Capítulo Sete

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Droga, droga, droga. Na hora eu não sabia o que fazer. Chris confiou em mim quando eu disse que devolveria o dinheiro tal dia e eu não devolvi, então ele disse que ia atrás de mim na semana seguinte, mas foi no mesmo dia em que disse aquilo.

- Droga. Tenho que sair daqui o mais rápido possível. - Disse indo para o quarto de Ashley pegar minhas coisas.

- Onde você vai ficar? - Perguntou Ashley entrando em seu quarto também.

- Eu não sei, cara. Tenho doze anos de idade e olha o que está acontecendo comigo... São três anos acontecendo merda comigo. Então eu não sei de mais nada. - Olhei nos olhos dela colocando minha mochila nas costas. - Você foi a melhor amiga que eu já tive. Nunca se esqueça disso, e eu nunca vou esquecer de você. - Dei um beijo na cabeça dela e saí do quarto em direção a meu irmão, Kyler.

- Vou te levar para um local. - Falou Kyler num tom de voz seguro.

Balancei a cabeça aceitando a proposta dele. Saí da casa de Ashley e escutei ela falando:

- Promete que vai me mandar mensagens?

Me virei em direção a ela olhando no fundo de seus olhos. - Se der, com certeza. - E segui meu rumo.

Tempo depois eu e Kyler estávamos no meio de um milharal. Eu sempre odiei milharal pois nunca dava certo em filmes de terror, minha vida não era um filme, mas era um terror total. Só doze anos de idade e olha só o que estava acontecendo comigo... A quatro anos hein. Uau.

Meia hora depois a gente encontrou uma pequena casa de campo, mas num milharal.

- É aqui que vamos nos esconder. Aqui não pega sinal algum de celular, então não vão conseguir te rastrear com seu chip fora do ar. - Disse Kyler.

- E como vamos entrar aqui? Sei que você não tem a chave.

- Eu sei. Mas a casa não é de ninguém. Então vamos arrombar.

E assim foi feito. Não quebramos muita coisa, só o necessário para que a gente conseguisse entrar. E se a gente sentir fome? Quanto tempo vamos ficar aqui? Não era melhor só deixar o chip aqui e ir embora pra outro lugar? Essas perguntas ficavam rodando na minha cabeça o tempo todo.

- Vamos ficar aqui quanto tempo? - Perguntei para meu irmão, deixando minha mochila em cima da primeira mesa que achei.

- Eu, hoje mesmo saio daqui. Você já não sei.

- O que quer dizer com isso?... Qual o motivo de você me deixar aqui?...

- Estarem procurando você e não a mim, serve?

Droga, pior que ele estava completamente certo. Bom, não vou criar pânico agora. Na verdade já crio desde os meus oito anos de idade... Saudades da minha mãe. Eu não estaria passando por nada desse tipo agora. Estaria provavelmente brincando com Ashley sem me preocupar com nada.

- Olha, Dylan... Espero que me perdoe por isso... - Vi meu irmão sentar na cadeira de cabeça baixa.

- An... O que houve? - Perguntei sem entender.

- Ah, mas demora demais para falar, está louco. Nunca vi tanta viadagem vindo de um homem que se diz hétero. - Olhei para o lado e vi Chris entrando na sala com um homem mais alto que ele, provavelmente seu irmão.

- E aí, amiguinho? - Falou Chris, com um sorriso de pessoa demoníaca. - Eu disse que te encontraria.

- Claro, sem teu irmãozinho tu não faz nada...

- Olha aqui, tu não está no seu local de fala. Se o teu irmão é bunda mole e não fala, eu falo. - Chris se aproximou de mim. - Teu irmão trouxe a gente aqui antes de ir te buscar. Aposto que ele foi bem convincente contigo.

- Por que?... - Perguntei para Kyler sem acreditar. Mas ele continuou de cabeça baixa.

- Bom, eu respondo isso. - Começou a falar o irmão de Chris. - Conheci esse covarde lá onde a gente mora. Fizemos amizade e ele começou a me dever dinheiro. Igualzinho você fez com Chris, deve ser de irmão, isso. Enfim, ele me pagou, mas foi do meu jeito. Entreguei uma pequena arma para ele e pedi para ele fazer um trabalho. Um bem feito. Em uma escola. Na sua escola. Mas isso já faz uns quatro anos, se não me perdi no tempo.

- Eu não acredito... Você matou a minha mãe, Kyler. A MINHA MÃE. - Comecei a gritar me levantando da cadeira em que eu estava.

- A NOSSA MÃE. - Kyler fez o mesmo que eu. - A nossa mãe, Dylan. Eu tive que fazer isso.

- Qual o motivo? Se ela não morresse, você morreria? PORQUÊ VOCÊ NÃO DECIDIU MORRER?

- Eu disse que ele era bunda mole. - Disse Chris.

- E você, cala sua boca, seu merda. - Fui pra cima de Chris mas o irmão dele me empurrou, e meu irmão empurrou ele.

Irmão de Chris sacou uma arma e começou a falar:

- Essa porra do seu irmão, Dylan. Começou a me dever de novo, e ele me pagou te trazendo até a gente. E agora você, como você vai resolver com Chris?

- Eu te odeio, Kyler. Do fundo da minha alma. - Disse olhando no fundo dos olhos dele.

- Se você não focar aqui, a arma vai focar em você igual fez com a sua mãe, aí sua alma vai ficar vagando por aí. - Essa frase dita por Chris, me fez voltar a atenção para eles. - Como vai resolver isso aí? Se tivesse o dinheiro, já teria me pagado. Ou vai querer pagar com trabalho sujo assim também? Esquecemos de falar, o massacre no seu antigo orfanato também foi feito pelo seu irmãozinho querido.

- Querido é meu pau.

E o silêncio prevaleceu por um bom tempo com todo mundo olhando para o outro esperando um "e agora?".
Eu não sabia distinguir se estava com raiva, com medo, ou só com vontade de matar os três mesmo.
Mas então, Chris teve uma ideia e começou a falar:

- Já sei como pode me pagar, se não vai ser com dinheiro. Vai ser com sua vida... Ou... - Ele parou e olhou para meu irmão Kyler. - Ou com a vida da vadia da sua amiguinha. - E voltou a atenção para mim.

- Eu gostei disso. - Comentou o irmão de Chris.

- Pago com a minha então. - Respondi.

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