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HAILEY HAMILTON

Um espaço entre os meus lábios se criou imediatamente. Meus olhos travaram através da mesa buscando uma explicação coerente com a cena. Continuei fitando suas orbes jabuticabas enquanto respirava firme e suspirava forte, deixando todo o ar sair dos meus pulmões. Minha impressora ao lado aptou, porém, eu não me mexi nem por um minuto, tentando decifrar a chegada inesperada de uma pessoa mundialmente conhecida em minha sala de terapia psíquiatra.

── O que você está fazendo meu escritório Sr. Jackson? ── estreitei os olhos para suas íris.

Ondas bravas e tempestades calmas. Tudo que eu abominava personificado em somente uma pessoa, porém, me causando sentimento contrário em relação à ele. Foi a primeira vez que vi alguém tão rubro me enviar calor só por entre um encarar de rostos. Ele transpassava cheiro de baunilha e gloss de morango. Boca avermelhada úmida e um sorriso fascinante que dominava sua face inofensiva e angelical.

Eu deveria me desesperar com sua entrada desconhecida e não marcada em minha sala particular de consulta, todavia, encontrava-me bruscamente petrificada frente a frente com o castanho de seus olhos delineados pela sombra do escuro de uma paleta irreconhecível.

A luz do pôr do sol dava indícios nítidos de sua fonte de energia renovável inesgotável, clareando o inerrupto clima paradisíaco que inundava suas íris, sobrepondo-se sobe seus cabelos longos cacheados e cílios grandes e curvados. Ele ainda me encarava como se eu fosse a última coisa que ele gostaria de ver antes de sumir do planeta terra.

── Tinhamos hora privada para falar e você se atrasou. Eu deveria me preocupar com a sua falta de profissionalismo? ── fitei-lhe boquiaberta, soberba e ríspida eu teria lhe respondido se não tivesse feito a menção de checar minha agenda para saber se era realmente verdade.

Seis horas antes
de tudo acontecer:

Encarei o tubo de oxigenação aflita, com medo e levemente extasiada pelo sono. Eram 3:59 da manhã e minha cara deveria estar péssima, diante da figura pequena de minha sobrinha em uma maca de hospital depois de ter sofrido um acidente inusitado frente a frente com um caminhão limpador de neve.

Agora, estou aqui sentada na poltrona ao lado de sua cama me auto-questionando sobre como irei dizer a uma criança de 9 anos que seus pais morreram... Seria difícil convencê-la de o luto e aceitação iriam se fazer uma passagem fácil para com a realidade em que nos encontrávamos. Eu vou ficar com a guarda permanente dela e isso já foi decidido com o juiz.

Para eu ir no tribunal tive de designar minha irmã para cuidar do meu trabalho na Interpol, ajeitar alguns papeis, avisar o meu chefe sobre o ocorrido e registrar ao menos cinco sessões de terapia com alguns dos meus pacientes costumeiros. Era uma tarefa cômoda para alguém que só fazia cópias parciais em uma impressora dia após noite.

Pedi para Sanem cuidar de Cady quando eu estivesse fora de alcance e, fosse pedir sua guarda e conversar seriamente com os avós dela por parte de pai, claro. Os meus morreram muito cedo quando tinha 6 anos de idade. Seria estranho se de repente eu passasse a contatar os mortos para dar notícias constantes de algo que vai muito além do que estou habituada a encontrar pelo caminho.

Será que vou conseguir mesmo fazer isso dar certo? Me sinto plenamente assustada com a hipótese de ser mãe pela primeira vez na vida. Assumir uma criança, dar atenção, ficar por perto, levar a escola. Vai ter muitas coisas que não vou poder fazer por ela. Não sei se sou capaz, mas quero provar para mim mesma que posso ajudá-la, depois de tanto tempo longe da minha família... Eu acabo de descobrir que Jessie não está mais presente entre nós.

A única ligação que unia nós duas desabou, sumiu, desapareceu. Agora, Cady era prioridade minha e eu tinha de me acostumar com esse fato também. Por mais incrédulo que fosse. Em um momento como aquele, quem seria mais essencial para ficar com ela se não eu?. Sou a tia em potencial que unicamente gosta dela, sempre zelou por sua segurança mesmo de longe. Eu devo satisfação a morte de Jessie. Vou começar a me redimir primeiramente com a minha pequenina.

Ouvi seu suspiro sôfrego e eliminei qualquer devaneio que ainda pudesse me consumir por dentro. Deixei suas mãos agarrarem as minhas em um acalento frio que se aquecia aos poucos com o passar dos minutos. Seus fios negros bagunçados foram espalmados e ajeitados sobe o meu auto-cuidado. Sua cara ainda continha os recentes cortes dos estilhaços de vidro que haviam perfurado sua pele. Agora que tinha saído de uma cirurgia, estava de recuperação e eu deveria ficar na direção protetiva para assegurar que ela estaria bem de todos os modos possíveis.

── Tia Hailey! ── ela sorriu adoravelmente se ajeitando na cama do quarto de hospital para me ver melhor.

Afofei seus travesseiros me esquecendo por breves segundos da minha agenda cheia de horários privados marcados com o meu mais novo paciente...

Afofei seus travesseiros me esquecendo por breves segundos da minha agenda cheia de horários privados marcados com o meu mais novo paciente

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