Mas é claro que voltei atrás, não pagaria com a minha vida, e nem com a de Ashley. Eu simplesmente consegui fugir quando Chris e seu irmão não estavam olhando. Kyler chegou a me mostrar o melhor caminho que dá na estrada mais rápido e assim o fiz.
Cheguei na estrada em meia hora mais ou menos, nesse meio tempo, com certeza Chris já notara que eu não estava mais lá e provavelmente ele ou seu irmão estariam a minha procura... Ou os dois juntos.Desidratado, fraco, com fome, andando por duas horas, duas infinitas horas até conseguir chegar em um posto de gasolina. Estava entrando pela porta da loja de conveniência, até que me lembrei que minha mochila estava lá na casa. Então estava zerado de dinheiro.
- Oi, moça. Será que eu podia usar o telefone um instante? Preciso ligar para minha amiga. - Falei assim que passei pela porta.
- Claro, está aqui. - Disse a moça me entregando o telefone.
Assim que liguei para Ashley, ela atendeu bem rápido a ligação. Falamos por um tempo, expliquei para ela o que aconteceu e contei onde eu estava. Em seguida ela me disse que estava indo me buscar com seu pai.
Depois de um tempo eu percebi que não poderia continuar alí por mais tempo, é o único lugar onde eu realmente iria estar, então seria o primeiro lugar onde os dois irmãos passariam para me procurar... Porque aqui já é caminho para a cidade. Dúvidas vão, dúvidas vem, não sabia se continuava alí ou não.
Para a minha sorte, Ashley e seu pai chegaram alí bem mais rápido do que eu havia imaginado. Sem pensar muito pulei para dentro do carro e saímos de lá em direção a cidade.- Cadê seu celular, Dylan? - Perguntou Ashley preocupada.
- Ah, está aqui comigo. Não te liguei com ele porque tive que me livrar do meu chip.
Tempo ia, tempo vinha até que chegamos na casa de Ashley. Eu sabia que eu não ia ficar alí, não por eles não quererem, tanto é que me levaram para lá, mas eu não ia arriscar a vida da minha amiga... E a da família dela também.
- Eu não posso ficar aqui. - Disse assim que entrei na casa.
- Você não tem para onde ir, Dylan. Tem onze anos e está fugindo de alguém que também deve ter onze anos. Não vai ter onde ficar... A não ser que volte para algum orfanato. - Ashley falou relutante.
- Não, essa idéia foi péssima. Tem mais pessoas lá do que aqui.
- Então é isso que está te importando? As pessoas? E não eu na sua vida? O orfanato tem segurança, garoto. Se entrarem lá para te fazer algo, o mínimo que o pessoal de lá vai fazer é chamar a polícia.
Ashley e eu entramos em seu quarto para ver o que a gente podia fazer.
- Talvez eu volte para a casa do Kyler, eles não imaginariam que eu fosse para lá tão cedo. - Disse me sentando na cama.
- Não. Você e seu "amigo" tem amizades em comum lá, certeza. Se te virem lá, vão falar pra ele aqui. E é muito dinheiro gasto para ficar indo e voltando de lá o tempo todo.
- Hoje é domingo. Amanhã você tem aula. Posso ficar na escola por um tempo, fingir que voltei para lá.
- Ã-ãn, nem pensar. Nem ferrando, Dylan. Isso pode dar errado até para mim. Quer ir para a escola que tem mais gente que o orfanato, mas não quer ir para o orfanato. Eu não te entendo, cara.
De repente o pai de Ashley apareceu no quarto ofegante querendo falar comigo:
- Dylan. Parou um carro aqui na frente e saiu dele uma criança e um homem. Devem ser quem está te procurando.
- Ai, merda. Eu sabia que não deviam me trazer aqui. Merda. Qualquer coisa eu te ligo, vou para qualquer lugar que tenha sinal. - Eu disse pulando a janela dela e sumindo de sua vista.
- Mas você não tem mais chip... - Disse Ashley indo até a janela.
Eu não sabia para onde ia, mas sabia que não ia poder ficar perto de Ashley, eu não queria que acontecesse qualquer coisa que seja, com ela. Ela estava certa, eu tinha onze anos de idade e não tinha para onde ir, mas eu sabia que não ficaria de novo num orfanato. Então resolvi fazer o que ninguém fosse imaginar.
