Não Reivindicado

Você não se lembra?

Jacaerys Targaryen

Acho que eu era o garoto mais azarado de Westeros, talvez não o mais azarado já que eu nasci em uma das famílias mais ricas do continente, mas com certeza o mais atrapalhado e mais idiota. Talvez se ao menos eu tivesse a coragem de ter falado diretamente com meu pai ao invés de ter desviado do caminho como eu fiz, as coisas poderiam ser diferentes.

Quando Aly Rivers chegou no castelo trazendo seu filho bastardo foi demais para minha mãe, mas Muña era bondosa demais para saber do perigo que ela estava abrigando em seu castelo. Alys era uma bruxa poderosa e eu sei que meu pai só venceu a guerra por causa dela, mas eu não tinha ideia das coisas que ele tinha feito para conseguir isso.

Eu a vi fazendo alguns rituais, eu vi quando ela deu à luz a uma sombra e logo depois um inimigo de meu pai morreu, ela era assustadora e vestia sempre roupa preta, não era como as recém chegadas sacerdotisas vermelhas que apareceram na cidade procurando por minha mãe. Alys era uma mulher perigosa e cada vez que eu crescia eu fui me dando conta do perigo que ela era, mas sei que meu pai a mantinha perto por conta de seus benefícios para o seu reinado.

Mas eu preciso entender como eu vim parar no antigo quarto do meu irmão mais velho, aliás no chão do quarto do meu irmão mais velho. Ele poderia pelo menos ter me colocado na cama, mas parece que eu estou crescido demais para isso como ele fá falou uma vez. Fechei meus olhos e então senti a dor em minha cabeça, coloquei minha mão e estava molhado. O cheiro de algo metálico, quase como ferrugem encheu meu nariz.

Era sangue.

Os olhos vermelhos da sacerdotisa vermelha encheram minha mente, e palavras aleatórias se formaram. Foi então que eu senti a dor, a dor nas minhas costas e a dificuldade de respirar que me impediram de gritar ou chamar alguém. Quando aquela sacerdotisa vermelha me reconheceu mesmo com minha capa e olhou nos meus olhos eu pude ver algo. Não era como Alys que tinha os olhos negros como a noite, aquela tal de Elisandra pode ate ter a voz doce e uma beleza arrebatadora, mas sei que era tão perigosa quanto.

A sacerdotisa me parou e então me encarou e falou sobre o destino, falou sobre o fim dos dragões e de fato, os dragões estavam começando a morrer.

Eu não queria aceitar. . .

Mas espere? O que foi que eu não queria aceitar? O que foi que ela me disse? Eu sei que tinha alguma coisa a ver com minha mãe. . . com a mãe de minha mãe. . . a princesa Rhaenyra. . . Eu não conseguia lembrar. . . eu só tenho 8 anos, mas eu não sou de esquecer as coisas!

Eu estava aborrecido, eu estava triste. . . eu tinha escutado coisas horríveis sobre minha família, sobre meu pai, mas eu não lembro que coisas eram essas. . . eu sei que eu estava indo para algum lugar até que eu escutei algo, escutei alguém falando, uma voz feminina e então eu estou aqui de novo, acho que era a voz de Alys.

Talvez a tristeza no rosto de minha Muña fosse um sinal de que tudo o que eu ouvi era verdade, ele sempre nos poupou de tudo e nos amou incondicionalmente, mas ultimamente eles estavam brigando tanto. Eu sei que papai pode ser assustador as vezes, mas eu o amava e ele não era o monstro que aquelas pessoas falavam.

Mas agora estava aqui nesse lugar escuro, que parecia ser a fortaleza vermelha, mas parecia muito diferente do que eu conhecia. Tentei me mexer, mas uma dor em minhas costas se formou e eu quase fui pro céu e voltei novamente. Eu precisava lembrar de respirar devagar, minhas costas doíam e eu estava respirando com dificuldades.

Olhei para o teto e parecia muito familiar, eu estava no antigo quarto do meu irmão Baelon, os moveis não eram os mesmos e haviam muitas imagens dos setes, não sabia que ele tinha se tornado tão religioso, talvez a vovó finalmente tenha conseguido entrar em sua cabeça. Finalmente consegui me mexer e então me sentei, olhei em volta, definitivamente era o quarto de Baelon.