𝐀𝐄𝐋𝐘𝐒 | 𝐇𝐄𝐑𝐌𝐈𝐎𝐍𝐄 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑 [HIATUS]

027.

29 de agosto... O que dizer sobre o dia que nasci? Bom, é uma data bastante infeliz, se eu for levar em consideração os acontecimentos que esse dia resultaram.
Por isso nunca me importei tanto com esta data. Digamos que eu sempre tentei ignorar, fazendo de conta que é uma data comum; um dia normal como todos os outros.

E eu tentava a todo custo, mas Isla e Bridget jamais deixaram. No orfanato elas sempre me traziam um café da manhã farto ao amanhecer, com as minhas comidas favoritas. E ao anoitecer, elas sempre faziam todos cantarem parabéns para mim. Eu odiava essa parte devido a minha leve timidez.

Fora isso, eu confesso que até gostava da atenção que eu recebia.

Mas agora... Eu estava sozinha. Ninguém ao meu redor sabia que hoje eu estava completando dezesseis anos, somente eu.

Bem, se eu estivesse no orfanato... Nesse momento eu provavelmente estaria desfrutando de um farto café da manhã junto a Isla. Provavelmente estaríamos conversando amenidades e eu estaria feliz por estar na presença dela.

Depois eu teria que receber um abraço aperto vindo de Bridget - coisa que ela fazia todos os anos - provavelmente ficaria irritada pelo contato.

Eu receberia "feliz aniversário" de todos, é claro. Philippe e Annabeth seriam falsos como sempre, o que não seria uma novidade.

Droga.

Tenho que parar de pensar neles.

Levantei cedo junto a Sophia, já que o pai dela nos levaria para comprarmos nosso material no beco diagonal.
Ed, o pai de Sophia, me recebeu super bem e disse que eu poderia ficar com eles o tempo que eu precisasse.

Bom, eu o agradeci, mesmo sabendo que no próximo ano eu provavelmente vou ter que pular para outro lugar. Não posso morar completamente na casa de Sophia, será apenas esses últimos dias de agosto.

- Você está tão estranha, Violet... O que está acontecendo? - Sophia de repente pergunta quando estamos saindo de sua casa.

Seu pai está tirando o carro da garagem enquanto isso.

- Nada, Sophia. Só estou pensando nos meus problemas... - Digo forçando um sorriso.

Ela suspira.

- Ainda não acredito que você está passando por tudo isso, Violet... - Ela diz negando com a cabeça. Ontem, após contar a ela absolutamente tudo, Sophia me abraçou por longos minutos enquanto eu chorava em seu ombro.

Sophia ficou em silêncio, apenas fazendo cafuné em meus cabelos enquanto eu chorava de forma intensa em seu ombro.

- Queria tanto poder fazer mais por você... - Ela me abraça de lado. - Tem certeza que eu não posso fazer mais?

- Você já esta fazendo muito deixando eu ficar na sua casa, Sophia. - Digo um pouco sem graça, a vendo suspirar pesadamente enquanto nega com a cabeça.

- Vai ficar tudo bem, Violet. Você vai ver. - Assinto, mesmo não concordando com ela.

Essa positividade tem me irritado muito ultimamente. Me iludir com pensamentos positivos nunca me ajudaram em absolutamente nada.

Não vai ficar tudo bem. Minha vida está uma droga agora e não tem volta. Sou uma sem teto, é a realidade. O que basta agora é eu aceitar e esquecer que um dia eu já vivi em um orfanato.

Ignorar a data de hoje é o primeiro passo.

[...]

1 mês atrás, residência dos Granger;

Hermione suspirou sorridente quando sentiu os dedos de sua mãe começarem a fazer um delicioso cafuné em seus cabelos, enquanto estava deitada com sua cabeça nas pernas da mais velha.