V (CINCO)

801 93 31
                                    

Acordo sentindo minha cabeça latejar. Não é um sentimento estranho. Muitas vezes acordei com dor.

— Bela adormecida finalmente acordou!

Escuto a voz de Nestha. Soa bem perto. Abro meus olhos devagar e sinto a claridade me ofender, mas me esforço.

Noto que estou no meu quarto, na minha cama e sinto todo o meu corpo dolorido.

— O que houve comigo? — pergunto suavemente.

— Nia deu uma surra em você...

A Nestha se aproxima da cama, ela está segurando um copo de água.

— Deu?

Eu tento me sentar e minhas costelas reclamam. Afasto o lençol, estou apenas de sutiã e calcinha, com uma faixa envolvendo meu corpo.

Minha irmã me ajuda a sentar. Aceito o copo de água que ela me estende. Engulo sentindo a minha garganta arder.

— Sim, mas você apagou no primeiro soco. — ela explica. — Ela te chutou bastante, mas cheguei a tempo de impedir que te arrebentasse mais. Droga, Dyanne, você não se lembrou em não deixá-la te incapacitar? Eu te ensinei, lembra?

Suspiro, encolhendo os ombros, o mínimo movimento envia raios de dor, mas escondo isso. Já basta ser uma fracote que não se lembra como se defender.

— Tentei fugir e ela me pegou pelas costas.

— Porra! — Nestha expira.

— Ela disse que ia me matar. Estava possessa por causa da diaba da Lyza. — reclamo bufando. — Como se eu tivesse culpa!

— Nia sempre foi apaixonada pela Lyza, essa é a verdade. Acho que foi o único sentimento humano que já teve na vida. — Nestha confessa. — Nosso pai a mandou para Itália, disse que apesar de ser uma "briga de irmãs", ela passou do limite e se serve de consolo, deixei ela com um olho roxo.

— Não vou ter que lidar com ela por enquanto então? — pergunto aliviada.

— Por enquanto não, mas ela vai voltar, você sabe. Ela é a escolha do papai para os negócios...

— Eu preferia que fosse você. — digo e ela encolhe os ombros. — Obrigada por socar a cara dela para mim!

— Por nada. Me pague uma boa refeição!

— O que você quiser... — afirmo sorrindo. — Agora me passe um espelho, deixe eu ver o estrago que ela fez no meu rosto!

— Bom, não foi tanto. — Nestha diz.

— Deixe-me ver...

— Antes disso, preciso te contar uma coisa. — ela fala. — Tenho certeza que vai odiar!

— Merda. Fala!

— Lyza mandou buscar você para um chá, tem uma hora para ficar pronta!

— Porra!

Eu grito alto e Nestha quase se encolhe, mas sei que está querendo rir de mim. Não sei que graça ela vê.

Status QuoOnde histórias criam vida. Descubra agora