02. Visita

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Em frente ao prédio da Hogwarts High School, James Potter estava sentado na grama verde sob uma árvore, comendo seu sanduíche de queijo durante o intervalo entre as aulas. Regulus Black estava deitado com sua cabeça no colo de James, segurando um livro clássico em mãos e recebendo um carinho em seus fios escuros.

Um clic fora escutado e os garotos ergueram seus olhos preocupados para identificar de onde vinha o som. Remus segurava sua câmera fotográfica com um sorriso de orelha a orelha.

Que susto, cara. — Potter disse sentindo seu sangue gelar.

— Fiquem calmos, só estou registrando as lembranças. — O castanho balançou a câmera no ar e se sentou em um lugar na sombra.

James respirou aliviado, deixando seus músculos se relaxarem novamente e voltou a acariciar o cabelo do namorado.

Se o senhor Black sequer imaginar que James-lindo-Potter está dando uns amassos no seu filho caçula puritano... — James zombou recebendo um empurrão fraco de Regulus.

— Reg seria a ovelha negra da família e ao menos esqueceriam de me importunar. — A voz de Sirius soou zombeteira para disfarçar o fundo de verdade triste por trás daquela frase, o moreno rodeando os braços em volta do pescoço de Remus de um jeito carinhoso. — Se quer registrar algo, registre minha beleza, mon amour.

Dito isso, o Black mais velho tirou a câmera das mãos de Lupin e o beijou na bochecha, registrando aquele momento em uma fotografia.

— Você é minha obra de arte, Pads. — O castanho sorriu puxando o namorado para se sentar entre suas pernas.

— "Oh, se quer registrar algo, registre minha beleza, mon amour!" — Regulus imitou a voz do irmão de um jeito exagerado, arrancando uma risada de Potter e uma careta descontente de Sirius.

— "Oh, você é minha obra de arte, Pads!" — James entrou na brincadeira, imitando o amigo mais alto, que apenas sorria descontraído enquanto o Black mais velho parecia uma criança emburrada.

— Está vendo, mon amour? A falta de originalidade desses dois é de morrer! — Sirius declarou, dramático como sempre.

James respirou fundo, sentindo a brisa gélida das nove da noite batendo contra seu rosto enquanto ponderava entrar naquele hotel, ou simplesmente ir embora com toda sua covardia no auge.

Ele havia pego o endereço do hotel com Sirius, que insistiu em trazê-lo até o prédio, mas James negou dizendo que poderia ir sozinho.

Então ali estava ele, encarando o hall de entrada, onde a recepcionista quase cochilava sobre o balcão e, a poucos metros acima, seu Regulus provavelmente lia um livro deitado sobre a cama.

James considerou dar meia volta e nunca mais pisar os pés naquele lugar, mas ele tinha a certeza de que deveria, ao menos, ver como Regulus estava.

Então, inflando seu peito com confiança, o moreno caminhou até a recepção, acordando disfarçadamente a recepcionista ao derrubar uma revista.

Potter convenceu a mulher de que Regulus havia o chamado até lá e havia se esquecido de informar o andar e o apartamento. Ela não demorou a dizer tudo o que ele queria ouvir. Deveria ter tentado o curso de teatro.

James adentrou o cubículo juntamente com um cara aparentando mais ou menos ter a mesma idade, ele passava os dedos pálidos pelos fios longos e platinados nervosamente, a marca rosada em sua bochecha esquerda intrigou o Potter.

— Dia ruim? — James questionou assim que apertou o botão e a porta metálica se fechou.

— Dia péssimo. — O loiro com aparência de elfo respondeu olhando fixamente para o chão. — Minha noiva me botou pra fora de casa, e você?

— Visitando um amigo. — James respondeu com naturalidade, vendo o outro apenas assentir em silêncio.

Eles encararam fixamente o número dos andares mudando gradativamente, até parar no quinto, o qual Regulus estava hospedado, e a porta se abrir.

— Boa sorte, cara. — James acenou com a cabeça saindo do elevador e recebeu um aceno de volta.

Ele seguiu seu caminho assim que as portas de metal se fecharam novamente, agora não o interessava qual era o desfecho daquela história, somente queria bater na porta do Black mais novo e toma-lo para si em seus braços.

Potter caminhou lendo atentamente cada número na porta. Não queria parecer nervoso, mas o suor acumulando nas palmas de suas mãos o entregava. James parecia um adolescente bobo de novo.

O moreno refletiu por um segundo ao se deparar com a plaquinha dourada inscrita "505", respirando fundo antes de erguer sua mão em punho para bater algumas vezes.

Silêncio. Somente o som da respiração entrecortada de James era audível no momento. Ele queria dar meia volta e sumir no mesmo instante, mas já estava tão perto que não conseguia mover seus pés.

De repente, um clic abafado fora ouvido e a porta se abriu revelando o rosto entediado de Regulus Black. Seus olhos se ergueram na direção do Potter e arregalaram assim que percebeu quem estava diante deles.

— Potter? — Regulus o chamou quase num sussurro, incrédulo.

A cabeça de James girava feito um carrossel desgovernado. Ele sentia que iria surtar apenas por escutar aquela voz tão familiar pronunciando seu sobrenome.

— Ei... — James sorriu sem jeito, coçando a nuca nervoso.

— O que está fazendo aqui? — O subconsciente do Black pareceu buscar uma autodefesa, com seus olhos turvos fixos no homem à sua frente. Ele tinha um olhar apático demais para o gosto de James.

— Sirius me contou que-... — James começou a falar, mas foi interrompido por Regulus.

— "Sirius me contou", mas é claro. — Ele revirou os olhos estalando a língua e cruzou os braços sobre o peito. — Meu irmão não consegue manter a boca fechada, não é?

— Não o culpe, Reggie. — Potter tentou defender o amigo, ainda sem graça por bater na porta de um quarto de hotel àquela hora da noite. Regulus desviou o olhar se repreendendo por quase sorrir ao escutar o apelido. — Sirius não tinha más intenções.

— Ele nunca tem. — Black suspirou olhando para as próprias mãos e voltou a olhar para aqueles olhos castanhos através das lentes redondas. — Mas não quer dizer que não é irritante ele se metendo toda hora na minha vida.

— Tudo o que ele faz é pra cuidar de você. — James olhou por cima dos ombros de Regulus, analisando o quarto em tons escuros de paredes cor de grafite e cortinas azuis. — Ele prometeu ao seu tio que iria te proteger, se lembra?

— Am... uhum, eu me lembro, Potter. — O mais baixo soltou meio nervoso procurando algo no corredor com os olhos.

— Desculpe, eu não devia ter tocado nesse assunto. — James respirou fundo se sentindo um idiota. Ele sabia que Regulus foi um dos mais sentidos com a morte de Alphard, seu tio, e ainda assim falou sobre ele.

— Está tudo bem. — O mais pálido disse, demonstrando exatamente o contrário, os olhos ainda percorrendo o corredor.

Então James se tocou, Regulus não estava procurando algo, mas sim alguém.

— Está esperando alguém? — Quando o moreno percebeu, as palavras já haviam escapado de sua boca e finalmente os olhos do Black estavam fixos nele.

— Eu... meio que sim. — Regulus desviou o olhar, pressionando seus lábios numa linha reta.

I STILL LOVE YOU; starchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora