Capítulo Dezesseis Parte 2

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- Sana?

Momo chamou a amiga ao mesmo tempo que largou a bolsa ao lado da porta e se apoiou na parede. Depois da noite que tivera, ela mal sentia as pernas, e seus braços não estavam num estado muito melhor.

- Está aí?

Sana pôs a cabeça pra fora da cozinha.

- Oiê. Se divertiu?

- Pode-se dizer que sim.

Momo deu a volta na bancada. Mina a havia entupido de panquecas na casa dela - panquecas de verdade, não as de caixa -, mas ela continuava com fome. Poucas horas de sono somadas a uma maratona de sexo faziam aquilo com as pessoas.

Ela abriu a geladeira... vazia. Com exceção de um vidro de picles e um potinho cheio de molhos de pimenta do Taco Bell, que elas colecionavam por causa dos nomes engraçadinhos nos pacotes, elas não tinham nada.

- Satang, precisamos fazer compras.

Sana remexeu na cesta de cápsulas sortidas de café das duas e escolheu uma torra escura extraforte. Do tipo que deixava Momo elétrica só de sentir o cheiro.

- Quer que eu traga algumas coisas na volta?

Momo fechou a geladeira e se encostou nela, franzindo a testa.

- Vai sair?

- Sim. Aquele meu computador idiota é quase uma antiguidade, sabia? Ele me veio com a tela azul da morte ontem, então Nayeon se ofereceu para ir comigo comprar um novo. Ela vai estar com a mãe à tarde, mas disse que de manhã teria um tempo.

- Não me leve a mal, mas estou achando sua amizade com Nayeon um pouco assustadora.

- Como é que alguma coisa pode ser um pouco assustadora?

- Shhh, você entendeu.

Talvez fosse uma consequência dessa história entre ela e Mina ter começado de forma desastrosa e depois se tornado uma mentira, mas Momo tinha receio de passar muito tempo com Nayeon em momentos que não estivessem relacionados ao trabalho. E se ela deixasse alguma coisa escapar, alguma coisa incriminadora, que pudesse colocar toda a mentira a perder? Ela esperava que, agora que Mina e ela tinham algo real, real demais, ela e Nayeon pudessem se aproximar. Como ela e Sana, que do nada eram melhores amigos, seu amor mútuo por Harry Potter e escaladas fornecendo a ambos material de sobra para passarem tempo juntos para além da parceria profissional.

A máquina apitou, sinalizando que o café de Mar estava pronto. A amiga pegou a xícara e a levou até a boca, soprando o líquido.

- Nós quase não falamos sobre você e Mina.

- Mas falam, então.

- Só no sentido de Nayeon estar encantada com vocês duas e ficar dando tapinhas nas próprias costas por, e isso é uma citação direta, "orquestrar o match da década". Eu, é claro, tiro sarro dela porque, convenhamos, "match da década". - Sana tomou um gole do café, mesmo ainda escaldante. - E aí, depois disso, ela fica todo melancólica para ter um relacionamento também. Eu vou te dizer uma coisa, talvez Nayeon seja mais romântica que você. Pareceu ofendida quando comentei que ela estava precisando transar.

- Hum, sujo e mal lavado?

- É só uma seca, Sana.

Momo tossiu.

- Deserto.

Sana enfiou a mão na pia, pegando um montinho de espuma de sabão e atirando-o em cima de Momo, errando por um triz, porque ela abaixou.

- Outro dia no Tinder esbarrei num cara que achava, de verdade, que ser pansexual significava ter tesão por pão. "Quero ver seu pãozinho bem assado, gata."

Presságios Do Amor - MimoOnde histórias criam vida. Descubra agora