Cheguei naquela casa e abri a porta, claramente esqueceram de fechar, eram nove horas da noite quando cheguei na casa onde eu morava, o certo era a porta estar fechada, mas ela não se encontrava assim. Eu sabia de tudo daquela casa, tudo. E não fui para meu quarto, pois se eu sabia de tudo sobre a casa, sabia que lá iria ser um péssimo lugar. Então fui para o porão, onde tem uma porta que somente eu sei onde está, eu fiz a porta.
Sim, um pequeno esconderijo dentro do porão. Eu poderia ficar muito tempo ali? Com certeza, mas eu precisaria me alimentar, então, eu ia ter que sair dali alguma hora, mas essa "hora" não era agora. Me deitei no chão e adormeci.
Acordei assustado com barulho alto perto de mim, era no porão e eu só pensava que poderiam achar a porta que eu havia feito, a porta em que eu estava atrás. Mas não, pouco tempo depois o barulho parou, olhei meu celular e era meio dia já. Estava morrendo de fome e dali a vinte minutos Ashley saía da escola, e era para lá meu próximo destino. E o motivo? Conseguir comida.
Saí do meu esconderijo e ninguém no porão. Saí do porão e ninguém por perto, fui lentamente até a cozinha sem fazer o mínimo de barulho, abri um dos armários e peguei uma bolacha. Sim, bolacha, não biscoito. Me virei para trás e me deparei com um cachorro, um pastor alemão imenso, só a pata dele era do tamanho do meu antebraço. Eu não sabia o que fazer, então vi um pano de prato em cima da mesa, o peguei e fiquei batendo no vento para assustar o cachorro, e advinha? Não funcionou.
O cão se sentou, entortou a cabeça e continuou me olhando, então deixei o pano na mesa e fui até o cachorro. Ele era manso, e eu fui burro, pois já poderia ter saído dali, mas como eu iria saber?
Então tempo depois saí dali, era meio dia e dez. Faltava dez minutos para Ashley sair da escola e daquela casa até a escola eram vinte minutos então corri o mais rapido que pude.Cheguei lá e vi Ashley na esquina indo em direção a casa dela e consegui alcança-la. Não falamos nada até chegarmos na esquina de sua casa.
- Onde você ficou? - Ashley rompe o silêncio.
- Na minha antiga casa e... Ai merda. - Quando olhei para frente vi Chris e seu irmão na frente da casa de Ashley, me esperando, aparentemente. Eles nos viram e correram até nós e como não pude deixar Ashley alí, sim, levei ela comigo.
Entrei com ela na primeira rua que a gente viu, e depois em outra e em outra, e assim foi indo até a gente não ver mais eles atrás de nós.
- Onde nós vamos? - Pergunta Ashley assustada.
- Eu sei bem onde. Vem.
E a levei para minha antiga casa. Mas tinha um detalhe meio ruim para a situação, o cachorro. Ashley tinha medo de cachorro grande. Assim que ela visse aquele pastor alemão, não ia querer entrar na casa. Por sorte a casa estava destrancada e o cachorro não estava por alí. Então levei ela até o porão e pronto... Alí estava o cachorro, aquele maldito cachorro que ia sem querer estragar com o meu pla...
- Aaaii que cachorrinho maravilhoso gente. - Disse Ashley gritando e indo em direção ao pet, em seguida, começou a brincar com o mesmo. E eu? Parado sem entender nada.
- M-mas você não tinha medo de cachorro grande?... - Perguntei sem jeito algum.
- Isso foi há três anos, querido. Tipo, com oito anos você tinha medo daquela aranha que levei para a escola no dia em que... Você sabe.
O cachorro correu e Ashley sem pensar duas vezes foi atrás dele e peço para que ela não faça muito barulho por causa dos donos da casa que ainda poderiam estar dentro dela naquele exato momento. Até que tudo fica silêncioso demais para o meu gosto. Será que Ashley foi pega? Será que aconteceu algo? Ou será que eles só tinham ido brincar na rua?
Fui andando por onde Ashley tinha ido e avisto ela olhando para uma prateleira baixa, onde havia alguns livros e fotos antigas e atuais da família que haviam comprado a casa.
- Dylan... Essa foto... Já vi eles em algum lugar... - Ashley apontou para o porta retrato em questão.
Quando olho para a foto - Merda - É o irmão de Chris com uma mulher, do lado do próprio Chris.
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Um Dia Muda Uma Vida (Em Revisão)
Ficção Adolescente⚠️Essa história poderá conter gatilhos⚠️ ⚠️+16⚠️ (História baseada nos acontecimentos das escolas pelo mundo todo). Dylan, 20 anos de idade, Brasileiro, sobrevivente. Sobrevivente de um dia amargurado, de uma vida amargurada por um passado que não d...