TAKE ME BACK [carl grimes]

RIPTIDE

No fundo, eu me considerava autossuficiente. Eu tinha uma crença arraigada de que podia lidar com meus próprios problemas, enfrentar minhas próprias batalhas, sem depender muito dos outros. E pedir para Carl ir comigo foi tão fácil.

Eu sabia onde encontrar a chave da moto, conhecia meu irmão o suficiente para saber que ele a guardava entre os dois únicos pares de meia que tinha na mochila jogada no canto da sua cela.

Me certifiquei de que ninguém havia nos visto sair em direção ao estacionamento improvisado no pátio interno do bloco B. Carl prendia uma risada nervosa e preocupada, tinha acabado de receber um grande voto de confiança de seu pai, mas tinha consciência de que o que faríamos era algo maior.

Mas sinceramente, eu me encontrava igual a ele.

No momento agradecia por Daryl me ensinar o básico de como se pilotar uma moto. Claro que ele não tinha intenção, apenas queria me deixar longe de casa. Mas obtivemos boas consequências.

Girei a chave e liguei a chopper personalizada, subi e esperei o Grimes fazer o mesmo.

— Anda, Carl. - o olhei impaciente com sua demora, seu rosto estampava o receio que sentia

A estrada estava tranquila, sem muitos mortos caminhando e nada de vivos por aí. Mantinha uma velocidade considerável a situação, não tão rápido para não ser perigoso, mas não tão devagar para não demorar mais do que o suficiente. Carl lia o mapa e me indicava a direção correta, apesar de saber, errar o caminho seria algo extremamente ruim.

— Está se sentindo bem? - ele perguntou de repente

— Estou. - o respondo - Tão bem quanto um aposentado.

Ele ri, mas percebo a preocupação que ele sente.

— Relaxa, xerife. - o olho através do retrovisor - Vi como as coisas estão no bloco D, esses remédios vão ajudar.

Ao colocar meus olhos na estrada, que se estendia, novamente, me assustei e desviei brutalmente dos mortos andando espalhados por ali. As mãos de Carl apertaram minha cintura fortemente, se não fosse por meu casaco suas digitais poderiam ficar marcadas em minha pele.

Apertei os punhos no guidão da moto e acelerei, mas a visão imediata de uma horda avançando em nossa direção me fez frear abruptamente. Estávamos encurralados, e os mortos que deixamos para trás nos alcançavam rapidamente.

— Temos que correr! - seus olhos refletiam a urgência da situação quando ele gritou acima dos grunhidos

— Não! Não posso deixar a moto, Daryl me mataria. - clamei

— April. - ele disse meu nome me repreendendo

Eu já entendia o que estava em jogo.

Sem mais deliberações, pulamos da moto, deixando-a cair no asfalto. Era um sacrifício necessário para ganhar uma chance de sobrevivência. A mata nos acolheu enquanto corremos desesperadamente, desviando dos mortos-vivos que estendiam suas mãos pálidas em nossa direção. Minha respiração estava entrecortada, mas a adrenalina pulsava em minhas veias.