A porta é aberta, vários passos pesados e murmuro. Amara logo entrou em alerta, pronta para caso eles começarem a atacar. Mas os passos diminuíram e por fim nada de barulho, a não ser o fino soar das gotas do chuveiro, caindo no chão.
A garota estava totalmente agachada, com a faca na mão, caso um deles abrisse a porta, ela poderia cortar a barriga de um deles, apenas enfiando a faca de prata na carne desses monstros, demoraria para se regenerar.
Com o silêncio tenso naquele momento, os pulmões da Amara estavam trabalhando freneticamente, soltando o ar pela boca, tentando respirar calmamente. O silêncio estava deixando-a totalmente nervosa.
Ela levantou-se. E se eles foram embora? Encarou a porta e o seu reflexo no ferro. Estava realmente muito estranho. Abriria a porta, de qualquer forma teria que combater eles. Pegando a maçaneta, soltou o ar novamente pela boca e olhou para o chão. Um arrepio percorreu o seu corpo, ao perceber o reflexo de um gigantesco lobo. Abriu a porta com tudo e o lobo pulou para baixo, quebrando o chuveiro e água começou a espirrar por todos os lados.
— Filho da puta!
Amara apontou a faca para o lobo cinza, não era totalmente um lobisomem e sim um lupino gigantesco.
— Se você se aproximar eu vou-
Uma mão tampa a sua boca. Amara se contorce e da várias cotoveladas, mas nada fazia efeito. Se mexia e mexia, no entanto, a mão continuou apertada na sua boca. Ate ela bater a faca na coxa do seu inimigo, o fazendo grunhir e a soltar.
Ela corre para a parede, ficando de frente para os dois. O ruivo era o que ela esfaqueou e o lobo cinzento não saberia dizer quem era, mas estava rosnando e babando para ela. O lobo latiu feroz, ameaçando com os seus dentes de quatro centímetros, as suas patas maiores que a cabeça de Amara, penetravam a cerâmica. E a sua cabeça abaixada, em posição de ataque. Seria mais fácil com a arma.
O ruivo tirou a faca da coxa, sangue jorrou no chão e misturando-se com a água.
— Mulher, você não sabe o que acabou de fazer! — O vermelho falou.
Os seus olhos ficaram escuros e o seu tamanho começou a aumentar. A transformação estava iniciando. Pelos marrons começaram a nascer pelos braços dele. A blusa da faculdade rasgava mais com forme o tamanho crescia. Os músculos nos braços dele tornaram-se assustadores, tanto que ficaram longos. As duas pernas foram para trás, deixando numa forma animalesca. O seu rosto deformou-se, que antes era um nariz e boca humana, agora estava crescendo um focinho de lobo com vários dentes mortais, os olhos negros e pupilas vermelhas. As orelhas pontudas e vários pelos marrons por todo o corpo.
E no mesmo instante que a sua transformação estava quase completa, ele foi para cima de Amara, fazendo ela desviar-se do seu ataque. E enquanto estava distraída com o que a atacou, uma pata gigante bateu nela, a fazendo deslizar pelo chão e bater num armário. Perdendo os sentidos por alguns segundos e engasgando-se com o próprio ar. Algo a pegou pelo tornozelo, fazendo a garota grunhir e tentar segurar o próprio chão.
— Largue ela! — Alguém gritou.
Com um rosnado, a coisa largou Amara.
Os seus pulmões começaram a voltar ao normal, respirar era fácil. Mas a dor na costa a deixou um pouco receosa para continuar a luta. Aquilo quase a fez desmaiar.
— Não toque nela, você quer matar ela?! — Amara poderia reconhecer essa voz, com tanta dor que sente?
Um rosnado e latidos estrondosos foi a resposta.
— Essa mulher deu-me um soco, eu achei justo dar um, tapa nela. A marca ainda está no meu rosto! Veja?
Amara tentou dar uma olhada, mas foi um fracasso, sentiu mais dor no pescoço.
— Um soco de prata não te vai matar, mas a sua pata mata ela. Você não sente o cheiro do sangue dela? Sangue puro, é tão raro e poderoso. E esse cheiro doce vem todo dela.
