Capítulo 4

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A verdade é uma só. E quem sabe dela? Não sabemos de nada. A única coisa que sabemos é que o (a) assassino (a) está livre e solto (a) pela história. É necessário encontrá-lo (a) para que se faça a justiça. Se no Brasil não há justiça, aqui no livro há.

Após a prisão de Aurora, outra irmã dela foi chamada para depor, a Elisângela Monteângeles. Ela estava bastante abalada com a morte e havia saído de uma forte briga que teve com seu pai. Ela seguiu em direção a Sala do Depoimento, acompanhada de seu então namorado, Ravi. Antes dela entrar, eles tiveram um rápido diálogo.

– Seja muito sincera, se possível. – Ravi diz a ela, olhando para seus olhos, melancólicos e cheio de lágrimas.

– Serei, sim. Saindo daqui, quero descobrir quem foi o assassino de minha adorada irmã. – Elisângela diz e deu um rápido selo em seu namorado.

Ela adentra na sala e vê o delegado, acompanhado de dois policiais comendo broa¹ com Danoninho. Ela se senta na frente deles e estes guardam suas broas e passam a ouvir o depoimento dela. Antes, como sempre algumas perguntas são feitas a título de desconfiança. Nenhum detalhe poderia ser perdido naquele momento, pois qualquer coisa, eles poderiam incriminá-la e, assim, ser presa. O medo estava tomando conta dela, algo que não devia acontecer. Mesmo assim, tentou o máximo esconder esse medo. O delegado – claramente europeu, estava julgando-a com seus olhos as vestimentas da Elisângela. Provavelmente ele tem o mesmo pensamento de Renato e de Aurora, mas preferiu deixar o "feminismo" de lado e prosseguir com a realidade. Querendo ou não, chegou a vez de ela ter a primeira vez em uma delegacia, sendo como uma pessoa que irá depor ou ser presa.

– Conte-me como era a relação entre ti e tua falecida irmã. – O delegado a observa, com um rosto bem fechado. Podia ser facilmente ser confundido com um demônio. Nem os próprios delegados aguentaram a tal expressão e ficaram um pouco atrás dele.

– Saiba que esse seu rosto pode lhe confundir com um demônio. – Elisângela diz.

Atu prênta ça eya! (Prendam ela!) – O delegado grita, em aruyo², para os policiais.

– Vixe, e ainda fala como um demônio. Tem certeza de que é para que eu me sente aqui, nesta cadeira? A qualquer momento, ele pode se transformar e tirar a minha vida. – Elisângela diz, sarcasticamente, e os policiais riem. O delegado olha para eles e estes ficam quietos.

Atu prênta ça eya! (Prendam ela!) – O delegado exclama, novamente.

Kay tu mismo nonxehebató atu relapto. (Tu mesmo não deixaste terminar o seu relato) – Um dos policiais responde a ordem do delegado.

– Após o seu relato, serás presa. – O delegado diz.

–Fui a mais sincera, assim como meu namorado e minha família pediu. – Elisângeladiz.

– Conte-me sobre a sua relação com a sua irmã. – O delegado fala, com o rosto ainda mais fechado do que antes e com a algema na mão esquerda e com a mão direita fechada, como se estivesse preparado para socar nela, mesmo sendo um crime fazer e cogitar tal ação.

– Ela e eu tínhamos uma relação cheio de altos e baixos na vida. Tudo estava bem, até que alguma coisa acontecia e nossa relação ia por água abaixo. – Elisângela responde.

– Diga-me tudo que recordas da noite do dia 15 de setembro de 2023, no período das 19h30 até às 01h30. – O delegado diz.

– Tudo ocorreu da seguinte forma. – Elisângela começa com seu depoimento.

"Eu estava com as minhas irmãs na festa de formatura em casa. Elas estavam acompanhadas de seus namorados, e eu estava sozinha. Estávamos conversando sobre namoro, vindo de minha irmã Aurora. Ela sabe que eu sei me virar sozinha com essas questões. Após uma rápida conversa, me perguntaram o porquê não fui atrás de um homem. Para mim, poderia ser um homem ou uma mulher, tanto faz. Não me importo com gênero das pessoas, mas a intenção. Mas enfim, eu respondi da maneira mais simples e isso causou um terrível desentendimento entre nós."

O Rebu: A Festa na PiscinaOnde histórias criam vida. Descubra agora