Capítulo 9

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— Eu já te falei, Marcus. Vocês terão uma mesa principal e pronto. — Marjorie opinou.

Pelo que Sabrina viu, opinar era o passatempo favorito de Marjorie.

— E vocês precisam de mais flores do que a Olivia quer, ao menos dois arranjos por mesa. Senão, o que as pessoas vão pensar? Sabrina se sentou na beirada da cadeira, batendo a caneta no bloco de notas.

— Muito pelo contrário, Marjorie, o minimalismo está em voga, andei lendo as últimas revistas de noiva, e estão preferindo menos coisas. Tudo é verde e marrom, nada com muita ostentação. É melhor para o meio ambiente.

Marjorie se ajeitou na cadeira.

— Verdade?

Será que seu cabelo escuro se mexia de vez em quando? Sabrina achava que não.

— Sim, eu estava pensando que poderíamos fazer como a Olivia quer, com um arranjo só, mas colocarmos algumas folhas nas mesas. Algo diferente. — Ela se inclinou. — Parece que é o que todas as jovens da realeza estão fazendo hoje em dia, inclusive as Princesas Olivia e Rosie. Marjorie ergueu as duas sobrancelhas.

— Se está bom para elas, está bom para nós. — Ela fez uma pausa, olhando para a lista e depois para Sabrina. — Algum outro conselho, já que está inteirada das tendências?

Marcus olhou para Sabrina como se não acreditasse no que estava ouvindo, mas Marjorie realmente havia dito aquilo. Era a terceira reunião que tinham, e a moça estava arrasando. Com experiência no ramo há três anos, já tinha conhecido várias Marjories. Às vezes, se chamavam Cressida. Em outras, Sophia. Muitas vezes, eram Arabella. Mas todas eram iguais: queriam que o casamento corresse sem nenhum problema. Desejavam o melhor para os filhos. Mas, principalmente, queriam se exibir para os amigos e familiares. E queriam que as pessoas pensassem na cerimônia por anos a fio, dizendo que foi o melhor casamento que já foram na vida. Sabrina não poderia oferecer essa garantia. Mas poderia se certificar de que suas sugestões fizessem com que a experiência fosse a melhor possível.

— Deixe-me ver — Sabrina disse, olhando para o céu. — Madeira está em alta esse ano. Elementos terrosos e mais simples. É tudo leve e feito de cores sutis, com sabores tradicionais e pequenas inovações na comida e bebida. É por isso que acho que não devemos exagerar nas flores. Menos é mais. — Ela se inclinou na direção de Marjorie. — Estive em um almoço com a editora-chefe da Noiva Perfeita na semana passada. Ouvi isso diretamente dela.

Uma mentirinha. Sabrina havia almoçado no restaurante que ficava no mesmo prédio onde a revista era editada. Seu amigo, Donald, trabalhava na Vogue e disse palavras de efeito semelhante. Isso, com certeza, bastaria. Pela expressão de Marjorie, bastava mesmo. A mulher estava ouvindo tudo. Cada palavra.

— Se a Noiva Perfeita diz, está dito. — Marjorie reorganizou suas anotações antes de assentir para Sabrina. — A Lauren está com todos os detalhes para a decoração das mesas, mas talvez você queira conversar com ela para dar umas dicas. Você disse que poderia ajudar no planejamento também, já que a mãe dela está doente, não é?

— É claro. Será um prazer — Sabrina disse.

— Marcus? O noivo se virou para a mãe.

— Sim?

— Sei que a Olivia não quer lidar muito comigo, mas vocês poderiam decidir o sabor do bolo e os noivinhos que ficam no topo? Entendo que eu não deveria saber dessas coisas, mas é a filha da Valerie quem cuida da loja, e as notícias se espalham. E, por favor, nada muito moderno ou exagerado. Um bolo tradicional com os noivinhos no topo já deve resolver. Você não acha, Sabrina? A jovem assentiu para Marjorie.

— Tradicional, mas pode ter alguma inovação. Antes de resolvermos, vamos falar com a Olivia e ver o que ela acha. Pela minha experiência, acredito que a opinião da noiva costuma contar mais do que a do noivo. — Sabrina olhou para Marcus. — Se você discordar e tiver uma opinião, é só dizer. Marcus balançou a cabeça.

— Contanto que a Olivia chegue ao altar feliz e relaxada, por mim poderíamos comer bolo de cenoura sem cobertura.

— Acho que ela não aprovaria isso — Sabrina respondeu antes de se virar para Marjorie e acenar novamente. — Pode deixar comigo. Meu trabalho é aliviar o stress do processo. Me deixe ajudar.

Marjorie olhou para Sabrina, maravilhada.

— Em todos os meus anos organizando eventos, nunca conheci alguém que faz isso tão bem quanto você.


                                                                                          ***


Marcus esperou a mãe e seu vestido Chanel vermelho desaparecerem em um corredor para se virar para Sabrina. Ele estava boquiaberto.

— Talvez minha mãe nunca tenha conhecido alguém tão eficiente quanto você, mas garanto que eu também não. Já vi dezenas de empregados tentando domesticá-la ao longo dos anos, mas você só chegou e fez.

Sabrina sorriu para ele, cobrindo os olhos com a mão para se proteger do sol conforme saíam da casa dos pais de Marcus. Seus óculos escuros estavam no carro.

— Vamos dizer que eu não era tão boa quando comecei, mas aprendi alguns truques ao longo do tempo.

Marcus parou ao chegarem ao lado do Capri de Sabrina.

— Esse é o seu carro? Ela assentiu.

— É. Eu gosto das velharias dos anos 1970. Culpo todas as reprises de Minder na TV — falou, se referindo a uma série antiga.

Marcus sorriu.

— Não faço ideia do que isso quer dizer, mas o carro é legal. — Ele fez uma pausa. — Só uma coisa, você realmente almoçou com a editora da Noiva Perfeita?

— É claro, nunca minto.

— Marcus precisava acreditar no seu currículo tanto quanto a mãe. Talvez até mais. Afinal de contas, era ele quem estava pagando seu salário.

— Bem, você vale cada centavo, seja verdade ou não. A Olivia te ama. Minha mãe te ama. O que quer dizer que eu também te amo.

— É muito amor de todos vocês. Espero que eu consiga continuar agradando.

— Já está. Depois da Olivia ter dito sim para mim, você é a melhor coisa que já aconteceu nos preparativos para o casamento. Estou falando sério.

Sabrina engoliu em seco, pensando nos braços de Olivia ao redor da sua cintura, os seios pressionados em suas costas e a maneira como o prazer percorreu seu corpo. Ela mordiscou o interior da bochecha antes de oferecer a Marcus um sorriso confiante.

— Fico feliz que pense assim — respondeu.

Antes que você diga sim - SaliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora