☾ 04. Absolutos

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☽ 04 ☾

Taehyun acreditava piamente que aquilo seria coisa de apenas um dia só, que não passava de uma brincadeira orgulhosa e seria esquecido como se jamais tivesse acontecido. Todavia, no dia seguinte, quando apareceu para mais um experimento extra, exatamente da mesma forma, Beomgyu interrompeu tudo com selinhos em seu pescoço que o desconcertavam por completo. Logo, eles trocavam beijos vorazes e bagunçando todo o local, mãos em cinturas, pernas, cabelos, assim como línguas uma contra a outra e de vez em quando sobre a pele.

E aquilo se repetia todos os dias, cada vez mais intenso, até que três meses inteiros tivessem passado voando. Às vezes, Beomgyu o colocava em cima da bancada de trabalho, encaixando-se entre as pernas entreabertas, e aquilo deixava Taehyun completamente vulnerável. Depois de um certo tempo, as carícias migraram para lugares antes proibidos em seu corpo, e Taehyun descobriu sensações totalmente novas, e absurdamente boas.

Ele costumava resmungar quando Beomgyu o tocava em partes proibidas que aquele tipo de coisa deveria acontecer somente entre pessoas casadas, e Beomgyu apenas ria da inocência adorável dele.

O que mais o deixava confuso era que nem sempre eram carícias libertinas, muitas das vezes, eles permaneciam abraçados, ou deitavam juntos no sofá, nos braços um do outro, conversando sobre tudo, ou sobre nada, enquanto os dedos de suas mãos se entrelaçavam manhosamente e eles trocavam sorrisos puros.

Tudo era tão bom. Os momentos dentro daquele espelho eram as partes preferidas do seu dia, as únicas partes que realmente importavam, em que ele sentia algo verdadeiro.

Imprevistamente, Beomgyu estava gravado em sua mente com ferro em brasa.

No entanto, aquilo parecia errado de uma certa perspectiva. Taehyun estava totalmente entregue à Beomgyu, e às vezes se achava bobo por isso. Ele continuava o prendendo dentro daquele espelho, e isso não era algo condizente com seus sentimentos.

Taehyun gostava de Beomgyu, verdadeiramente. E partia seu coração mantê-lo preso. Todavia, se o libertasse, talvez o feiticeiro obscuro e traiçoeiro finalmente se revelasse, após conseguir o queria, através das emoções facilmente manipuláveis de um garoto ingênuo de 18 anos. Ele queria acreditar em cada palavra de Beomgyu, mas se estivesse sendo apenas um bobo apaixonado, as consequências seriam avassaladoras. O mundo inteiro poderia sofrer, se não isso, certamente os seus companheiros como Kai, Soobin e Yeonjun. E era tão horrível ao menos pensar nisso. Ele se sentia pequeno e idiota por estar tão entregue, mas se achava ainda mais sujo e corrompido por sequer duvidar das intenções de quem o fazia se sentir tão vivo.

Aquilo era demais para um jovem aprendiz de feiticeiro suportar. Era um peso gigantesco. Seu cérebro, quando em seu quarto à noite, sempre o lembrava do quanto suas atitudes soavam mesquinhas. Ele mantinha a pessoa que gostava presa, porque era conveniente para si. O peso da consciência era a maior das provações que ele podia passar para expurgar seus pecados.

Foi numa das noites chuvosas de primavera que Taehyun teve um pesadelo.

"Você realmente achou que eu, que vivi por séculos, que manipulei a magia sombria e a esculpi para o mundo, iria me interessar por um pirralho?"

O rosto de Beomgyu era sombrio, sua expressão mal podia ser vista. A lua no céu estava coberta por nuvens cinzentas espessas e catastróficas, diferente da paisagem sempre tranquila de dentro do espelho. Era como o dia do juízo final.

Por Deus. Taehyun pouco havia pensado nisso. Há algum tempo, ele havia sucumbido ao pecado de peito e alma, derretendo nos braços dele, mas nunca Beomgyu parecera um demônio.

Mas dizem que o demônio nunca se parece a si mesmo.

"Você leu os registros, você sabia que não podia confiar em mim, e mesmo assim resolveu acreditar nas minhas palavras contra provas concretas! E então se apaixonou por mim, haha! Você é muito infantil, Kang Taehyun."

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