De repente, você começa a suar frio, o coração dispara, parece que vai sair pela boca. O aperto no peito é incontrolável e logo começa a chorar.
Você que está lendo esse livro já se sentiu assim? Provavelmente esteja passando por momentos de desgastes emocionais. Então, pare só um minuto! Agora, inspire e expire que vou te contar ...
A minha vida nunca foi fácil, tudo começou no ano de 1973, com um
Inverno rigoroso. Lembrando que o Nordeste do Brasil, especificamente o
Ceará, é bastante conhecido pela falta de chuvas. Soma-se a isso o fato de
não apresentar uma grande quantidade de rios caudalosos, que favoreçam a evaporação com a consequente precipitação em nível local; ao contrário da região Norte, onde se encontra a Amazônica, por exemplo, que é rica em volume de água.
Especificamente, em 10 de janeiro de 1973, já era tardinha, minha mãe estava grávida, não havia feito pré-natal e, portanto, não saberia dizer com exatidão quantas semanas de gestação estaria naquele momento.
Com o escambar o sol, percebeu-se que iria cair um toró de chuva e Carmelita correu, começou a retirar as roupas da cerca de arame (até parece
que estou vendo a cena, ela a gritar pelos meus irmãos e dizer: "chega
Antônio e Raimundo Nonato, me ajuda a tirar as roupas do sol". Francisco José, era o menor de todos e estava começando a andar. Depois de tudo estar recolhido, minha mãe deu o leite às crianças e se alimentou logo após com os cereais que minha avó dona Maria José, mais conhecida como Mãe Zeca, tinha trazido naquele mesmo dia em que chegara.
Ela deitou-se na rede, a alcova ficava vizinha à cozinha, e de repente
ela começou a sentir fortes dores. Meu pai já tinha chegado da casa grande do senhor Amadeu Alves, também jantou naquele noite. Quando de repente, ouve um grito:
"Raimundo! Eu vou ter é agora". Mais que depressa, meu pai pôs os
pés no chinelo, já bastante desgastado pelo tempo, vestiu a camisa e correu
para abastecer a lamparina com o gás da bomba d'água, pois tinha medo
que na hora do parto o gás faltasse. Debaixo de todo aquele toró, onde mais ele poderia comprar querosene? Visto que a comunidade era pouco habitada, e contavam-se as casas ali.
Como foi dito, por não saber o dia e o mês exato que a gravida viria dar à luz ou "descansar", minha bisavó que era conhecida como Mãe Maria, estava na casa há quase um mês à espera do nascimento do bebê. Era ela que fazia os partos da dona Carmelita (é assim que chamo minha mãe em momentos informais).
Na época já existia a maternidade da Santa Casa de Sobral, não com o
aparato que temos hoje, maternidade de referência para gestações de alto
risco da macrorregião de Sobral, que abre suas portas para 55 municípios.
Hoje proporciona maior qualidade e segurança aos pacientes e funcionários.
O Hospital melhorou o atendimento à maternidade e o Centro de Parto
Normal (CPN) da SCMS proporciona qualidade no parto humanizado. O espaço dispõe de pré-parto, parto, e pós-parto, equipados com berço, cama
de parto, bola de pilates, cadeira para acompanhante do bebê e material de
atendimento ao recém-nascido.
Na época, também existia a maternidade Dr. Manoel Marinho. No caso específico dos meus familiares de não serem atendidos na maternidade, era por faltar o transporte e dificuldades financeiras, que os impossibilitavam de viajar, pois a comunidade Pedra Branca fica aproximadamente a 7
km de carro.
Em meio à agonia, aperreios por parte dos que estavam
na casa à espera do parto, a única
coisa que restava, era orar a Deus
e pedir que tudo ocorresse bem. Pois bem, deu meia, deu 1, 2, 3, 4 ... horas
somente na aurora foi que a
criança começou a nascer.
Foi então que a bisa gritou: "Chega, meu Deus, a criança vem é de cara em vez de ser de cabeça".
Minha mãe ouvido, ficou preocupada achando que ela estava morrendo.
Em voz baixa começou a se valer de Deus. A bisa falou: "Nasceu, e é menina"!
Meu pai que esperava na sala, logo se manifestou feliz por agora ser pai de
menina, já que era pai de três meninos. Logo a criança foi banhada numa bacia grande de alumínio, comprada especialmente para aquela finalidade.
Após o banho, a criança foi embrulhada num cueiro. A avó, juntamente
com a bisa, babavam ao ver a "moça da casa" e as duas falavam o tempo todo de como era formosa a pequena criança e já especulavam seu nome. Da alcova, minha mãe que ainda se recuperando das dores, respondeu: "Eu estava pensando
que, se fosse homem seria Francisco e se fosse mulher seria Maria do
Socorro". A bisa respondeu toda satisfeita: "Maria de Sicorro é bonito", pois era essa a forma d'ela pronunciar. Sem mais, nem menos, a menina foi registrada
com o nome de Maria do Socorro Alves Patriolino, Alves da mãe, e Patriolino do pai.
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Opa! Se Cochilar, o Chapéu Voa...
DiversosEste livro relata a história de vida de uma batalhadora igual a milhões de brasileiros. A menina Maria saiu de casa aos sete anos de idade com objetivo de trabalhar em casa de família em Sobral, CE. Trabalho eque utilizou a Educação como impulso par...