CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO

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Com o Ensino Médio concluído, agora mãos à obra para encontrar um
novo emprego. Oh! "Sabe de nada inocente",  Sem a proteção dos antigos patrões, então mais que urgente, precisava de um novo trabalho. No momento por enquanto, eu estava morando numa casa, que estava no inventário no centro de
Fortaleza, com uma moça, que nos conhecemos através de conhecidos em comum, pois estávamos no mesmo barco. Ela pelo menos,  já tinha o emprego, porém,  não o suficiente para pagar um aluguel. A família dela morava perto de onde estávamos, mas sem nenhum recuso financeiro. A  moça sempre procurava morar
com os amigos da nossa religião. E agora tinha ido para essa casa para não pagar aluguel, e fui convidada por ela. Seriamos como as "guardiãs" da mansão.
A casa era enorme, porém sem nenhuma mobília, fogão ali não tinha,
pois o combinado seria fazer as refeições fora de casa. No quintal, havia uma mangueira gigante e para ser bem sincera eu morria de medo. Meu Deus, como nós sofremos naquela casa. Certa vez, os proprietários deixaram cortar
a energia elétrica. Agora imagina, duas moças dormindo numa enorme casa, no centro de Fortaleza, com as luzes apagadas, usando somente uma vela para alumiar as nossas veredas. De repente, na calada da noite, ouvimos umbgrande estrondo: TRAAA! Meu Deus, alguém tentou entrar por cima e caiu,
pensou eu. Pois no andar superior, a cobertura era de vidro. Olhamos uma
para outra, com a claridade da vela, abrimos a porta do quarto devagarinho, subimos
a escada, fomos ver o que havia acontecido. Felizmente não era ladrão,
raças a Deus, era o telhado que tinha desabado e agora estávamos dormindo praticamente ao relento.
 
"Pra mim não há coisa melhor que deitar naqueles
bancos e ficar admirando o mar.''
                              Raimundo Nonato
 
Os dias se passavam e, consequentemente, o dinheiro acabava, e agora
sem luz e com o telhado aberto, o que eu ia fazer? A moça foi para antiga
casa onde morava, deixando somente alguns pertences para depois ir pegar.
E quanto a mim?
Acabara de lembrar, que no bairro Montese, uma conhecida estava
precisando de uma pessoa para tirar as férias da empregada. No mesmo dia, peguei o ônibus, chegando até a residência, recordo que fui muito bem recebida, e naquele mesmo dia, dei início ao trabalho.
Após o combinado, agora era hora de voltar a Sobral.
Retornando a Sobral, continuei à procura de novo emprego. Até renovei a ficha na Grendene S/A, mas como não tinha um contato fixo, pois como diz a música do Renato Russo 'já morei em tanta casa que nem me lembro", unca fui chamada e eu também acabei entrando noutro ramo. Lembra que
fiz curso de cabeleireira? Pois agora era a hora de começar uma nova etapa; fui ate o salão "Helena e Linda", aqui mesmo em Sobral, ofereci-me para trabalhar com a equipe, fiz o teste e passei. Meu maior desafio agora era ser aceita pelas clientes, que estavam acostumadas com os antigos funcionários. Eu estava sem dinheiro e precisava me sustentar. Na época, o salão estava meio parado, sem clientes. E de  uma hora para outra, recebi uma ligação da cabeleireira Mirane, que por indicação, convidou-me para fazer parte da equipe dela.
A irmã da Mirane, de nome Kely, que era sócia do salão, estava grávida,
logo iria se ausentar por um bom período. Aceitei, e aos poucos fui ganhando espaço. Tenho fortes lembranças das primeiras clientes que atendi, que
depois tinham preferência pelo meu trabalho. Uma delas era a Sra. Luciana
Carvalho Arruda Barreto, filha da ilustríssima dona Maria do Carmo,  pessoa maravilhosa; embora não esteja mais entre nós,
mas continuo tendo ótimas lembranças da sua pessoa.
Vale ressaltar que,  após abrir o meu próprio salão de cabeleireira, a sra.
Luciana indicou meus serviços para suas irmãs, entre elas, a Maria, Ana Paula,
Hilda, e, posteriormente, algumas das suas cunhadas, entre elas, a sra. Isolda
Cela, que na  época, era a primeira-dama de Sobral e Vice-Governadora do Estado do Ceará, continuando Vice até a data de hoje. Embora tenha fechado
há algum tempo as portas do salão, continuo vez por outra arrumando
o cabelo de algumas delas.

Só saberemos se
determinada época
foi boal quando
passamos a sentir
saudades, porque
recordar é viver
o passado no
nosso presente.''

