📡 | Guerra é guerra, milady

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Capítulo contém cenas que podem causar gatilho em algumas pessoas como abuso e agressão física

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Capítulo contém cenas que podem causar gatilho em algumas pessoas como abuso e agressão física. Estejam avisados e tomem cuidado.

 Estejam avisados e tomem cuidado

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Aurora Manson

   — Deita aqui do meu lado — pedi, me deitando no gramado e Jeon analisou meu pedido, antes de obedecer e ficar ao meu lado. — Observe as nuvens, dizem que se você observar com atenção elas tem formato de animaizinhos. Tenta. — Jungkook concordou e olhou para o céu, diferentemente de mim, ele não se incomodava com a claridade.

   Metido.

   — Parece um coelho. — Apontou para cima e eu tentei enxergar com atenção, até encontrar o que ele dizia.

   — É verdade, olha aquela, parece um cachorro — falei, apontando para a outra.

   Já fazia uma semana desde que eu havia tentado aprender a fazer as coisas. Me sentia idiota por não conseguir fazer coisas simples como colocar sua comida em um prato ou tomar banho e se vestir. Não devia ser tão difícil!

   — Vamos pra dentro? Sophie falou que estava fazendo torta e está chegando a hora de você comer — comentou, depois de passarem longos minutos observando o céu. — Venha, milady — pediu, estendendo a mão, depois de se levantar e me ajudou a fazer o mesmo.

   — Que bom que chegaram, acabei de tirar o doce do forno — falou, colocando a torta na pia e e eu sorri com o cheiro gostoso.

   — É uma pena que não pode provar os doces de Sophie, Jun. Eles são os melhores — comentei e ele apenas sorriu a minha declaração.

   Os pais da loira haviam ido ao mercado e Jeon serviu a sobremesa para eu comer. No entanto, havia algo de estranho, assim que provei da minha garfada. Uma torta não deveria me fazer ficar com tanto sono. Eu ouvi um estrondo, mas não consegui virar a cabeça para ver o que era, só senti meu corpo ser levantado por Jungkook que estava desesperado para me tirar do local, então... eu apaguei.

   Meu olhos piscaram com força e eu tentei me acostumar com a visão, eu estava deitada em uma cama confortável. Eu me virei e Jungkook estava parado na posição que costumava ficar para receber ordens.

   — Jungkook? O que aconteceu?

   — A pomba está desperta — comunicou a alguém que eu não percebi que estava no quarto e meus olhos se arregalaram ao ver Florian me encarando como se tivesse acabado de receber um prêmio dos grandes.

   — Olá, Aurora. Como você está? Espero que sua estadia no sul tenha sido do seu agrado. Como pode perceber, Jungkook agora não está mais nos seus comandos e sim, nos meus.

   — JUNGKOOK NÃO PERTENCE A NINGUÉM. — Quando eu tentei me levantar para atacar o pescoço dele, o android colocou seu braço no meu pescoço, me impedindo de mexer. — O que você fez com ele?

   — Apaguei as memórias dele e coloquei um novo protocolo de missão: me obedecer. Mantenha ela parada, B-938 — disse ao Jeon que acenou com a cabeça. — Seu pai era um tolo. Usou uma arma de guerra pra ser babá de sua filhinha mimada.

   — Meu pai era um homem bom.

   — Homens bons são homens mortos. — Meu maxilar trincou e eu quis socar a cara dele. — Enquanto você estava desacordada, graças aos apelos de Sophie, eu nos casei e consolidei o patrimônio.

   — Consolidou?

   — Acho que sabe o que significa. — Meu coração se apertou. — Sua amiga conhece ervas pra apagá-la rapidinho, dormiu por semanas. — Ele se levantou, mostrando que estava de roupão e só naquele instante que eu percebi que estava nua.

   Só naquele instante, eu percebi que minhas pernas doíam.

   Só naquele instante, eu percebi que estava sangrando.

