Capítulo 4

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– Por que não tirou a máscara antes? – Sasuke perguntou após ela ajudá-lo a vestir sua blusa.

– Sinceramente? Não achei que mudaria alguma coisa. Leão Negro ou Hinata, achei que continuaria sendo uma estranha para você. Então, como estou a serviço da Anbu, decidi optar pela máscara. – A morena explicou enquanto guardava os utensílios que usou para trocar o curativo do Nukenin. – Mas aparentemente eu estava errada, afinal você conhece Hinata Hyuuga.

Honestamente? A perolada não poderia estar mais surpresa. Ela havia passado pela Academia como uma sombra. Ninguém falava com ela naquela época. Os primeiros amigos que a Hyuuga teve foram Kiba Inuzuka e Shino Aburame, que apenas a conheceram por terem sido postos em um time com ela. Não havia outra escolha a não ser se conhecerem e tentarem ter uma convivência pacífica e harmônica. Felizmente, o Time 8 criou laços profundos, se tornando a família de Hinata. A verdadeira. Com exceção de Hanabi e Neji, o Clã Hyuuga não passa de um bando de desconhecidos que sempre a menosprezaram e isso inclui seu próprio pai. A relação deles não havia mudado muito depois da guerra. Hiashi ainda a tratava de maneira fria, mas ao menos as humilhações tinham parado. Isso aconteceu por dois motivos: 1) a morena havia provado seu valor na guerra e ao entrar para a Anbu com honras e 2) ela nunca mais abaixou a cabeça para ninguém, nem para seu pai, nem para o conselho do clã. Bom, eu sou a primogênita do Clã Hyuuga, o mais poderoso da aldeia (antes, seu clã rivalizava em poder com o Clã Uchiha, mas com sua quase extinção, não havia mais rival), pensou Hinata, deve ser por isso que ele me conhece, afinal, na teoria, sou a herdeira e a próxima líder.

A morena não deu realmente tempo para que Sasuke a respondesse. Ela saiu da cela, trancando-o, e foi preparar a bolsa de gelo. A verdade é que o Uchiha lembrava dela de antes mesmo da Academia.

Flashback on

Sasuke estava brincando na neve, distraído, quando um choro baixo chamou sua atenção. Ele seguiu aquele som triste até encontrar sua fonte. Atrás de uma moita, havia uma menininha de cabelo curto negro-azulado encolhida, com o rosto escondido nas pequenas mãos. O Uchiha não sabia ao certo o que fazer, mas queria ajudá-la. Ele, então, se aproximou dela e tocou seu ombro.

– Ei, você está bem? – A garotinha levou um susto, pois não tinha notado a aproximação dele. Quando ela olhou para Sasuke, ele a reconheceu. "A menina dos olhos de lua! A que vi no festival de inverno!", pensou ele. Havia até mesmo comentado com Itachi sobre ela.

– E-eu estou b-bem – Gaguejou a menina.

– Então, por que está chorando? – A pequena perolada havia entrado em um dilema. Deveria contá-lo o que aconteceu? Ela o analisou discretamente e encontrou gentileza nos olhos dele, olhos que a lembravam de uma noite sem estrelas.

– É q-que uns m-meninos mais velhos f-foram ma-maus comigo... E-eles me chamaram de m-monstro... P-por causa dos meus o-olhos. – Ela falou, sem coragem de encará-lo. Tinha medo de que na face daquele menino estivesse estampada a concordância sobre a fala dos garotos – E-então, eles co-começaram a correr a-atrás de mim. E-eu m-me escondi a-aqui.

Sasuke estava chocado. "Monstro? Aqueles lindos olhos? Que bando de idiotas!", pensava ele. O moreno se abaixou e ficou ao lado dela. Ele a encarou por longos minutos antes de finalmente se pronunciar, o que deixou a menina ainda mais corada.

– Seus olhos... Eles me lembram a lua cheia. – A garotinha ficou surpresa com o que ele disse. O olhar intenso dela deixou o Uchiha com vergonha, ele sentiu suas bochechas ficarem quentes. Para que conseguisse terminar o que planejava falar, ele desviou o olhar para neve. – A lua ilumina a noite com sua luz. Ela é linda. Eu gosto dela, porque ela espanta a escuridão. Me sinto mais seguro quando ela está alta lá no céu. – Juntando coragem para olhá-la, ele continuou – Você acha que a lua é um monstro?

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