Punições (cap 10)

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Nesta manhã essa mansão parecia mais calma e fria. Após descer as escadas indo para a cozinha meus olhos não avistaram nenhum dos homens na sala ou em qualquer cômodo, tudo estava tão calmo.

Por que está tudo tão parado assim? — Pensei.

Caminhei até o balcão da cozinha e olhei pelas vidraças da casa. Haviam dois carros  estacionados em frente da mansão, mas não tinha ninguém onde eu pudesse ver.

Ao redor não havia ninguém além dos meus reflexos sobre os vidros junto ao gato que estava junto a mim.

— Que estranho. — Murmurei.

— Bom dia senhora. — Uma das empregadas me cumprimentou vindo de dentro do banheiro da sala.

— Bom dia. O que está acontecendo? — Perguntei confusa.

— Uma reunião eu acho. O chefe exigiu que ninguém o interrompesse ou fosse ao escritório enquanto ele não saísse de lá.

— Sei. — Me sentei à mesa.

— Irei chamar a Mei para servi-la. — Disse Elizabeth caminhando em direção a sala de estar.

Nunca ouvi uma reunião tão silenciosa — Pensei. — Tudo que podia ser ouvido eram os sons de alguns móveis da casa.

Caminhei em direção ao armário e peguei uma xícara me servindo com um pouco de café. Mei vinha em direção a mim com um prato em suas mãos.

— Bom dia Mei! — Sorri suavemente.

— Bom dia Senhora.  — Respondeu Mei com um sorriso gentil.

— Mei, de quem são os carros lá fora? — Perguntei.

— Não sei muito sobre isso, me desculpe.
O senhor Manjiro me pediu para servi-la quando acordasse e depois que comece a senhora subisse de volta para o seu quarto. — Respondeu Mei caminhando até o fogão para preparar algo para mim.

— Por que tanta baboseira hoje?

— Não sei o porquê das exigências dele. Mas essas foram suas ordens.

—  A esquisitice dele só me surpreende.— Falei baixo tomando um gole de café.

Mei preparou meu café da manhã, me servindo com panquecas e logo me servi dividindo um pouco com Yato. Deixei meu celular encima da mesa enquanto comia para que eu terminasse mais rápido.

— Obrigada Mei. — Sorri levantando. Após tomar meu café da manhã caminhei até a pia para levar meu prato até lá.

Subi em direção ao meu quarto e levei Yato comigo. Fui direto para um banho quente, sempre é muito bom para distrair a cabeça.

Meus olhos escanearam minha própria pele, eu podia ver cada cicatriz que havia sido dada a ela. Meus braços tinham cicatrizes por todos os lados, por conta das agressões que sofri de meu pai enquanto ele ainda era vivo. Suspirei enquanto lembrava das maldades que ele havia feito comigo quando estava bêbado. Aquilo só me fazia pensar sobre tudo que eu poderia ter feito para não entrar naquela vida.

Que ridículo. — Meus olhos se encheram de lágrimas.

Meus braços envolviam meu próprio corpo e minhas costas se curvaram suavemente como forma de auto conforto. Meus olhos escorriam águas salgadas tomadas pela tristeza e pelo amargor dos meus pensamentos.

Afundei minha cabeça por alguns segundos dentro da banheira para disfarçar a tristeza junto a água que envolvia meu corpo. Meus olhos se mantinham fechados e minha mente pesada por lembranças maldosas.

— O que está fazendo? — Uma voz abafada me perguntava.

Meus olhos se abriam lentamente debaixo da água e se arregalaram. Por curtos milésimos de segundo eu via minha falecida mãe em pé à minha frente. Minha cabeça retornou a superfície e eu recuperei meu ar. Meu coração era acelerado e um aperto no meu peito era presente. Meus olhos procuravam por ela, mas não pude vê-la mais. Foi tudo tão rápido. Tão breve e cansativo.

Mortal Debt - Manjiro Sano (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora