➳ 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘦𝘯

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[✓] CAPÍTULO REVISADO: 21-12-23.

O palácio era ainda mais bonito por dentro. Largos corredores, uma excelente iluminação e a sensação de conforto por onde quer que você fosse. Diferentemente do que pensou, Carlos não recebeu qualquer olhar desconfiado. Alguns guardas até mesmo sorriram conforme cruzava o corredor.

Porém, o mais bonito de tudo era certamente o sorriso de Florence.

Após alguns minutos de caminhada, ambos alcançaram uma porta dupla localizada no fim de um dos corredores. A madeira outrora branca, estava quase totalmente pintada com cores claras que formavam desenhos magníficos.

Ao abrir ambas as portas em um solavanco, Carlos não teve palavras para descrever o quão impressionado estava com a visão que deve do cômodo.

Era gigantesco e muito bem iluminado, assim como todas as outras partes do palácio. As paredes eram cobertas por pinturas belíssimas. Muitas estantes de livros, um grande espelho ao lado do imenso guarda-roupas e janelas nas quais davam visão para o reino.

— Esse lugar... — Ele começou, porém sua voz morreu na garganta.

— Normalidade eu sou muito modesta e digo "ah, não é nada demais". Mas neste caso eu preciso dizer. — Florence sorriu, adentrando o cômodo. — Esse lugar é incrível.

— Incrível. — Carlos repetiu. — Essa é a palavra certa. Incrível.

Florence sorriu mais uma vez, indo em direção à varanda. Apoiando-se na beirada, a jovem teve uma visão privilegiada do reino que um dia comandaria. Uma sensação de conforto invadiu seu peito. Era tão bom estar em casa...

Carlos a seguiu, ficando ao seu lado. O rapaz admirou a vista por um ou dois minutos, em silêncio. Para ele, era praticamente impossível pensar que um lugar daqueles realmente existisse. Ele havia passado tanto tempo na Ilha dos Perdidos, sendo ensinado a odiar o outro lado, que nunca sequer pensou quão bonito ele poderia ser.

Bonito...

De canto de olho, Carlos observou Florence sorrindo. Seu semblante era simplesmente radiante, assim como o mais brilhante raio de Sol.

— Sabe, há muito o que se ver por aqui. — A garota comentou, tirando Carlos de seu pequeno transe.

— Ah... É mesmo? E o que você tem em mente? — O rapaz perguntou, tentando firmar a voz.

— Por que você não me diz? — A garota virou-se para ele, ansiosa. — Podemos ir para onde você tiver vontade. Como uma folha ao vento.

A ideia deixou Carlos empolgado. Já que estava lá justamente para aproveitar o tempo com Florence, por que não começar imediatamente?

As próximas horas foram marcadas por um sentimento que o filho da Cruella nunca experienciara anteriormente — a verdadeira felicidade.

O reino era animado, as pessoas eram a mais pura simpatia. Em momento algum trataram Florence como uma princesa ou ele como um vilão. Por lá, eles eram apenas pessoas comuns. Sem rótulos, sem passado para ficar remoendo.

Primeiro foram à feira de artesanato, em seguida à uma confeitaria. Ao saírem de lá, se depararam com uma pequena comemoração que algumas pessoas estavam fazendo. Havia música e algumas pessoas dançando.

Em certo momento, a garota chamou Carlos para se unir a ela. O rapaz, incerto a princípio, decidiu negar. Mas ele deveria saber que ela não se convencia fácil e, quando menos esperava, acabou sendo puxado para o meio de toda aquela bagunça.

Para sua própria surpresa, até que dançava bem. Quando a música acabou, o mesmo viu-se diante de Florence. A garota ria, como se aquilo tivesse sido a coisa mais divertida que havia feito nos últimos tempos.

— Você dança bem, não? — A mesma comentou. — Não tinha me dito que era tão bom nisso.

— Nem eu sabia. — Carlos respondeu. Ele estava ofegante, porém não cansado. Era como se fosse imune a tal. Talvez aquela terra mágica tivesse ele efeito. — Bem... Onde vamos agora?

A garota olhou para o céu. Já estava quase anoitecendo. Ela acenou, indicando para qual direção eles deveriam seguir. Carlos, sem sequer perguntar, acompanhou-a.

Minutos depois, ambos estavam diante de um pequeno porto. Apesar do escuro, era possível ver a figura do palácio bem diante da grande massa d'água. Atracados ali próximo, haviam alguns barcos.

— E você não havia me dito que sabia conduzir uma coisa dessas. — Carlos disse enquanto Florence embarcava em uma gôndola.

— Eu não sei. Se morrermos, prometo que será por uma boa causa. — A garota deu de ombros. O tom de sua voz era divertido. — Vamos, entre. Já está quase na hora.

— Hora de quê? — O filho da Cruella quis saber. Cautelosamente, ele adentrou o pequeno barco que partiu rumo à escuridão. A única luz que tinham, a princípio, era a de uma lamparina que ficava pendurada em uma das pontas da gôndola.

Não foi preciso que ele esperasse muito para descobrir o que estava prestes a começar. Ao longe, viu uma pequena luz ser acesa. O que mais chamou sua atenção foi o fato dessa mesma luz, instantes depois, começar a flutuar. Foi quando ele percebeu que não se tratavam de lamparinas, mas sim de lanternas flutuantes.

Imediatamente, assim que a primeira foi lançada, milhares delas surgiram no céu. Aquele, com toda certeza, era o momento mais bonito que Carlos havia experienciado em sua vida. Seus olhos brilhavam em admiração.

— Eu me lembro dessa história. — Ele comentou em certo momento, e desviar o olhar do céu. — As lanternas flutuantes eram uma tradição anual que o reino celebrava no aniversário da sua mãe... Espere, então quer dizer que hoje é o aniversário dela?

Florence negou com a cabeça.

— Não. — Ela disse. — Na verdade, o aniversário é meu.

Esse pequeno detalhe surpreendeu Carlos por completo, que sentiu-se mal por nunca ter perguntado a ela quando era sua data especial.

— Eu não sabia... — Ele murmurou, coçando a parte de trás de sua cabeça. — Feliz aniversário.

— Obrigada. — Ela sorriu gentilmente.

— Eu... Não tenho nenhum presente para te dar. — Carlos suspirou em próprio desaponto.

Florence tomou-lhe as mãos. Seus olhares se encontraram. Por um momento, tudo ao redor de Carlos pareceu desaparecer por completo. Apenas pelo olhar, ele entendeu que Florence não se importava se ele lhe daria um presente ou não.

Com o coração acelerado, Carlos lentamente se aproximou, seu rosto se aproximando do dela. Florence fechou os olhos, antecipando o toque iminente. Os lábios finalmente se encontraram em um beijo ardente e apaixonado, um momento que parecia conter o universo inteiro, onde o tempo pareceu desacelerar, e suas almas se conectam profundamente em um gesto de amor puro e inexprimível.

Quando ambos se separaram, após um momento de silêncio, Florence sorriu.

— Acho... Que esse foi o melhor presente que você poderia ter dado...

𝐈 𝐒𝐄𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 • carlos de vilOnde histórias criam vida. Descubra agora