Passei um bom tempo trabalhando para terceiros e realizando atendimentos
domiciliares, aqui em Sobral e em Fortaleza. Estava com uma boa
clientela, porém nunca me senti a "expert", pois cada dia sentia a necessidade de aprender mais, com o objetivo de oferecer o meu melhor aos clientes.
Na época que comecei a ganhar um dinheiro, viajei à Itália para assistir a um evento mundial, à Feira de Bologna (Cosmoprof) e, no ano seguinte, fui à Feira de
Beleza em São Paulo. Sempre que as marcas de produtos, como Senscience,
Schwarzkopf, Alfaparf, Wella, entre outras, realizavam curso ou workshop, eu procurava dar um jeito de me ausentar do salão para participar. Até hoje os
produtos de beleza que mais gosto e uso são: Alfaparf, Schwarzkopf e Senscience.
Também uso Seda, principalmente se tiver óleo de coco na composição.
Quando foi para abrir meu próprio negócio na área capilar, o dinheiro
que eu tinha na mão era apenas quinhentos reais. De cara fui barrada, pois para alugar a casa que ficava localizada à rua Coronel Mont' Alverne, no centro, embora a casa não fosse lá grandes coisas, a proprietária exigiu um iador, só alugava com ca
fiador.
Imagina fiador e agora quem era que queria ser fiador de uma pessoa
que tinha apenas 500 reais no bolso?
Graças a Deus e a uma
família que tenho maior respeito.
Foram eles, Aglair e Washington,
os pais da dra. Lia. Quando
me mudei para casa, nem
fogão tinha, imagina geladeira.
Você lembra do terreno que
meu pai havia deixado para
cada um dos filhos? Sem querer
acabei descobrindo. Havia
um terreno do meu pai vizinho
à casa do meu irmão mais
novo, o Francisco de Assis.
Interroguei a minha
mãe, se meu pai não havia  deixado
nada para mim, ela respondeu que sim, que o terreno vizinho à casa do
Francisco era meu. Fiquei alegre por saber que meu pai realmente se preocupava comigo e com meu irmão Nonato, não só em palavras, como havia falado comigo na última visita no hospital. Mas ao mesmo tempo indignada por não ter sido avisada antes. Agora consigo ver com outros olhos, que realmente tudo tem seu tempo. Estava com um terreno na mão, que hoje está bem localizado, porém não tinha fogão. Acredite se quiser, troquei o meu terreno
por um fogão. Lembra do tempo em que eu trabalhava em casa de família
em Fortaleza? Naquele período, consegui fazer um título de capitalização na Caixa Econômica da Av. Dom Luís, ao resgatar a quantia depositada, comprei vários eletrodomésticos para casa da minha mãe. Dessa forma ela ficou com
dois fogões.bDepois de alguns meses da minha vinda a Sobral, decidimos trocar o fogão seminovo pelo terreno. Ela conseguiu vendê-lo rapidinho. Agora eu tinha onde cozinhar.
Os atendimentos só aumentavam, aos poucos fui conseguindo comprar
além de npvos produtos para incluir procedimentos químicos, a mobília
do salão.
Dois anos depois, resolvi mudar o salão para um ponto comercial onde
tivesse mais visibil idade. O novo endereço agora é na Av. Dr. Arimatéia Monte e Silva, mais conhecida como Av. do Contorno.
Imagina, logo eu que sempre passava com minha irmã, sonhando em trabalhar em um daqueles salões de beleza, agora ali, no meu próprio. Realmente foi uma grande conquista; para quem começou praticamente com a caução do aluguel, né?I Agora fazíamos parte de um grupo de cinco, que era composto por manicura
cabeleireira, escovista e eu, que atuava como cabeleireira
e maquiadora. Modéstia à parte, maquiava muito bem.
Passamos um bom tempo na Av. do Contorno, até eu despertar que
deveria voltar a estudar. Ora, mudando para uma casa, seria mais conveniente para quem deseja se dedicar a outra atividade, assim eu meditava. O cansaço começara a tomar conta de mim. Foi quando que para cortar caminho, saí da
Av. do Contorno e entrei na direção da quadra da tia Edite, e logo avistei um
sobrado recém-construído com a placa "Aluga". De repente senti uma grande euforia. Chegando no destino, falei sobre o sobrado para a minha eterna professora Rosilene, que me escutou silenciosamente, depois falou, você  tem a sua  opinião formada". Tomamos nosso chá da tarde, como era de costume, às vezes chá, outras vezes café, mas sempre tinha algo para me oferecer ...
Lembro que fiquei muito interessada pelo sobrado. No dia seguinte fui
pedir a chave para dar uma olhada e ter uma ideia se daria certo colocar o
salão e fixar moradia. Porque com o salão no ponto comercial, eu morava no bairro vizinho, sem falar que pagava dois aluguéis. Confesso que de cara fiquei apaixonada pela casa, o problema era a rua ser escondida demais, pois temia a clientela se afastar. Quem vive de comércio, acredito que entenda a minha
preocupação muito bem.

Opa! Se Cochilar,  o Chapéu Voa...Onde histórias criam vida. Descubra agora