Em frente ao prédio da Hogwarts High School, James Potter estava sentado na grama verde sob uma árvore, comendo seu sanduíche de queijo durante o intervalo entre as aulas. Regulus Black estava deitado com sua cabeça no colo de James, segurando um livro clássico em mãos e recebendo um carinho em seus fios escuros.
Um clic fora escutado e os garotos ergueram seus olhos preocupados para identificar de onde vinha o som. Remus segurava sua câmera fotográfica com um sorriso de orelha a orelha.
— Que susto, cara. — Potter disse sentindo seu sangue gelar.
— Fiquem calmos, só estou registrando as lembranças. — O castanho balançou a câmera no ar e se sentou em um lugar na sombra.
James respirou aliviado, deixando seus músculos se relaxarem novamente e voltou a acariciar o cabelo do namorado.
— Se o senhor Black sequer imaginar que James-lindo-Potter está dando uns amassos no seu filho caçula puritano... — James zombou recebendo um empurrão fraco de Regulus.
— Reg seria a ovelha negra da família e ao menos esqueceriam de me importunar. — A voz de Sirius soou zombeteira para disfarçar o fundo de verdade triste por trás daquela frase, o moreno rodeando os braços em volta do pescoço de Remus de um jeito carinhoso. — Se quer registrar algo, registre minha beleza, mon amour.
Dito isso, o Black mais velho tirou a câmera das mãos de Lupin e o beijou na bochecha, registrando aquele momento em uma fotografia.
— Você é minha obra de arte, Pads. — O castanho sorriu puxando o namorado para se sentar entre suas pernas.
— "Oh, se quer registrar algo, registre minha beleza, mon amour!" — Regulus imitou a voz do irmão de um jeito exagerado, arrancando uma risada de Potter e uma careta descontente de Sirius.
— "Oh, você é minha obra de arte, Pads!" — James entrou na brincadeira, imitando o amigo mais alto, que apenas sorria descontraído enquanto o Black mais velho parecia uma criança emburrada.
— Está vendo, mon amour? A falta de originalidade desses dois é de morrer! — Sirius declarou, dramático como sempre.
James respirou fundo, sentindo a brisa gélida das nove da noite batendo contra seu rosto enquanto ponderava entrar naquele hotel, ou simplesmente ir embora com toda sua covardia no auge.
Ele havia pego o endereço do hotel com Sirius, que insistiu em trazê-lo até o prédio, mas James negou dizendo que poderia ir sozinho.
Então ali estava ele, encarando o hall de entrada, onde a recepcionista quase cochilava sobre o balcão e, a poucos metros acima, seu Regulus provavelmente lia um livro deitado sobre a cama.
James considerou dar meia volta e nunca mais pisar os pés naquele lugar, mas ele tinha a certeza de que deveria, ao menos, ver como Regulus estava.
Então, inflando seu peito com confiança, o moreno caminhou até a recepção, acordando disfarçadamente a recepcionista ao derrubar uma revista.
Potter convenceu a mulher de que Regulus havia o chamado até lá e havia se esquecido de informar o andar e o apartamento. Ela não demorou a dizer tudo o que ele queria ouvir. Deveria ter tentado o curso de teatro.
James adentrou o cubículo juntamente com um cara aparentando mais ou menos ter a mesma idade, ele passava os dedos pálidos pelos fios longos e platinados nervosamente, a marca rosada em sua bochecha esquerda intrigou o Potter.
— Dia ruim? — James questionou assim que apertou o botão e a porta metálica se fechou.
— Dia péssimo. — O loiro com aparência de elfo respondeu olhando fixamente para o chão. — Minha noiva me botou pra fora de casa, e você?
— Visitando um amigo. — James respondeu com naturalidade, vendo o outro apenas assentir em silêncio.
Eles encararam fixamente o número dos andares mudando gradativamente, até parar no quinto, o qual Regulus estava hospedado, e a porta se abrir.
— Boa sorte, cara. — James acenou com a cabeça saindo do elevador e recebeu um aceno de volta.
Ele seguiu seu caminho assim que as portas de metal se fecharam novamente, agora não o interessava qual era o desfecho daquela história, somente queria bater na porta do Black mais novo e toma-lo para si em seus braços.
Potter caminhou lendo atentamente cada número na porta. Não queria parecer nervoso, mas o suor acumulando nas palmas de suas mãos o entregava. James parecia um adolescente bobo de novo.
O moreno refletiu por um segundo ao se deparar com a plaquinha dourada inscrita "505", respirando fundo antes de erguer sua mão em punho para bater algumas vezes.
Silêncio. Somente o som da respiração entrecortada de James era audível no momento. Ele queria dar meia volta e sumir no mesmo instante, mas já estava tão perto que não conseguia mover seus pés.
De repente, um clic abafado fora ouvido e a porta se abriu revelando o rosto entediado de Regulus Black. Seus olhos se ergueram na direção do Potter e arregalaram assim que percebeu quem estava diante deles.
— Potter? — Regulus o chamou quase num sussurro, incrédulo.
A cabeça de James girava feito um carrossel desgovernado. Ele sentia que iria surtar apenas por escutar aquela voz tão familiar pronunciando seu sobrenome.
— Ei... — James sorriu sem jeito, coçando a nuca nervoso.
— O que está fazendo aqui? — O subconsciente do Black pareceu buscar uma autodefesa, com seus olhos turvos fixos no homem à sua frente. Ele tinha um olhar apático demais para o gosto de James.
— Sirius me contou que-... — James começou a falar, mas foi interrompido por Regulus.
— "Sirius me contou", mas é claro. — Ele revirou os olhos estalando a língua e cruzou os braços sobre o peito. — Meu irmão não consegue manter a boca fechada, não é?
— Não o culpe, Reggie. — Potter tentou defender o amigo, ainda sem graça por bater na porta de um quarto de hotel àquela hora da noite. Regulus desviou o olhar se repreendendo por quase sorrir ao escutar o apelido. — Sirius não tinha más intenções.
— Ele nunca tem. — Black suspirou olhando para as próprias mãos e voltou a olhar para aqueles olhos castanhos através das lentes redondas. — Mas não quer dizer que não é irritante ele se metendo toda hora na minha vida.
— Tudo o que ele faz é pra cuidar de você. — James olhou por cima dos ombros de Regulus, analisando o quarto em tons escuros de paredes cor de grafite e cortinas azuis. — Ele prometeu ao seu tio que iria te proteger, se lembra?
— Am... uhum, eu me lembro, Potter. — O mais baixo soltou meio nervoso procurando algo no corredor com os olhos.
— Desculpe, eu não devia ter tocado nesse assunto. — James respirou fundo se sentindo um idiota. Ele sabia que Regulus foi um dos mais sentidos com a morte de Alphard, seu tio, e ainda assim falou sobre ele.
— Está tudo bem. — O mais pálido disse, demonstrando exatamente o contrário, os olhos ainda percorrendo o corredor.
Então James se tocou, Regulus não estava procurando algo, mas sim alguém.
— Está esperando alguém? — Quando o moreno percebeu, as palavras já haviam escapado de sua boca e finalmente os olhos do Black estavam fixos nele.
— Eu... meio que sim. — Regulus desviou o olhar, pressionando seus lábios numa linha reta.
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I STILL LOVE YOU; starchaser
FanfictionJames Potter havia se casado com Lily Evans por razões comerciais, mas ele nunca havia se esquecido de seu verdadeiro amor, Regulus Black. Como James reagiria ao descobrir que seu antigo amor estava de volta à cidade depois de tantos anos?