— Bom dia pessoal, hoje temos uma aluna nova na área da medicina. Entre. — O professor pediu.
Amara entrou na sala e os seus pelos arrepiaram-se. Olhando para a frente, onde o professor baixinho e gordo a encarava com um certo olhar de malícia. Parando ao lado dele, ela virou-se e encarou o fundo da sala. Sem deixar os olhos perderem-se em alguém.
— Apresente-se aos seus novos colegas.
— O meu nome é Amara Winton e eu sonho em ser médica. — Disse para todos e andou até uma carteira vazia, não deixando o olhar cair em alguém.
Sentando-se na cadeira, pegou a mochila e colocou debaixo de si mesma, para ninguém pegar e abrir. Tem facas de prata e balas guardadas.
Os seus olhos finalmente começaram a analisar a primeira pessoa na sua frente. Uma garota de cabelos loiros. Não é ele. Depois para o garoto na frente, que ainda não era nenhum dos três que viu ontem.
— Amara, você está procurando algo? Quer ajuda com alguma coisa? — O professor interrompeu a investigação.
— Não. — Disse abaixando o corpo.
— Então por que estava com os olhos no colega? Gostou dele? — O professor riu e Amara fingiu estar com vergonha. — Brincadeira, não vamos provocar a novata no seu primeiro dia de aula. — O velho andou até a cadeira e sentou a bunda gorda dele. — Tenho que fazer a chamada e procurar você na lista. — Soou alto.
Ignorando totalmente o velho, ela olhou para a janela. Para sorte dela, achou um lugar na parede, onde tinha uma visão do campo de futebol.
No entanto, sentiu-se observada. Olhou para o lado e procurou pela pessoa que a observar. Procurou por todos, mas a maioria estava escrevendo ou olhando para o celular até então os seus olhos pararem em olhos verdes claros e uma mandíbula quadrada. Cabelos loiros e brincos na orelha. O seu coração caiu no chão, o seu rosto queimou, mas não saberia dizer se era de fúria ou de vergonha. Encontrou o assassino e ele estava neste instante, com orbes totalmente, fixadas nas dela. O garoto encarou e encarou, sem desviar. E o coração da Amara apenas batia forte, desesperado. Mas porquê? Nunca aconteceu isso antes. Lobisomens sabiam identificar se alguém estava com medo, excitado ou com o coração acelerado, os sentidos desses animais eram fantásticos. E Amara estava se entregando de braços abertos para um deles. Desviando os olhos, ela novamente encarou o campo lá fora. Totalmente consciente da criatura que estava ali dentro.
Passou-se duas aulas, o professor ainda estava na sala, mas o assassino não. Precisaria sair urgente da sala e procurar por ele.
Olhando para a sua mochila, pensou em pegar as balas, mas seria perigoso e não tão discreto. Faria muito barulho quando fosse atirar. Mas pegou o soco-inglês e colocou no bolso da própria jaqueta.
Levantou-se com a bolsa na mão e acenou para o professor, que fez o mesmo e dando uma piscadela para Amara. Ela virou-se e segurou a vontade de dar uma revirada de olhos. Saiu pela porta e andou na mesma direção do monstro.
...
Sentando-se no banco, ela olhou para o campo, onde dois deles estavam. O loiro e o ruivo. Numa brincadeira de luta, estavam dando soco e chutes. Eles são fortes, mas Amara era flexível e sabia esquivar-se. Uma faca no tornozelo e uma firme na cintura, seriam o que daria o fim deles. O campo não seria ideal para lutar contra eles, principalmente se transformarem na segunda forma.
Levantando-se do banco, moveu-se para a frente, mas alguém esbarrou-se nela. Resmungou e pediu desculpas. Blusa da universidade e um moletom escuro. O seu coração bateu forte. Ergueu mais um pouco o olhar e reconheceu o rosto oval e olhos profundamente negros.
Por reflexo seu punho foi direto para o rosto dele, mas o próprio pegou firme.
