A justiça

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Domi dançava com Esmeralda, em seu rosto tinha um sorriso enquanto ele batia palmas e segurava a mão da mulher para que ela rodasse, um sorriso também era mostrado nos lábios de Esmeralda, sem se importar se estava sendo julgada por não agir como uma mulher de "respeito" como a igreja falava, Dominique tão pouco se importava, por isso eram amigos.

—- Veja todas essas pessoas, aqui realmente parece o paraíso.

Esmeralda disse enquanto pegava um corpo com cerveja e virava em sua boca, bebendo um grande gole enquanto Dominique revirava os olhos, mas não podia negar que aquele cenário era bem melhor do que quando as pessoas estavam sóbrias, sempre esperando uma oportunidade para julgar uns aos outros.

— Talvez o verdadeiro paraíso seja o inferno, Esmeralda.

— Eu já estive no inferno, meu senhor.

— Você vai começar com suas histórias fantasiosas?, se vai, pelo menos vamos nos sentar antes.

— Não é um conto, é a verdade, o inferno de verdade tem homens com túnicas que pregam o amor, mas apenas conhecem o julgamento e o poder.

— Você quer dizer que não tem o simpático homem com chifres?

— Não, meu senhor, eles usam crucifixos.

Com sua resposta Domi ficou em silêncio por alguns segundos, mas em seguida riu, entendendo onde aquela mulher queria chegar, ele deu um aceno em concordância, sabia bem que aquele sim era o verdadeiro inferno, um lugar que todos ficavam devido ao medo. Esmeralda olhou ao redor, segurando a mão de Domi e o puxando em direção ao corredor onde ficavam os quartos.

— Onde estamos indo?

— Eu quero te mostrar algo.

Ela comenta com um sorriso, o guiado pelo corredor até uma das portas de hóspedes, a abrindo com cuidado e entrando, dando um sinal com a cabeça para que Dominique passasse, o que ele fez de bom grato. O quarto era pequeno, com apenas uma cama e um baú, possuía velas apagadas, o ambiente era escuro, a cama tinha um tecido vermelho.

— Não vai me atacar certo?, planejo ficar puro até o casamento.

— Você não receberia essa sorte, Domi, mas eu poderia muito bem vender sua alma para o diabo.

— Sinto muito, senhorita, mas eu já a vendi faz um tempo.

Esmeralda riu, empurrando Dominique na cama, o qual caiu e se apoiou nos braços, com um semblante assustado como se realmente pensasse que a cigana iria fazer algo, mas em vez disso ela seguiu para o baú, o abrindo em seguida, Dominique viu uma variedade de tecidos de cores escuras, mas o que o chamou atenção foi uma baralho.

— Normalmente eu cobro, mas eu posso ver algo em você.

— Os aldeões também, o próprio demônio, não é encantador?

— Não meu querido, você não é o diabo, eu sou o diabo, e essa noite eu vou te mostrar o seu futuro.

Esmeralda disse com um brilho nos olhos enquanto embaralha as cartas com habilidade, como se já tivesse feito isso muitas vezes, ela espalhou as cartas na cama e se sentou no canto, Dominique não estava acreditando, mas queria ver até onde aquela mulher iria, e quando ela o mandou tirar três cartas ele fez, as entregando para a mulher.

A primeira carta que a cigana virou possuía uma figura de uma mulher sentada em um trono, em uma de suas mãos possuía uma espada, enquanto na outra tinha uma balança, sua coroa chamava atenção, Domi apenas levantou uma de suas sobrancelhas enquanto a mulher sorria ao ver a carta, ela virou a segunda que tinha um homem de cabeça para baixo com uma de suas pernas amarradas, enquanto tinhas as mãos para trás, essa deixou a cigana desconfiada, mas apenas na terceira carta que Esmeralda arregalou os olhos, uma caveira que pisava em cabeças humanas com uma foice, que parecia caminhar em um mar com pessoas se afogando, a carta deixou Domi desconfiado.

--- Eu vejo, em seu futuro você terá uma grande escolha, que irá acabar com um ciclo, ou o tornar ainda pior.

--- E você sabe disso apenas vendo essas cartas?

--- Sim, você tirou a carta da justiça que significa que terá uma escolha que terá que pensar com cautela.

--- Pensar com cuidado não é o meu forte, eu apenas faço.

--- Isso nos leva a segunda carta, o enforcado, significa que você ficará preso a algo, pode ser uma ideia ou alguém, mas se você quiser sair disso terá que pensar com extrema cautela para sair disso.

Dominique franziu a testa, se levantando, ele não queria ouvir aquelas baboseiras, principalmente vindas de uma charlatã, mas antes que ele pudesse a cigana retornou a falar, dessa vez mais séria.

--- A última, a morte, você irá colocar fim a um ciclo, sem nada que possa o prender, você terá que se libertar do seu passado antes que seja tarde

Dominique não quis mais escutar, por mais que não acreditasse na mulher, tinha uma coceira em seu peito devido ao medo, o sentimento que algo ruim estava se aproximando, mas ele queria evitar isso, mas a cigana sabia que ele não conseguiria, não se pode mudar o futuro. A mulher observou enquanto seu amigo ia embora, fechando sua porta para acabar com aquela noite, aguardando o que o amanhã traria.

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Roxy chegou em casa ainda com o braço de Mike sobre seu ombro enquanto arrastava o garoto, bufando irritada por ter ficado com o trabalho difícil, mas se fosse para que seu irmão ficasse mais tempo com Finn, ela iria ajudar, sua casa estava em silêncio quando ela passou pela porta para chegar ao corredor, subindo as escadas e largando Mike no chão, do quarto do mesmo quando chegou até os aposentos dele.

--- Já fiz a humildade de te trazer cachorro pulguento.

A mais nova dos Arellanos disse enquanto batia as mãos, ela escutou o miado baixo de Shure quando a gata de seu irmão entrou no quarto, se sentando perto do rosto de Mike, afiando suas garras e batendo na face do mesmo, como se desse uma ordem para ele se recompor, a felina tinha o pelo negro e olhos verdes, Roxy riu ao ver que a gata estava punindo, ou pelo menos parecia, ela saiu do quarto e passou pelo corredor novamente, mas parou ao escutar seus pais conversando baixo no quarto deles, ela se escorou na porta para ouvir melhor.

--- Viejos hijos de perra!

--- querida eu não entendo quando você fala espanhol.

--- Sinto muito, mas, não havia nada que você pudesse fazer realmente?

--- Não, infelizmente eles a acusaram, eu tentei argumentar, mas você sabe como eles são.

As vozes de seus pais pareciam irritados, ela tentou escutar mais, mas quando notou que seus pais se aproximaram da porta, ela correu para entrar em seu quarto, fechando a porta com cuidado para não ser pega em flagrante.



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