   Eu confiei em Sophie. Confiei que ela nos ajudaria. Confiei que ela nos protegeria. Confiei que ela nos apoiaria. Então, ela nos entregou tão fácil. Como se fôssemos estúpidos. Como se eu fosse estúpida. Como se Jungkook fosse estúpido. Ela destruiu a minha honra. Ela me humilhou de formas inimagináveis.

   E ela pagaria por isso.

   Eu a faria pagar.

   — Arrume as coisas dela e traga-a para mim no salão principal — ordenou e deixou o quarto.

   — Jungkook... — Ele me ignorou e foi até o armário, pegando algumas roupas e voltou até onde eu estava, agarrando meu braço e me colocando de pé, o que não deu certo, porque eu estava dolorida e eu acabei perdendo a força das pernas.

   — Eu não tenho tempo para suas desobediências — reclamou, me colocando de pé e eu me agarrei na parede para me manter daquele modo.

   Sua voz não parecia como a da primeira vez que ele me disse isso.

   — Tenho ordens pra te bater, se não me obedecer. — Ele agarrou o meu cabelo, o puxando para trás e eu fechei os olhos com força, segurando as minhas lágrimas. — Fui claro?

   — Sim. — Ele não era o meu Jungkook. Esse android na minha frente, era apenas uma máquina de guerra. Seja lá o que aconteceu, ele não era mais meu. Mas eu o faria voltar.

   Eu o faria voltar para mim.

   — Ela está aqui, senhor — comunicou, quando eu cheguei na frente do salão principal.

   Esse lugar não parecia nada com a minha casa. A minha antiga casa. Esse lugar parecia bem mais escuro e assustador. Eu não reconhecia mais aquele lugar como o lugar em que eu morei. O lugar que eu acordava todas as manhãs.

   — Acho que reconhece minha querida Sophie, a garota que te trouxe para mim — falou, apontando para o seu lado e eu a vi.

   Seus cabelos loiros, antes desgrenhados, agora estavam arrumados e enrolados apenas nas pontas, havia uma tiara de testa em sua cabeça e um vestido vermelho quente e clássico. Eu tentei atacá-la, mas o android atrás de mim, me segurou pelo braço e me jogou no chão.

   — Jungkook... Por favor... — implorei, fraca pela dor, tentando fazer ele se lembrar, mas seus olhos estavam frios e impassíveis. — Lembre de mim. Sou eu... Aurora. Sua lady, o cervo — balbuciei, tentando lembrá-lo do meu apelido, mas não identifiquei reações.

   — B-938 — chamou, Florian e Jeon obedeceu, virando o pescoço para olhá-lo. — Leve a garota ao calabouço e fique de olho nela — mandou e eu não achei que ele obedeceria, mas ele obedeceu. Ele me puxou pelo braço e eu finquei meus pés no chão, tentando me manter parada.

   — Jungkook, por favor. Olha pra mim! Olha pra mim! — implorei, mas tudo que o android fez foi me colocar por cima do ombro e andar para longe. — O QUE VOCÊ FEZ COM ELE? — gritei para o novo lorde do norte e as lágrimas escaparam de meus olhos, o que também não abalou Jungkook.

   Ele me jogou em uma das celas e se virou de costas, ficando de frente para a porta do calabouço, não olhando para mim. Eu me sentei perto da parede e  cruzei os braços, assustada e com frio. Aqui embaixo é  gelado. Eu queria que ele me olhasse, mas ele ao menos parecia interessado em falar comigo.

   Não havia nada em seu olhar. Não havia compaixão. Não havia amor. Não havia preocupação. Não havia o meu precioso Jungkook. Não havia o homem (sim, o homem!) que me fez sentir amor pela primeira vez. Não havia aquele por quem eu me apaixonei.

E eu o quero de volta!

NÃO ESTÁ NO MEU PROTOCOLO || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora