SPARKS

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A escassa luz que permeia o ambiente era suficiente para me despertar, mas não o suficiente para iluminar completamente o que me cercava

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A escassa luz que permeia o ambiente era suficiente para me despertar, mas não o suficiente para iluminar completamente o que me cercava. As paredes daquele lugar estavam mais corroídas do que o normal, e um silêncio opressivo pairava no ar. Não havia sinal do ronco de Carl. Por um breve momento, me perguntei se ele não havia me acordado. Minha mente procurou pelas lembranças do que havíamos lido na HQ da noite anterior, mas o vazio me envolveu.

Pisquei, tentando ajustar o foco em minha visão, e lutei para me erguer. No entanto, minha força me traiu, fazendo com que tombasse no chão, onde a frieza e a sujeira eram inegáveis.

— Você não deveria tentar se levantar ainda, April. - uma voz familiar soou, se aproximando

Ergo minha cabeça e o chamo:

— Hershel, - sussurrei - onde está Carl Grimes?

O grisalho estende sua mão e apoia a outra me ajudando a levantar.

— Lá fora, no corredor. - pousa minha cabeça no travesseiro - O garoto não saiu de lá desde que te trouxe aqui.

Franzo a testa. Me trouxe aqui? Onde exatamente estou?

Hershel acomoda uma agulha em meu braço, e meu coração começa a bater mais rápido.

— Hershel, - o chamo com urgência, observando-o atentamente - o que aconteceu?

As minhas palavras foram interrompidas por uma tosse áspera e desconfortável, e uma onda de calafrios percorreu meu corpo.

— Você está desidratada. - explicou Hershel - Ser uma heroína exige muito de você. Desmaiou no pátio quando chegou mais cedo. Não se lembra?

De repente, como um clarão, as lembranças inundaram minha mente. O ronco ausente de Carl não era por acaso; eu não estava em minha cela familiar. Estava no Bloco D, isolada, porque estou doente.

— Estou infectada? - indago, a preocupação tingindo minha voz

Hershel balançou a cabeça.

— Ainda não sabemos. Você está em observação. Foram dois longos dias, minha jovem. Temos sorte de que os remédios que você e Carl trouxeram vão nos ajudar em qualquer caso.

Ele saiu da cela deixando um vácuo de incerteza dentro de mim. Fechou a grade atrás de si: “Volto para te ver mais tarde.”
Minha mente está uma verdadeira tempestade, admito. São tantos pensamentos simultâneos que mal consigo acompanhá-los. A dor lateja em minha cabeça, e, ao fechar os olhos, me escapa uma tosse incontrolável e só então minha mente se cala, seguida por um grito abafado que reverbera pelas paredes do bloco. Retiro a agulha do braço com rapidez, ergo-me com a cama como apoio, forço a abertura da grade enferrujada e, com passos trêmulos, subo as escadas até o andar de cima, deparando-me com Hershel caído.

Sobre seu corpo um cadáver, o senhor luta desesperadamente para resistir à mordida, e eu reúno minhas forças para socorrê-lo. Agarro pelos ombros o que um dia foi um habitante desta prisão, seus braços esguios estendidos na direção do senhor que se afasta com dificuldade. Desarmada e sem proteção, desferi um golpe brutal em seus joelhos, quebrando-os, antes de agarrar seus cabelos e repetidamente fazer seu crânio chocar-se violentamente contra o chão. No canto do olho, diviso Jorge se aproximando armado, prestes a disparar contra o morto-vivo que enfrento. Tento desesperadamente impedi-lo de apertar o gatilho, mas é tarde demais quando outro cadáver, sorrateiro, o surpreende por trás. O homem dispara, atingindo-me de raspão no ombro.

TAKE ME BACK [carl grimes]Onde histórias criam vida. Descubra agora