Final.

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Surpreendentemente, Jungkook concordou e deu as costas.

Ficando em pé com rapidez e passando a colocar as roupas da faculdade, Hoseok trajou um moletom quente — visto que o dia estava nublado e chuvoso —, e não deixou de apanhar um par de luvas para pôr antes que saísse de casa. Sendo assim, ao estar pronto e com todo o seu material na mochila, ele despediu-se de seu melhor amigo com um beijo na bochecha e avisou que estava de saída em direção à cidade, que ficava a não mais de uma hora dali.

No entanto, diferente de ir para a faculdade, Hoseok seguiu um caminho diferente. Ele foi ao mercado da cidade, um que vendia de tudo, desde algumas peças de roupa até acessórios básicos para pesca. O rapaz não demorou muito no lugar, visto que a sua cabeça mais doía do que pensava, assim como as suas mãos, que desde que saiu de casa não pararam de tremer.

No mercado do centro, ele comprou os materiais que leu de manhã, naquele site do amigo imaginário: álcool e isqueiro. Hoseok comprou os dois da melhor qualidade, para que nada pudesse dar errado. E mesmo que para isso tivesse que queimar a sua casa, ele aceitaria. Aceitaria, pois, senão, sabia que podia endoidar a qualquer instante.

Jungkook o fazia ficar daquela forma. Jungkook o deixava mal, ele o deixava doente. Ele o deixava com medo da própria sombra. Medo de burburios, medo de pessoas, medo de risos, medo de passos. "Alguém está me seguindo?", foi o que Hoseok se questionou ao perceber alguém atrás de si. No entanto, era apenas mais um cliente do mercado querendo pagar pelas coisas em que pegou das estantes.

Depois de ter comprado as coisas para acabar com aquele maldito ritual no qual realizou, Hoseok deu as costas para o mercado e foi para a faculdade. O homem tinha perdido as duas primeiras aulas, mas sabia que tais não fariam falta, já que, como o professor tinha dito na semana passada, elas seriam somente revisões para o teste do final do mês. Ou seja, já era matéria dada anteriormente.

O dia passou com calma. Logo era o horário de Hoseok ir embora e ele não podia se sentir mais ansioso para isso. Mas ansioso de uma forma ruim, como se estivesse prestes a vomitar. Além disso, ele também estava com dor de cabeça. No fundo, ele sabia que tinha algo errado, ele sabia que algo daria errado.

E isso começou a se mostrar real quando o seu carro parou de funcionar no meio do caminho, a alguns minutos de casa. Ainda não era de noite, mas como o dia estava nublado, parecia que o horário já se passavam das dezessete horas. Hoseok, naquele instante, sozinho e no relento, precisou manter a calma.

Descendo do carro, o rapaz foi até o capô do veículo e o ergueu, não demorando para fazer uma careta ao ver que algo tinha queimado. Fumaça. Suspirando fundo e negando com a cabeça, Hoseok segurou com as mãos os ítens que comprou no dia e a sua bolsa da faculdade, decidindo ir para casa a pé.

Parecia que iria chover, mas se ele corresse, talvez pudesse fugir de um pingo ou outro.

Chegando em casa, o Jung piscou e balbuciou com preguiça, tentando manter a calma e começando a procurar por Jungkook. Ele o chamou, mas nenhuma resposta surgiu pela casa. Ele esperou mais um pouco, mas as coisas pareceram piorar. Nenhum barulho ocorreu e a única coisa que podia ser ouvida era a chuva agora forte caindo na terra e o cantar de grilos em meio a grama.

Mas, antes que conseguisse dizer mais alguma coisa, Hoseok pôde ouvir a voz de Jungkook, que estava sentado no sofá, segurando a mochila que levou à faculdade nas mãos. A mochila estava aberta.

— Eu pensei que tivesse ido à faculdade.

— Jungkook, oi! Uau, você me assustou — Hoseok comentou, guiando a destra ao peito e o massageando com força. Um raio estrondou ao lado de fora. — O que v-você está fazendo aí?

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