𝐛𝐚𝐩𝐭𝐢𝐬𝐦 𝐛𝐲 𝐟𝐢𝐫𝐞; peaky blinders ✓

･ ｡ﾟ°• ♔ •°───xxix. Judas no Jardim

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CAPÍTULO 29:
Judas no Jardim

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"Você realmente me trairia com um beijo?" — Lucas 22:48

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QUINTA-FEIRA SANTA. 1910.

"HÁ UM HOMEM QUE CONHECEMOS INESQUECÍVEL, irmãos e irmãs. Há um homem cujo nome não dizemos. Ele está tão desgraçado que São Judas se tornou o padroeiro das causas perdidas depois de ter um nome tão semelhante ao deste homem. Esse é o maior castigo? Para ser incalculável? Ou a razão pela qual não dizemos isso é pior: o odiamos tanto? Gostaria de falar com você sobre Judas Iscariotes. Perdoe-me por dizer o nome dele. Mas gostaria de falar com vocês, irmãos e irmãs, sobre o homem que esquecemos. Um filho de Deus deixado para trás. Judas era filho de Simão, ele já foi um menino. Pense em seus filhos. Eles têm brinquedos? Eles jogam? Judas era uma criança com brinquedos, amigos e jogos favoritos. Mas não ouvimos falar disso. A tragédia da Bíblia é que ela nos diz muito, mas não pode nos dizer tudo – o Bom Livro nos fala primeiro sobre Judas quando ele era discípulo de Cristo, o Filho do Homem. Nunca ouvimos falar de como ele provavelmente amava a mãe e mergulhava no rio nos dias quentes quando era menino. Como ele fez amizade com Cristo e foi gentil com ele. Só conhecemos Judas Iscariotes como uma coisa: um traidor."

No primeiro banco da paróquia, Beatrice Price, de treze anos, balançava as pernas para a frente e para trás, nervosamente. Esta foi a primeira vez que seu pai a deixou contribuir escrevendo para uma homilia – proferida em inglês, apesar da reação negativa que ele poderia ter recebido da diocese se eles se importassem o suficiente para fazer cumprir as regras. Era um grande dia, Quinta-feira Santa, e apesar da pressão crescente de suas próprias palavras sendo ditas para ela na frente de várias centenas de pessoas, Bea — estupidamente — só conseguia olhar para ele.

O menino DeSilvio. Com seu cabelo escuro penteado para trás e sua pele morena dourada sob a luz da manhã. Ele se ajoelhou no banco do outro lado do corredor, e ela poderia jurar que o pegou olhando para ela mais cedo, durante a primeira leitura, mas ele não olhou para trás desde então. E se ele pensasse que ela estava olhando para ele? E se ela o estivesse perturbando de alguma forma, observando?

Bea forçou-se a concentrar-se novamente nas palavras do pai. "Fomos todos feitos à imagem de Deus, meus amigos. Até mesmo Judas. Ele pode ter feito algo que consideramos imperdoável, mas não devemos esquecer: não é nossa função aplicar punição ou misericórdia. Deixamos isso para Deus." Só então, o garoto DeSilvio lançou os olhos para ela. Bea sustentou seu olhar. Então, o impensável: ele sorriu. Oh, Senhor, ela pensou, com o coração apertado. Aquele sorriso.

Esta não foi a primeira vez que jogaram este jogo. Desde que começou a ajudar o pai a escrever as homilias no ano passado, ela assumiu uma posição na primeira fila da igreja. Foi, ela supôs, por causa da mensagem; ela frequentemente chamava a atenção dele quando ele chegava às frases que ela passou horas refinando, mas ela estava ficando mais velha e egoísta, e não conseguia impedir que sua atenção se voltasse para o lindo garoto de olhos castanhos escuros. Eles faziam isso todos os domingos, e agora que era a Quaresma, com mais frequência, mas ainda não tinham falado além das manhãs, quando ela lavava o cibório e os cálices antes do início da missa e os entregava a ele e aos outros coroinhas, ambos seus irmãos. Um mais velho e outro mais novo. Ela nem sabia os nomes deles, pelo amor de Deus, só que eram filhos de Gio, e Gio era dono do café do outro lado da cidade.