Estou sentado no sofá de minha casa quando minha filha desce as escadas correndo e se joga ao meu lado, seu sorriso indica que ela vai me pedir algo, a conheço a tempo demais para não saber o que cada sorriso dela significa, desde seus poucos meses de vida que eu a criei sozinho e cuidei de sua educação, ela nunca precisou de babá, apenas quando tinha cinco anos que contratei uma, eu sou dono de um empresa a qual meus bisavós ajudaram a construir, eu poderia me ausentar por alguns anos para cuidar da minha pequena bebê. Então coloquei meu sócio e melhor amigo, Davis, no comando de tudo enquanto passei cinco anos em casa cuidando da minha filha. Noites sem dormi, trocando fraldas sujas, choros sem fins quando tinha cólicas, foram anos difíceis, mas não mudaria nada, hoje temos uma relação linda de pai e filha e isso não tem preço.
Mas mesmo que não pudesse estar cem por cento presente em seus primeiros anos de vida, isso não impediria de amar e construir o que temos hoje. A final de contas, não é o tempo que temos juntos, e sim o que fazemos com ele, eu a amei, cuidei, lhe passei meus melhores valores, e olhando a mulher linda e extraordinária que minha filha se tornou, mostra que fiz algo de certo e bonito.
Seus cabelos cacheados estão trançados agora, eu mesmo que fiz ontem antes dela dormi, eu aprendi a cuidar de seus pequenos cachos. Os olhos dela brilham e sei que não vou gostar de iniciar essa conversa.
Ela beija minha bochecha e sorrir ainda maior para mim.
— Meu querido papai. Tenho algo para falar com você.
Reviro meus olhos a puxando para meus braços, ficamos abraçados de lado.
— Sinto que te mimei demais e não vou gostar dessa conversa.
— Claro que vai gostar, é uma solução para os seus problemas.
Ela volta ao seu lugar, cruzando as pernas e ficando de frente para mim no grande sofá.
— É sobre o Jezz.
Já estou revirando meus olhos, minha filha bufa.
— Quero saber por que você não gosta, ele sempre foi gentil e meu melhor amigo, e desde que ele chegou eu não te reconheço quando está na presença dele.
Desvio meus olhos, olhando para um quadro aleatório do outro lado da sala, atrás de um pequeno sofá de dois lugares.
— Filha, não vamos entrar nesse assunto.
— Não pai. Chega. — Ela segura minhas mãos e faz eu olhar em seus olhos. — Eu aguentei isso sem me meter por anos, mas poxa pai, vai fazer mais de seis anos essa sua rixa, esse ódio gratuito pelo meu amigo, meu melhor amigo, a pessoa mais brilhante e legal de toda minha vida.
Respiro fundo e deito minha cabeça no encosto atrás de mim.
Na verdade, são seis anos sem saber o que sinto, sem saber o que pensar, quando vi aquele garoto na minha frente foi como ver uma pintura, ele brilhava, cada parte dele parecia brilhar, seu sorriso na minha direção me deixava tonto, eu estava começando sentir coisas que apesar da minha avançada idade eu nunca tinha sentido antes, aquilo me assustou, me apavorou, então como era desconhecido eu me afastei, tentava ao máximo não me aproximar, e quando me aproximava sentimentos tomavam conta de mim, e como que para me proteger minha expressão se fechava, eu me fechava, e toda a educação de anos parece que sumia, eu não conseguia raciocinar perto dele.
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Só porque é natal
Kısa HikayeO que fazer quando faltando apenas um mês para o natal você é despedido e obrigado a trabalhar como secretário do pai da sua melhor amiga? Pai esse que nunca foi com a sua cara desde a época em que o conheceu, ou seja, quando ainda cursava faculdad...