— Opa! Cuidado. Eu assustei-te? — Provocou.
Passos atrás de si, a fez sentir-se mais nervosa.
— Maninho, o que foi? — Perguntou alguém atrás dela.
— Não seria nada, mas essa moça tentou-me bater. — Falou.
Ele abaixou os olhos para ela, um sorriso pervertido nos lábios e caninos totalmente afiados brilharam para Amara. Desviando os olhos dele, começou a encarar o chão.
Por que estou-me submetendo a eles?
— Logo você? E conseguiu?
— Você está de brincadeira com ele, Daisy? — Uma nova voz disse.
— Foi quase. — Ele soltou a mão da Amara e a mesma deixou o braço cair devagar.
Novamente passos, mas perto desta vez.
— Essa é a novata! — A primeira voz anunciou.
— Sério? É essa que estava-te olhando?
Amara levantou a cabeça e mirou os olhos nos três rapazes. Eram os três de ontem, o loiro, ruivo e o moreno.
— Sim, ela mesmo. Eu pensei até que ela queria-me matar, mas suas bochechas ficaram vermelhas. Eu achei fofo.
— E-Eu não estava-te encarando. — Sussurrou, sabia que eles a escutaram.
— Ela disse que não encarou você.
— Ele que estava. — Revirou os olhos para os três.
Mas o único que não estava mais falando, era o de olhos escuros. Apenas observando Amara, emanando suspense.
— Viu, ela disse que você estava. — O ruivo disse sorrindo.
Ela teria que achar um jeito para começar a luta.
— Vocês são uns merdas. — Amara sabia como provocar um lobisomem.
Todos ficaram em silêncio, apenas encarando a mulher, um sorriso confuso na boca dos dois. O do meio estava com o rosto neutro.
— Eu disse que vocês são todos uns filhos da puta. Gostaram? — Indagou furiosa.
Precisava terminar com a vida deles, logo, estava pouco se fodendo se lutaria em área aberta. Se morresse levaria os três.
— O que você disse? — O do meio inquiriu com as sobrancelhas abaixadas.
— Não escutou cão? Ou quer que eu soletre? Eu falei, que vocês são uns filhos da puta e merdinhas do caralho.
O ruivo olhou indignado para o de cabelo preto e o loiro fez o mesmo.
Parece que quem é o líder ali é ele.
O do meio deu um passo para a frente e Amara deu um para trás.
— Não se aproxime fera! Quer morrer?
Os três soltaram risadas e encararam mutuamente, como se não acreditassem no que a humana acabou de pronunciar. Estavam debochando dela, da capacidade do próprio sangue que ela tem nas veias.
— Riem mesmo, quando as suas cabeças estiverem no chão e sangue estiver seco na grama.
— Mulher, quem você pensa que é? Parece que está caçadora perdeu um parafuso. Vamos-te dar uma chance de fugir e nunca mais colocar os pés aqui. Suma. — O de cabelos pretos ameaçou-a e apontou para longe.
— E-Eu não sou de fugir o seu animal! — Entrou em posição de combate. Mas suas pernas tremem.
O loiro encarou preocupado.
— Não vamos fazer isso né? Tipo, ela tem um cheiro bom para caralho, não dá para ma-
Um soco-inglês arrebentou o rosto do loiro, fazendo a sua cabeça virar e um grito fino sair da boca dele.
Amara correu para longe dos três. Iria lutar no vestiário feminino, sabia que nunca tinha ninguém lá. Parando na frente do vestiário, olhou para os lados e janelas, não viu ninguém. Então entrou.
Trocando a calça por uma bermuda e um top firme, esperou os três procurar por ela. Escondida numa cabine, com os chuveiros ligados, esperou algum som da porta.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Três Luas Cheias
Hombres LoboAmara tinha seus inimigos, lobisomens, ela os caçava e eles eram suas presas. Mas nunca passou por sua cabeça, que um dia seria a presa deles.