No período de aproximadamente um mês, consegui alugar o que passaria
ser também minha toco. No mesmo mês de fazer a mudança de casas,
eu estava de passagem comprada para assistir a Feira de Bologna, na Itália,
comentado aqui com você. Com antecedência, avisei ao máximo de clientes sobre a mudança e minha ausência de quinze dias do salão, acrescentei que deixaria a manicura e a escovista.
Chego na Itália, depois de muitas horas de voo, claro morta de cansada,
saímos para jantar. E para falar a verdade que jantar, parecia até que eu estava num filme, com músicas ao vivo e tudo que eu tinha direito. Na "minha" mesa estava o Neto, cabeleireiro em Fortaleza, que vinha a Sobral, uma vez por mês fazer o cabelo de algumas socialites. Tenho a forte lembrança de como ele me fazia perguntas, e eu sempre o respondia à altura. Lembro que não ficamos amigos e nem inimigos, simplesmente dividimos a mesa do restaurante.
No dia seguinte, fomos fazer um tour na cidade de Roma, confesso que
meu foco era visitar Firenze, devido ao filme "Enquanto você dormia", de 1995, com Sandra Bullock, que interpretava a Lucy Eleanor. Não tenho palavras para descrever Roma, fiquei encantada! Visitamos a Capela Cistina no Vaticano, entre
outros pontos turísticos como o Coliseu. Enfim, passamos aproximadamente onze dias entre feira e passeios, que no total entre Roma, Firenze, Rimini,
Bologna e Milão; foram cinco cidades visitadas de forma apressada (risos).
Estava na época da Páscoa, e logo chegaria o dia da celebração anual da
morte de Jesus Cristo. Lembro que fiquei muito ansiosa para a celebração, e com a ajuda do nosso guia turístico peguei o endereço do Salão do Reino mais próximo do hotel onde estava hospedada. Chegando ao destino, de imediato não achei o local. Confesso que fiquei preocupada e um pouco amedrontada, pois estava sem celular e não tinha ideia de como voltaria para o hotel. De repente avistei um casal muito parecido com o modo de se adornar das Testemunhas de Jeová. Aproximei-me e perguntei se eles sabiam onde
ficava o Salão do Reino, eles responderam que também estavam à procura. Tive a iniciativa de entrar numa viela e perguntar a um rapaz que estava por perto; ele não me entendeu, porque não falava inglês e sim italiano. No improviso, consegui me comunicar, e o que entendemos foi que estávamos na calçada do local, e que uma reunião tinha acabado de começar e faltava mais ou menos uma hora para começar a outra.
O problema de não encontrar de imediato o local informado, era a falta
de placas. Nesse Salão do Reino se reuniam três congregações, para minha felicidade ficamos na inglesa. Ah, você deve estar se perguntando como aprendi a falar inglês, né?! Pois sim, assim que abri meu primeiro salão no centro, me matriculei no Yázigi Sobral, conclui o básico, fiz também no Centro de Línguas
Estrangeiras de Sobral. Hoje falo e entendo o suficiente para não me perder.
Estrangeiras de Sobral. Hoje falo e entendo o suficiente para não me perder.
Enquanto a reunião não começava, o
casal me convidou para
tomarmos um café, nessas
cafeterias de Milão,
com sobreiros na calçada,
tão surreal. O casal de
irmãos parecia que tinha
sido enviado por Jeová
Deus, sério, podia ver em
seus olhos, eles foram
tão gentis e companheiros comigo. Depois que a nossa reunião terminou, eles rapidamente se informaram com os irmãos da congregação, qual seria o melhor modo de chegar ao hotel, com o objetivo de me levar de volta. Vale ressaltar que eles estavam em Milão, com o mesmo objetivo que o meu, trabalhavam com cabelo e participavam da Feira. Eles
são canadenses e hoje moram nos Estados Unidos. Até hoje, vez por outra, batemos papos.