— Ela esfaqueou-me, não vou perdoar fácil. — A voz espessa anunciou.
Depois desta fala, nem uma das duas vozes voltou a falar. O silêncio a deixou um pouco estranha, estava ciente que havia seis olhos a encarando, vendo como era fraca. Para uma, sangue puro e descente dos Selvens, isso era humilhante.
Os seus dedos apertaram e então, tentou levantar-se e continuar a briga. Apoiando-se nos cotovelos, deu impulso e levantou-se, segurando as janelas da porta do armário. Olhou na direção dos três.
— Estão olhando o quê?! — Indagou furiosa.
Pegou a faca que estava no tornozelo.
— Sério mesmo que tivéssemos um imprint nela? Uma caçadora de sangue puro que quer nos matar.
Amara já ouviu falar de imprint entre lobisomens, é quando as almas gêmeas se encontram, porém, nunca ouviu falar de quatro almas tendo a mesma conexão principalmente uma humana sendo a alma gêmea de três feras.
O que estou pensando? Eu jamais aceitaria eles!
— Da para ver que ela odeia nós. — O loiro disse.
Amara olhou para o loiro. O peitoral estava todo exposto, o seu abdômen definido, a pele branca e os músculos dos braços. Abaixando um pouco os olhos, deparou-se com um V perfeito descendo pro membro do rapaz. Ela desviou os olhos e encarou o chão.
— Ela está encarando sua masculinidade pequena Daisy! — O que está transformado disse.
O loiro se chama Daisy.
— Se ela está olhando é porque achou bonito. — Ele riu e empurrou com o ombro o lobisomem marrom.
— Cala a boca. — O de cabelos preto falou de modo grosseiro com o loiro.
Os olhos negros dele encararam Amara e um sorriso brotou nos lábios dele.
— Está olhando o que, besta? Perdeu algo aqui? — Amara mirou a faca na sua direção, no entanto, ele não se afastou.
Os seus dedos tocaram o objeto e partiu-o ao meio em segundos.
— Você é fértil.
— O quê? — Amara gritou.
— Eu disse que você é fértil. — Ele aproximou-se e Amara afastou-se.
A costa dela bateu no armário, os seus olhos foram por todos os lugares, tentando encontrar uma forma de sair daquele local.
— N-Não é da sua conta! — Tentou soar forte.
— Olha aqui. — O moreno pegou o queixo de Amara e a obrigou olha-lo nos olhos. — Vou dizer na sua língua humana. Temos que trepar e compartilhar os nossos genes, porém... — Ele desviou os olhos do dela, para olhar os dois atrás dele. — Esperamos achar a linha do nosso destino para poder procriar e bem... — Aquelas pupilas dilatadas estavam novamente a encarando, desta vez com tanta malícia. — E você é essa. Estamos um pouco surpresos por você ser uma caçadora de sangue puro. Os nossos filhos serão fortes.
Os seus olhos não desviaram dos deles, totalmente chocada com o que ele acabou de declarar. Ela era a alma gêmea deles e isso significaria guerra entre os líderes ou paz entre todos?
A sua mão tremia com a faca, como ela estava sendo fraca neste momento? Como o seu próprio pai reagiria ao ver o estado do seu corpo e a sua aura? Não! Ela não cairia neste papo.
E com a faca, ela apunhalou-o, ele rangeu os dentes e a soltou.
— Falei para você Dow! Vou mata-la, caçadores de sangue puros sempre são traiçoeiros! — Daisy resmungou e rosnou.
Ele foi para cima dela, mas desviou do seu ataque, porém o outro lobisomem pulou em cima dela, a fazendo cair e bater a cabeça. Deixando-a tonta por alguns segundos.
— Vou estripar você! — O ruivo rosnou as palavras no rosto dela.
Os pulsos dela estavam presos por garras.

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Três Luas Cheias
WerewolfAmara tinha seus inimigos, lobisomens, ela os caçava e eles eram suas presas. Mas nunca passou por sua cabeça, que um dia seria a presa deles.