O que fazer quando faltando apenas um mês para o natal você é despedido e obrigado a trabalhar como secretário do pai da sua melhor amiga? Pai esse que nunca foi com a sua cara desde a época em que o conheceu, ou seja, quando ainda cursava faculdad...
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Quando penso que sou uma pessoa de sorte, me vem um baque, eu pensei, sonhei, pela primeira vez em muito tempo que teria um dinheiro para dar uns presentes bem legais para as minhas mães nesse Natal, mas olha só eu aqui colocando todos os meus pertences em uma caixa para ir para casa apenas com o salário desse mês, o que vai ser suficiente apenas para o aluguel do meu apartamento e minhas necessidades para esse mês, que adivinha só, é dezembro, dia dois de dezembro mais especificamente. Durante um ano inteiro eu ganhei o suficiente para me manter, mas agora estou no buraco, talvez tenha até que voltar para a casa das minhas mães se não arrumar um emprego logo.
Minhas mães estão casadas a quase quarenta anos, eu nasci de minha mãe Ana, mas tenho o DNA da minha mãe Deusa também, eu fui uma criança a qual elas planejaram desde o terceiro ano de casadas, cresci em uma casa cheia de amor e tive a melhor educação que alguém poderia ter.
Consegui uma bolsa numa faculdade bem cara, onde cursei contabilidade, ciências contábeis para alguns, é, eu sempre gostei muito de matemática, ao contrário da minha mãe Ana que a mais de quinze anos é professora de língua portuguesa, e minha mãe Deusa é dona de um restaurante bem família no centro da cidade.
Foi nessa faculdade que conheci Keith, sua pele negra e cabelos cacheados longos até a cintura faz dela uma mulher para lá de linda, coloque isso aos olhos caramelo que ficam hipnotizantes com um lápis de olho, ai pronto, ninguém é indiferente a tanta beleza, minha melhor e única amiga, o que me faz pensar nele, mas logo corto o pensamento, não quero pensar nesse homem num momento como esse, vai estragar ainda mais a minha vida.
Keith foi adotada em seus primeiros anos de vida, o pai dela é tipo assim, o homem mais milionário desse país, ela vai herdar a empresa de automóveis mais requisitada tanto aqui no Brasil quando em vários outros países. Cursamos juntos a faculdade de contabilidade, e desde então somos inseparáveis, o que faz o pai dela me odiar um pouco, nunca entendi isso, mas aquele velho não tem mesmo como se fazer entender. Não que ele seja um idoso, pelo que parece não tem mais de cinquenta anos, mas eu gosto de irritar o homem, é, talvez eu não tenha muito amor a minha vida.
Hoje Keith trabalha com o pai, o que é meio obvio, já que ela vai herdar tudo, ela trabalha com contabilidade gerencial, cuida de todas as finanças da empresa. E eu não passei de secretário, ela até queria que eu fosse com ela, mas não aceitei, não queria dar mais um motivo pro papai dela me odiar.
— Jezz. — Meu ex patrão surge em frente a minha mesa, eu fiz estágio aqui durante um ano, então logo fui efetivado, dois anos trabalhando aqui como secretário de Osmar, um senhor muito gentil, e agora estou indo embora porque sua empresa está falindo e ele vai abrir um novo negócio, mas vai levar alguns poucos funcionários que está com ele a mais tempo, e eu realmente entendo isso, apenas não estou feliz por estar desempregado.
— Senhor, Osmar.
— Sinto muito que tenha que ir assim, você é um excelente profissional, e acredite, eu estou perdendo muito sem você, mas tive que fazer uma escolha. — Sou o melhor e não me escolheu. 'Tá, talvez eu esteja um pouco sentido.
