Capítulo 10

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Fazia mais de uma semana que Hanabi havia acordado e, com isso, a terceira semana de encarceramento de Sasuke Uchiha também tinha sido concluída. Hinata o visitava todos os dias próximo do horário de alguma refeição, para que pudessem fazê-la juntos e livrar o Nukenin da comida da prisão, já que ela sempre trazia algo para eles comerem. A caçula dos Hyuuga teve alta no dia anterior e Hinata não poderia estar mais radiante. O moreno havia se tornado depende das visitas da Anbu. Seu dia parecia começar apenas após vê-la. A cada dia que findava, o prisioneiro esperava ansioso pela próxima visita. E era assim que ele se encontrava neste final de manhã. Ele ainda pensava na conversa que teve com ela após Hanabi acordar. Ele não havia contado que era o garoto das lembranças dela. Em seu íntimo, tinha medo de que ela se sentisse decepcionada. Afinal, o herói de suas memórias era um criminoso traidor da própria vila, com as mãos incrivelmente sujas de sangue. Não poderia revelá-la isso e estragar uma memória tão importante para ela.

Sasuke foi tirado de seus pensamentos por aquele chakra tão incomum  - e tão conhecido - que adentrava o prédio do Esquadrão Anbu. Um sorriso pequeno surgiu em seus lábios. Ela tinha chegado. Fingindo indiferença, o Nunkenin permaneceu imóvel, apenas aguardando sua entrada. Antes de seus olhos a verem, seu olfato já havia sentido o maravilhoso perfume de lírios que emanava dela. Quando ela passou pela porta, ele finalmente pôde ver aquele sorriso singelo que tanto gostava. Como todos os dias, Hinata conversou por poucos minutos com o Anbu, dispensando-o. Só depois disso que ela se aproximou da cela.

– Olá. – Disse ela com sua voz doce.

– Oi. – A morena sorriu. Nos primeiros dias de sua missão, não importava quantas vezes o cumprimentasse, ele nunca a respondia de volta. No auge de sua gentileza, o Uchiha apenas a olhava.

– Trouxe comida caseira dessa vez. – Continuou ela, após entrar na cela e trancá-los lá. – Como Hanabi está em casa, não passo mais o dia todo no hospital, então consegui um tempinho para cozinhar para nós. – Ela sorriu para ele. E ele? Bom, ele foi atingido em cheio por aquele sorriso.

– Obrigado. – Disse ele, quase num sussurro. Entretanto, no mesmo momento que o fez, arrependeu-se. O sorriso sarcástico que nasceu no rosto de sua visitante dizia que ela não aceitaria em silêncio sua declaração.

– Ora, ora, Uchiha. Parece que a saudade muda mesmo um homem. – Falou ela, de maneira convencida.

– Tsc – Sasuke fechou a cara. – Fique quieta, Hyuuga. Por mais chocante que pareça, eu fui muito bem educado. – E virando o rosto para o outro lado, completou – E é Sasuke.

– O quê? – Perguntou ela, confusa, diante da última frase dele.

– É Sasuke – Continuou ele, sem olhá-la. – Não Uchiha. Acho que já passamos da fase de formalidades. – Hinata estava muito surpresa. Ela havia chamado ele pelo primeiro nome algumas vezes, mas sempre no calor da emoção. Com medo de ser invasiva, ela tinha retornado a chamá-lo pelo sobrenome, em sinal de respeito. Com um sorriso doce, ela respondeu:

– Então, pare de me chamar de Hyuuga. O chamarei pelo nome quando você também fizer o mesmo. – Ele a olhou, finalmente. Um sorriso de canto nasceu em seus lábios quando ela sentou ao seu lado. Um sorriso cafajeste que deixou a Anbu sem fôlego. E, aproximando-se cada vez mais dela, ele declarou:

– Acordo fechado, Hi-na-ta. – Eles estavam tão próximos que a morena sentia a respiração dele tocar seu rosto. Desde o quase beijo, Sasuke não conseguia tirar a entrega dela da cabeça. E, com isso em mente, não conseguiu refrear suas ações. Queria confirmar se ela o queria tanto quanto ele a queria. Na mente do Uchiha, o que estava acontecendo era muito claro: ele estava isolado, tendo como único contato a mulher mais bonita de toda a Aldeia da Folha. Obviamente, ele sentia-se atraído por ela. Ele gostar de vê-la sorrindo ou de ouvir a voz gentil dela não passava de gratidão pelo que a kunoichi vinha fazendo por ele. E, sobre seu coração disparar quando a tinha por perto, não passava de outra consequência do isolamento. A paz que ele sentia quando a tocava era justificada pelo fato do Nukenin nunca ter estado na presença de alguém tão bom e gentil quanto Hinata. A aproximação que ele havia acabado de causar não passava de um experimento para suprir sua curiosidade. Apenas isso. Como bônus, ele veria o rosto dela adquirir alguns tons de vermelho.

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