Logo estava de volta a Sobral, minha Princesa do Norte, como é conhecida,
era aqui que eu precisava estar para dar continuidade ao que havia
começado. E principalmente para atender a clientela que me esperava para eu contar as novidades da Feira e praticar o que havia aprendido de novo. Depois de alguns anos no sobrado, decidi realmente voltar a estudar, eu precisava de um transporte. Financiei um Ford zero na concessionária, habilitei- me na categoria B. Passei praticamente os quatro anos da faculdade com o carro, e no final dos estágios supervisionados, tive que devolver à financiadora por não ter mais condições de pagar. Teria que escolher entre o carro
e a minha pós-graduação. A vida realmente é feita de escolhas. Consegue imaginar qual foi a minha escolha? Claro, a minha pós-graduação. Até hoje minha
mãe tem vontade que eu compre um automóvel. Calculando bem, hoje temos o metrô, mototáxi, Uber, ah! Existem tantos meios de nos locomovermos que abro mão do aperreio e responsabilidades com encargos no começo de ano, e sem falar no preço da gasolina. Quando realmente sinto a necessidade de
um transporte, vou à locadora, é mais cômodo e prático.
Na época da conclusão do curso de Serviço Social, foi uma das fases
em que mais me entristeci; sim, triste devido à preocupação, ansiedade de
estar aos poucos abrindo mão de coisas que não foi nem um pouco fácil conseguir.
A clientela começava a se afastar, por me procurar no salão e eu estar
realizando outras tarefas corno estágios, trabalhos voluntários, ou seja, resolvendo questões ligadas ao trabalho de conclusão de curso.
O que seria de mim se porventura não conseguisse o tão sonhado emprego,
e com a idade em que me encontrava ...
Aproximando-se do dia da formatura, uma das coisas que me deixou
mais preocupa·da e desanimada, foi a falta do meu pai para entrar comigo.
Ouvia as minhas colegas comentar sobre os preparativos da família para formatura, isso e aquilo, às vezes nem eu entendia o porquê desses sentimentos inquietantes.
Havia passado por tantos momentos
desafiadores e os superados, mas sabe aquele sentimento de não pertencimento? Era mais forte que eu, estava me sentindo deslocada,
fora do ninho, tudo era muito novo,
e por isso a preocupação de me adequar ao novo estilo de vida.
Todos os meus trabalhos até então tinham sido braçais. Certo que trabalhar com cabelo de certa forma é desafiador, pois em muitos casos o cliente nem está precisando
daquela mudança estética, procura o profissional do cabelo com o objetivo de conversar, desabafar; nesse sentido, o cabeleireiro passa a ser também o confidente do
cliente.
Durante esses anos trabalhando com cabelo, pude observar que o
profissional além das suas habilidades, precisa ter uma ótima escuta; sempre evitar o achismo. Ao invés de julgar ou ter atitudes preconceituosas, procurar
se colocar no lugar do outro.
Ainda na apresentação do meu TCC, tentei persuadir novamente a
minha mãe em assistir à colação de grau, no Centro de Convenções de Sobral, ela rapidamente respondeu que "isso não", e ficou se lamentando sobre a roupa (risos). Não insisti, pois conheço muito bem a mãe que tenho, e pelo fato dela ter se deslocado até a UNOPAR, já foi uma grande conquista.
Resumindo, sobre o meu Trabalho de Conclusão de Curso, no total tirei nota
máxima, ou seja, um dez.
Aproximado o dia da colação de grau, eu estava tão desanimada que a
única coisa que fiz foi alugar a beca. Atrás da minha casa morava uma colega
da faculdade, a Janaina Feijão, de repente me procurou para saber sobre os meus preparativos, como vestido, maquiagem, etc. Lembro bem que tinha um vestido separado para usar no dia, mas pelo que ela falou, percebi que o evento era mais chique do que imaginava. Fiquei preocupada, estava em cima da hora.
Há uma semana atrás havia experimentado o vestido de festa da Camila, filha da dona Francisca, senhora que me alugava a casa, foi com esse mesmo que me adornei. O meu irmão, Francisco de Assis,
mais novo, entrou comigo. Ele chegou
atrasado, fiquei esperando por ele do lado de fora da sala do evento; aliás, nesse dia todos os meus convidados resolveram se atrasar. Lembro que dos meus convidados, com exceção do meu irmão, estavam presentes:
o Valdecir Morais com a sua esposa
Silvana e a filha do casal, a Dávila; Alan, Emanuela e Larissa Mont'Alverne. As minhas
irmãs, Ana e Carminha, não comparecerama o evento por motivos justificados.
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Opa! Se Cochilar, o Chapéu Voa...
De TodoEste livro relata a história de vida de uma batalhadora igual a milhões de brasileiros. A menina Maria saiu de casa aos sete anos de idade com objetivo de trabalhar em casa de família em Sobral, CE. Trabalho eque utilizou a Educação como impulso par...