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Aquele encontro estava sendo péssimo para Amara.

O homem a encarava e sorria. A cada segundo ele perguntava o que ela queria. Os dois estavam num restaurante, o que mais ela iria querer?

Talvez seria melhor eu o responder.

— Eu... — Ela pegou o cardápio e deu uma boa olhada na comida. Havia bastantes coisas saborosas, mas ela adoraria batatas fritas e carne bovina. — Quero duas porções de batata e tira de picanha.

Amara olhou o seu pretendente. Os olhos arregalados e os lábios para baixo, significavam: ela come demais ou essa é para casar.

— Você come bastante igual eu. — Ele soltou uma gargalhada e Amara fingiu uma.

Quero ir embora.

O seu pai iria a enlouquecer com esses "amigos" dele. A cada vez que ela tem um desses encontros, acaba num único lugar — um coração iludido jogado pela rua. Nunca aceitaria um homem na sua vida. Eles vão pela beleza ou só querem ir para a cama com ela. Nunca aceitou nenhuma oferta e nem flertes. Jamais cairia nesse pecado.

Passaram-se alguns minutos, um olhando para cara um do outro. O rapaz chamado Alex, adorava sorrir, toda a vez. Claro que Amara iria admitir, que é um homem um tanto lindo, mas nada tão exagerado. Ela presenciava tripas, cérebros... Bem, resumindo, morte quase todos os dias e a sua beleza ao interior, não era nada.

— Você pediu a bebida? — Ele perguntou depois do silêncio entre eles.

— Não, eu não sou de beber.

— Ah! sim. Mas nem um suco de laranja?

Amara queria revirar os olhos para ele. Quem esse cara pensa que é? Uma mulher de corpo forte, como ela, não deveria tomar essas substâncias venenosas, água seria a única coisa que iria tomar em toda a sua vida. Saúde em primeiro lugar.

— Não. Apenas água mesmo. — Disse raspando os dentes um no outro.

Ele sorriu e chamou o garçon, que veio em segundos. Pediu a água dela e o homem todo arrumado afastou-se.

Amara encarou o relógio do local, já esperavam quase meia hora pela comida. Queria acabar logo com este encontro.

— O seu pai é um homem incrível.

A sobrancelha da mulher ergueu-se.

Todos sempre envolviam o pai dela para manter uma conversa.

— Ele é sim.

Alex solta uma risada totalmente forçada e apoia o queixo na mão. Um sorriso inebriante - se Amara fosse inexperiente nisso, teria funcionado - de dentes perfeitos, totalmente mirados para Amara.

Flerte.

— Você é uma mulher muito bonita. Que sorte seria a minha ter você como minha.

Ela sorriu, fingindo estar totalmente interessada no flerte.

— Obrigada.

Ele abriu a boca para dizer mais alguma coisa, no entanto, ela escutou risadas e olhou na direção do barulho. Quatro jovens segurando latinhas de cervejas em cada mão. Pela camisa, eram universitários, mas havia algo de estranho ali. Pelo horário, eram para estarem estudando. E se estiverem matando aula? O seu instinto de caça aumentou quando os viu sumir. Entretanto, memorizou a aparência de cada jovem ali.
O do meio tinha cabelos pretos, orbes escuras, um rosto oval, o corpo não dava para identificar, o moletom da faculdade escondia. O que estava do lado do jovem menor, era loiro, um rosto forte e olhos claros. E o menor usava óculos, um rosto oval e cabelos castanhos. E tinha o ruivo, do outro lado, um rosto forte também, usava óculos escuros. Amara não teve acesso aos olhos. Mas lembraria muito bem do nariz romano e sardas.

— Ei! — Uma mão estalou perto do rosto dela.

Em segundos, pessoas ao redor gritaram e depois Alex estava chorando e segurando a mão esquerda. Em seguida, Amara percebeu o que fez, quebrou os dedos de Alex.

— Me desculpa?! — Exclamou um pouco preocupada.

Ela saiu da cadeira e aproximou-se do rapaz, que no mesmo instante afastou-se dela, a encarou com os olhos assustados e acusadores.

— Sua vadia, você quebrou os meus dedos! — Gritou para ela.

— Sinto muito! Eu não queria.

Esfregou os dedos um no outro. Aquilo daria um grande problema para ela.

...

— Que porra você fez Selven?! — o seu pai gritou — Você quer realmente acabar com a minha reputação? A minha empresa não pode cair, você sabe o que escondemos aqui? Claro que você sabe.

Ela virou o rosto e deixou o olhar fixo na parede, tentando fingir que ele não está ali, no entanto, o seu cérebro sabia que é impossível ignorar a fúria do próprio pai.

— Você é minha única filha, o que custa aceitar um dos meus convidados?

- Eu não quero homem nenhum na minha vida, pai. — Ele sabe disso tanto quanto eu. Droga!

- Eu quero netos, quero gerações de nós.

- Então procure outra pessoa para procriar! - Clamou e virou o seu rosto para ele - Eu não tenho culpa se você é estéril e não pode mais ter filhos, pai! E se você não consegue ter filhos, adote! - Ela levantou-se e ergueu os braços como se tivesse resolvido o assunto. Virou-se e caminhou até a porta.

- Não vire as costas para mim! Eu quero que seja do nosso sangue, não posso confiar em alguém que não tenha o DNA dos Selvens.

- Você apenas quer dar justificativa para não adotar alguém. Se realmente for o caso de não ter o sangue nosso, sei lá, faça experimentos para ter outro filho biológico.- Fechou a porta na cara dele e desceu os degraus.

A fofoca sobre os dedos de Alex, já se espalharam pelo laboratório todo. Os rinchos do pessoal, dava para escutar pela escada.

Pisando no último degrau, olhou todos. Alguns estavam fingindo tomar café e outros vasculhando papéis vazios.

Começou a andar, indo para o seu escritório, onde arrumaria papéis e esperaria o telefone de algum assassinato, onde envolve dentes afiados como facas e unhas do tamanho de dedos.

- Senhorita Selvens. - Lucas a chamou - Preciso que você preste atenção, o seu pai está furioso contigo.

Ela virou o rosto para o cara de bunda e sorriu. Estava quase abrindo a porta.

- Você acha que eu não sei? - Revirou os olhos para o amigo.

- Por isso mesmo que vim avisar-te, que ele acabou de transferir você para a faculdade Histir Fleeyer. E amanhã você já frequenta.

Três Luas CheiasOnde histórias criam vida. Descubra agora