II (DOIS)

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Noites dos jantares da família Mancini, era comum vermos a segurança ser reforçada. Isso para a gente era como tirar do armário a melhor louça. Por isso não foi surpresa ver homens vestidos em ternos escuros no corredor. Eu sorri para um deles.

— Olá, Kaleb!

Digo a ele. Um sujeito alto de cabelos castanhos acobreados, olhos verdes, que normalmente tem um sorriso, mas hoje está duro como uma estátua.

— Boa noite, Srta. Mancini! — Ele me dá um aceno.

— Odeio quando me chama assim...

Bufo. Ele joga o peso de um pé para o outro, parecendo desconfortável, olhando para o segurança um pouco mais distante. Eu reviro os olhos.

— Só estou fazendo meu trabalho, senhorita.
Kaleb me responde, dando um suspiro curto. Eu dou um aceno, então passo por ele dando um tapinha no seu ombro.

Obviamente, aquela intimidade se devia só porque éramos amigos, ou um pouco mais que isso. Ele cresceu na cozinha da mansão, sua mãe era governanta, ele um soldado hoje em dia e fazia a minha segurança quando necessário.

— Como está bela, minha pequena!

Meu pai diz, assim que vê entrando na sala. Ele é um homem corpulento, mas bem distribuído pela altura que tem, com cabelos num tom claro e um alguns fios grisalhos começando a aparecer. Seu sorriso é o mesmo que sempre foi, gentil e carinhoso, me sinto em casa quando o vejo.

— Duas horas para colocar meu cabelo no lugar, depois da Nestha ter acabado comigo no tatame.
Afirmo, alcançando-o, dando um beijo em sua mão. Ele toca meu rosto, dando um aceno.

— Ainda insistindo nessa história de sparring, querida?

— Não vou desistir pai...

Digo, consciente de que ele já lavou as mãos quanto isso. Ele sempre quis que eu soubesse me defender, no entanto, meu corpo idiota parecia não querer cooperar. Quando tive a minha quarta fratura, ele mandou eu abandonar aquilo, mas eu não aceitei.

— Uma mula empacada é menos teimosa do que a Dyanne, pai.

Nestha surge comentando, enquanto entra na sala. Ela está linda, usando um vestido azul marinho, os cabelos estão amarrados em um rado-de-cavalo elegante e a maquiagem é leve.

Ela não parece ter feito esforço para ficar impecável. Ao contrário de mim, que tive de passar três horas me esforçando para ficar no mínimo digna.

Naquela noite escolhi um vestido vermelho, tubinho, combinado com louboutins altíssimos para compensar a minha altura. Já meu cabelo foi modelado, em ondas, mais ao estilo anos 40 e me fez sentir muito bem. Combinando perfeitamente com a maquiagem mais marcada nos olhos, deixando os lábios num tom vermelho rosado.

— Você está muito bem, irmã. — Eu digo sincera.

— Obrigada, você também está...

Nestha responde, vindo até nosso pai. Ela também beija sua mão, ganhando um sorriso dele.

— Seus convidados estão chegando papai!

Nia anuncia, ao entrar na sala, com sua usual firmeza e arrogância. Ao contrário da Nestha, minha irmã nem olha na minha direção, indo até o nosso pai e eu tenho que sair da frente, para ela não me atropelar.

Dou uma olhada nela de perto e nem me impressiono com o terninho branco que usa, combinado com cordão com uma pedra de rubi, que brinca provocativamente no decote em V da sua roupa. O cabelo está solto, completamente liso, sem um fio fora de lugar, parecendo uma cortina de ouro em suas costas.

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