O dia naquele início de segunda-feira amanheceu friento. A temperatura caía de quinze graus a dez graus, intercalando de minuto a outro, pouco ligando se aquilo atrapalhava as pessoas a levantarem e seguirem com mais um dia de trabalho, faculdade ou seja lá o quê. Todos levantavam uma hora, desejando ou não, querendo ou não. E Hoseok foi uma dessas pessoas que não queriam acordar, mas que sabiam que tinham um compromisso. Ele, no entanto, faculdade.
Trajando seu uniforme de forma rápida, calçando seu tênis surrado, escovando os dentes e arrumando os cabelos, logo saiu do quarto e apanhou uma maçã, dando algumas mordidas enquanto buscava por sua bolsinha vermelha, esta que sempre levava para o campus, guardando seu dinheiro, documentos e celular. Não podia perdê-la de jeito nenhum.
Não demorando muito, Hoseok estava de frente para a universidade, aterrorizado de pensar que teria que enfrentar tudo novamente, todas as pessoas mais uma vez. Entretanto, saiu daquela bolha ao sentir braços rodearem sua cintura e selos castos serem desferidos em seu pescoço, indo da nuca até pouca parte de suas costas. Ele se arrepiou.
— J-Jungkook, as pessoas não conseguem te ver, m-mas eu sim. E eu te sinto também. Pare, por favor. — pediu o humano, dando um passo para a frente.
— Eu gosto quando isso acontece, quando se arrepia. — Jungkook riu, mesmo estando com a voz rouca de sono e os olhos quase fechados. — Hum... é tão legal! — disse, cantarolando. — Por que temos que vir aqui mesmo?
— Eu quem tenho vir aqui. — Lembrou o mais velho, em um sussurro. Ele sabia que o amigo conseguia ouvir. — Você deveria ter ficado em casa.
Querendo responder, Jungkook foi interrompido por escutar um rapaz não muito longe de onde estava escorado em uma árvore gritando em boa e alta voz para que todos conseguissem ouvir:
— Rebola mais, vadia nojenta!
Jungkook sabia que aquele otário não estava falando consigo. Sabia que outrem estava falando com Hoseok, com o seu Hoseok. Vendo que o mais velho tinha parado de andar, o Jeon fez o mesmo, esperando que seu hyung fizesse algo, mas como sempre, ele somente suspirou e voltou a andar.
— Hobi-hyung, faça alguma coisa, ele não pode falar daquele jeito com você.
— Ele só está brincando, bobinho. — O Jung murmurou, com a voz trêmula. Ele andava cada vez mais rápido. — Só está brincando.
— Ei, viado! Não vai me responder!?
Observando o Jung virar em direção a um corredor, resmungando alguma coisa aliviado por ter chegado na classe rápido, Jungkook fitou-o com atenção, reparando em seus movimentos e não querendo transparecer que estava com raiva, que esta queimava em sua garganta, fazia sua cabeça doer e lhe deixava cego. Seguindo o mais velho para uma carteira afastada, no canto da sala perto da janela, ele o viu tirar as coisas da mochila rasgada e logo após se sentar encolhido, de cabeça baixa.
Tocando nas madeixas tingidas em um forte tom de ruivo de seu hyung, adentrando seus dedos por elas e as acariciando com delicadeza, Jungkook dobrou os joelhos e ficou na altura do mesmo, guiando seus dígitos ao queixo dele enquanto continuava a afagá-lo. Hoseok parecia um gatinho sedento por atenção e Jungkook gostava disso.
Eles ficaram assim por alguns segundos, tanto que nem viram quando o professor entrou na sala, querendo a atenção de todos e estranhando que Hoseok olhava para o nada perdido. O docente arranhou a garganta para aquela cena estranha, ainda mais quando o Jung quis olhar em sua direção e pareceu ter sido impedido por algo. Jungkook continuava a segurar seu queixo, agora com força.
— Eu já volto. — A voz dele saiu baixa, quase em um sussurro.
— O quê?
— Fique bem, Hobi-hyung. Boa aula.
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Mitternacht.
FanfictionApós ver em um site que amigos imaginários poderiam sim existir, Hoseok decide tentar ter um. Sendo um rapaz de vinte e dois anos, sozinho, sem amigos e que era menosprezado e servido de chacota na faculdade, ele não pensara que a sua vida pudesse m...