A Mensagem em Sangue

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     Severo carregava duas enormes caixas pelos corredores. Embora não fosse mais o mestre de poções de Hogwarts, madame Pomfrey ainda preferia suas poções ao invés das que o novo professor havia fornecido.

     Então, em respeito a longa amizade e por odiar serviços mal feitos, Severo ainda fazia as poções que eram usadas por madame Pomfrey na enfermaria.

     Isso o irritava, mas coisas mal feitas o irritavam mais ainda.

     - Ah, Severo! - disse Dumbledore ao encontrá-lo no corredor - Eu já estava indo a sua sala para conversar com você.

     - E a que devo a honra? - Snape indagou com ironia.

     - Acho que sabe do que se trata. Deixe-me pegar uma dessas caixas para lhe ajudar. - disse Dumbledore pegando a caixa de cima assim aliviando parte do peso - Vai entregar para Papoula?

     - Quem mais me faria fazer duas caixas de poções? - ironizou Snape.

     Dumbledore riu.

     - Ah, Papoula! Ela sabe muito bem como arrancar de todos tudo o que quer.

     - Acho que deveria começar a exigir a aposentadoria dela, isso sim. - disse Snape - Não vou fazer poções para ela para sempre!

     - É claro que não, vou conversar com ela a respeito de arranjarmos um jeito dela se agradar das poções do novo professor. Afinal de contas você já tem muito com o que se preocupar. - disse Dumbledore enquanto caminhavam - Dar aulas de Defesa Contra Artes das Trevas e ajudar a pequena Lisianthus com o aquele problema em particular.

     Snape tentou não engasgar, ele estava querendo evitar aquela conversa.

     - Função essa que, aliás, você já não vem cumprindo há um tempo, Severo. - Dumbledore tocou justamente no ponto que ele queria evitar - Por que não tem feito mais nada por ela?

     - E o que espera que eu faça? - ele rebateu - Estou pesquisando a respeito e ela não teve mais nenhuma crise. O que mais devo fazer?

     - O que tem evitado fazer. - respondeu o diretor parando de caminhar para olhá-lo nos olhos - Se aproximar dela, descobrir o que há de errado, o que tem feito ela ter as tais crises. Há algo naquela garota, Severo. Algo que você sabe que Voldemort irá querer quando retornar e que nós podemos usar para matá-lo de uma vez por todas, mas você não parece interessado em descobrir o que é.

     - Algo que podemos usar? - indagou Severo - E o que ela é agora? Um mero objeto sem escolhas? Uma arma para que você possa ganhar essa guerra?

     - Não foi isso que eu quis dizer e você sabe disso.

     - Eu sei bem. Sei que você não tem escrúpulos na hora de usar alguém para vencer uma batalha. Sei que para você perder a vida dez vale a pena em troca de salvar a vida de mil, mas nem todos pensam assim. Já parou para saber o que aquela menina quer? O que ela planeja?

     - E você já parou? - rebateu Dumbledore.

     - Não, mas estou certo de que ela não concordaria em ser usada como arma.

     - Como pode ter tanta certeza, Severo? Você a evita, mal olha na direção dela. Ontem a chamei para conversar, queria saber como estavam as coisas, se você estava a ajudando. Sabe o que ela disse? Lisianthus me disse que achava que você tinha algo contra ela, pois a evitava e quando cruzavam os caminhos você sempre tinha algo de ruim a dizer. Ela me disse que você parece se esforçar para odiá-la e evitá-la.

     - Tem algo de errado com ela! - ele ralhou olhando para o velho bruxo - Aquela menina não é comum! Há algo sombrio nela. Eu não sei dizer... - ele parou e respirou fundo, tinha que se manter calmo - É como se ela instigasse algo dentro de mim, algo ruim...

Lisianthus, O Conto dos Dois IrmãosOnde histórias criam vida. Descubra agora