Manjiro e Sayuri (cap 13)

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Nós estávamos sozinhos dentro da casa. Kokonoi havia saído e Sanzu e os irmãos Haitani voltado para seus apartamentos.
As empregadas estavam todas em um dia de folga, exceto Mei.

— Mei. Você pode ir por hoje. — Manjiro ordenou, sentado enquanto almoçava ao meu lado.

— Obrigada... — Mei agradeceu confusa me servindo com a refeição.

"Ótimo. Mais um dia desagradável." — Pensei.

Depois das ordens de Manjiro, Mei lavou as louças do almoço e foi embora como o ordenado.

Manjiro parecia calmo e suave aquele momento.

— Sinto muito pelo que houve ontem. — Manjiro desculpava-se evitando contato visual.

Meus olhos eram tomados pela surpresa. Jamais esperei que Manjiro se desculpasse, ou ao menos tentasse ser menos imbecil.

Seu ego sempre dominou seus olhos frios. Ele sempre pareceu orgulhoso e seguro sobre o que faz, seu jeito estúpido de agir, não aparenta ser do tipo que correria atrás do perdão de alguém.

— Tudo bem... — Respondi sem ao menos pensar com clareza.

Tudo bem Sayuri? Ele bateu duas vezes em seu rosto, e você diz que está tudo bem? — Meus próprios pensamentos me julgavam.

Um sentimento de insatisfação era mais que presente. estar presa em um lugar de onde nunca quis estar. Isso me impede de ser clara as vezes, onde estou com a cabeça?

Apesar dele parecer se esforçar minimamente para que eu o desculpasse, eu  não quero o aceitar, isso não vai ser tão fácil. Mas as vezes ele parecia tão empenhado em algumas coisas.

Manjiro, seus olhos negros entregam tristeza e muito ressentimento, eu não faço idéia do que te transformou nisso.  Acredito que nenhum de nós escolhemos como vamos ser, alguém o transformou naquilo, mas o que o deixou tão abalado ao ponto de você se achar no poder de tudo?

Seus olhos cansados me olharam e logo seu corpo se levantou daquela cadeira. Nós estávamos sozinhos, mas porque você quis ficar apenas comigo naquela casa? Eu não confio em você.

Vejo você caminhar até a sua piscina e ficar por horas lá observando seu jardim, aquilo é sua paz? Você parece inofensivo as vezes, sua aura é como a de um anjo quando você está calmo. Mas porque será que eu te vejo assim?

Seus corpo magro está exposto a luz do sol e seus cabelos platinados balançam ao vento. Eu apenas o observo daquela sala, e eu presumo que você já tenha percebido isso. Porque estamos tão calmos se estamos sozinhos? Eu deveria estar temendo você, mas Manjiro, você não parece querer me machucar. Você é estranho e imprevisível.

É difícil pensar como meu primeiro beijo foi com um criminoso, você me beija sempre que quer, nós não somos nada concreto um do outro. Pra você eu sou um simples objeto que como você mesmo já disse. O que será que te faz pensar isso? Eu gostaria muito de te perguntar algum dia.

— Sayuri. — Manjiro me chamou sentado na borda da piscina.

— Quê? — Rapidamente o respondi.

— Fique aqui comigo. — Pediu Manjiro de costas para mim.

Levantei da cadeira e logo caminhei até a porta, indo ao seu encontro.
A pele dos meus pés tocavam o chão aquecido pelos raios do sol, eu continuei caminhando até ele.

Me sentei ao seu lado e pus os pés sobre a água, seus olhos assim como os meus, eram fixos no jardim. Nós nos perdíamos em pensamentos vagos, e o silêncio tomava conta dos nossos ouvidos.

Mortal Debt - Manjiro Sano (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora