Os Irmãos Que Nunca se Conheceram

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     Harry tivera uma péssima noite de sono.

     Mas não fora o único.

     Um dia antes do tão temido encontro entre as duas famílias, uma pessoa não conseguira dormir nadinha.

     Esta foi Lizzie.

     Lá pelas três da manhã, a menina desistiu de dormir e desceu até a sala de música para ouvir um pouco de música que ela colocou baixinho na vitrola.

     Naquela altura não deveria acordar ninguém, então ficou lá sentada ao lado do aparelho ouvindo aquelas notas melancólicas dignas de um drama adolescente com tantas perguntas na cabeça.

     Se fosse uma máquina, já estaria soltando fumaça de tanto que pensava.

     Lizzie tinha medo.

     Medo de ser odiada e rejeitada.

     E se sua mãe, na verdade, lhe mandou embora porque não a queria? E se seu irmão a odiasse e a culpasse pela destruição do seu lar?

     E se seu padrasto não gostasse dela? E se a presença dela e do pai acarretasse uma briga entre as famílias? E se fosse tudo um grande desastre?

     - Se continuar pensando tanto assim irá ficar tão obsessiva quanto um filósofo grego. - disse Regulus parado junto a porta.

     A menina se assustou.

     - Desculpe, não era minha intenção assusta-lá. - disse o tio se aproximando - Mas o que está fazendo aqui a essa hora?

     - Não consegui dormir. - ela respondeu.

     - E teria um motivo para isso?

     - Estou com medo. - ela disse - E se eles não gostarem de mim? Se me odiarem e me culparem pelo que aconteceu?

     Regulus ponderou um pouco a respeito e lhe estendeu a mão puxando a menina para uma dança lenta e tranquila.

     - Por que estamos dançando? - ela perguntou.

     - Porque quem dança os males espanta.

     - É quem canta. - ela riu.

     - Eu discordo. Veja só você, já está sorrindo. - ambos riram.

     E continuaram assim por um tempo até que Regulus quebrou o silêncio.

     - Não posso dizer para você que eles irão amar você, porque pode ser que eu apenas te dê falsas esperanças. Mas o que posso dizer é que não importa o que eles achem de você, nós somos a sua família e nós amamos você e sempre estaremos aqui por você. Quando foi preciso deixamos tudo o que tínhamos e o que éramos para trás só para poder te levar para um lugar aonde você estaria segura e te demos o melhor que podíamos.

     Regulus interrompeu a dança para olhá-la nos olhos.

     - Nós amamos você, Lizzie. E isso deve bastar.

     Na noite seguinte estavam Harry, James, Lily, Hermione, Gina e Rony sentados estáticos nos sofás da sala aguardando a visita da "outra" família.

     Ninguém falou nada, nem sequer se mexeram, e quando a campainha tocou James foi o primeiro a se levantar.

     O único a se mover na verdade.

     Ele ajeitou o paletó e pigarreou, foi até a porta e respirou fundo. Quando a abriu percebeu que não era forte como achava ser.

     A primeira pessoa que viu foi a nossa querida Lisianthus, de olhos azuis brilhantes e cabelos vermelho fogo. Tudo nela era tão vivo e colorido que até para um bruxo era estranho.

Lisianthus, O Conto dos Dois IrmãosOnde histórias criam vida. Descubra agora