A Lareira

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Lucerys Velaryon

Eu acordei de um sono profundo, depois de um dia difícil. Eu tinha passado muito tempo com Jacaerys, enfrentado problemas, cuidando dele, me estressado e me cansado com Aegon. Felizmente isso tinha ficado no passado agora. Jacaerys não estava mais nos meus braços. Em algum momento da noite parece que ele decidiu dormir no sofá. Não o julguei por isso, o sofá era mil vezes mais confortável que o chão. Eu só queria descansar e esquecer de tudo. Eu relaxei no meu lugar, coberto por um cobertor quente, e um corpo quente.

Quando eu abri os olhos novamente, vi pela janela que céu estava naquela cor entre a madrugada e a manhã. A casa estava silenciosa e escura, exceto pela lareira na sala. Eu tentei me levantar, mas a mão sobre mim não deixou. Me lembrei mais um pouco da noite anterior quando Aemond veio ficar comigo com a desculpa de me esquentar. Meu coração deu um pulo involuntariamente e senti meu rosto ficar quente.

Tentei ignorar quando ele pareceu se ajeitar e colocou seu rosto atrás do meu. Sua respiração era lenta, mas parecia leve. Sua boca estava levemente aberta e ele suspirava suavemente. Eu tentei novamente sair do seu aperto, mas ele se mexeu novamente para me impedir e então eu senti quando ele colocou sua cintura contra meu traseiro. A ereção matinal nunca me foi estranha, era incomoda, mas não estranha. Quando era a minha e não a de Aemond sobre mim.

Eu sabia que aquela ereção não era sobre mim, o que me deixava um pouco menos desconfortável, mas também um pouco incomodado por estar tão íntimo dele. Eu suspirei em derrota e olhei novamente para a lareira. Eu vi o fogo ainda aceso, mas fraco. As chamas dançavam lentamente, iluminando as paredes e os móveis com uma luz avermelhada. O calor que emanava era suave e agradável.

Eu continuei olhando para a lareira a minha frente, e fiquei observando o fogo. Eu pensei em como ele era parecido com a minha vida. Eu também tinha um fogo dentro de mim, eu ainda sou metade Targaryen, eu tenho uma paixão, uma vontade de viver e de realizar os meus sonhos. Mas esse fogo estava se apagando com a chegada dos deveres, aos poucos, e por causa das dificuldades do dia a dia. Eu estava perdendo a minha energia, a minha motivação, a minha alegria.

Eu me perguntei se eu deveria reacender o fogo da lareira, colocando mais lenha ou soprando as brasas. Talvez isso fosse uma metáfora para o que eu deveria fazer com o meu próprio fogo interior. Talvez eu devesse buscar novos desafios, novas oportunidades, novas experiências. Eu preciso fazer minhas próprias escolhas. Talvez eu devesse respirar fundo e soprar as minhas próprias brasas, reanimando a minha chama. O aperto de Aemond ainda continuava sobre mim e por mais agradável que fosse aquilo e desconfortável ao mesmo tempo, me sentia preso ao meu destino pensando em como seria no futuro com ele como marido.

Talvez eu devesse deixar o fogo da lareira se apagar naturalmente, sem interferir. Talvez isso fosse uma metáfora para o que eu deveria fazer com o meu próprio fogo interior. Talvez eu devesse aceitar o ciclo da vida, o fluxo das coisas, o destino. Talvez eu devesse me conformar com o que eu tinha, sem querer mais nada. Eu não sabia o que fazer. Eu estava confuso e indeciso. Eu olhei para o fogo da lareira novamente, esperando encontrar uma resposta.

Mas ele só me devolveu o reflexo dos meus olhos, brilhando na escuridão.

Mais tarde aquele dia que já começou estranho, continuava ainda estranho. Se me dissessem que eu estaria me dando bem com o homem que eu arranquei o olho, com certeza riria bastante. Agora estávamos aqui na cozinha, ele me ajuda a cozinha o almoço hoje, não que ele fosse particularmente bom, mas ele se esforçava. O dia anterior foi no mínimo estranho e desde o incidente com Aegon, Jacaerys tem ficado mais calado. Aemond tem notado isso e tem se esforçado para ser mais gentil, do jeito dele.

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