqui dentro. Eu faço box para descontar toda raiva que sinto por dentro. Eu participo de apostas e criei um grupo de deliquentes para aliviar o que sinto por dentro. Tudo isso para poder fugir do pior.

Sinto que não posso morrer enquanto não acabar com a vida daquele cara. Eu me sentiria um bosta se morresse antes que ele. Eu não aceitaria. Tudo o que eu sacrifiquei só para poder fazer com que ele me odiasse seriam em vão se eu morresse.

Sento no vaso sanitário e abro meu celular na galeria, onde tenho várias fotos de comprovações dos crimes que ele já cometeu. Seriam mais de 100 anos de prisão na certa. Eu estou aguardando o momento certo para usar isso ao meu favor. Passando as fotos, volto e percebo que passei por uma foto de mim e Karen. Estamos juntos, eu, ela e meus pais. Qualquer um que olhasse essa foto pensaria, "A família perfeita" "Eles devem ser tão orgulhosos do filho".

5 dias depois dessa foto descobri o que havia por trás de tudo aquilo. E como sempre, não passava de dinheiro, negócios. Foi a última vez que eu chorei, pelo que me lembre. E ainda sobrava um pouco de respeito pelo meu pai. Eu tinha 17 anos.

Dia 8 de Setembro de 2019. Eu nunca vou me esquecer dessa data. O dia do meu renascimento. Tenho ela tatuada nas minhas costas, como eu disse, eu nunca suportaria esquecer. Eu nunca mais consegui confiar em alguém, nunca.

Desde então eu decidi parar de ser o filhinho do papai. Eu decidi que ao contrário do que ele queria, eu seria o seu pior pesadelo, o seu karma. Eu nunca o perdoaria por isso. Eu passei a fazer coisas que ele odiava. Eu saia escondido, comecei a fumar e fazer tatuagens, me envolvia com apostas e criei um grupo de delinquentes.

Foi nessa época que conheci Shouta. Eu estava procurando uma pessoa no qual poderia me ajudar a conseguir mais informações sobre meu pai e seu jogo sujo. Shouta era conhecido por ser hacker, ele tinha as manhas dessa coisa. Quando o conheci pensei que seria só negócios, eu ofereci um valor alto para que ele invadisse o sistema do meu pai e procurasse provas lá.

Shouta é mais parecido comigo do que muitos pensam. Nós dois temos muitas coisas incomum, inclusive o fato de odiarmos pessoas como meu pai. Era perfeito, nós dois juntos iriamos acabar com isso rápido. Acabou que viramos amigos e Shouta entrou para a gangue, já deixei claro que se um dia eu morrer, ele vai ser o líder. Eu não confio em ninguém, isso já estou cansado de dizer. Mas acredito que na pior da situações, Shouta seria a melhor opção. Apenas isso.

Recebo uma notificação de uma foto que Shouta me enviou.

Shouta: *foto*
Shouta: Você vêm?

  Desgraçado. :Eu
Me aguarde. :Eu

Shouta acabou de me enviar a foto de um Jack Daniel's. Como eu poderia resistir? O desgraçado sabe que essa é minha bebida favorita, por isso fez isso. Ele que aguarde minha chegada.

Termino de fumar o cigarro, descarto o resto no vaso e dou descarga, logo me dirigindo ao banho.

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