➳ 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘸𝘰

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[✓] CAPÍTULO REVISADO: 10-12-23.


Florence deu-lhe um sorriso gentil para Carlos, que pareceu surpreso por um instante ou dois.

— É um prazer conhecê-lo, Carlos. — Florence disse.

O rapaz apenas assentiu com a cabeça. Era nítido que ele não estava acostumado com gentileza. Florence deu um pequeno sorriso, analisando todos os traços do garoto.

— Pelo visto gosta de chocolate. — Apontou, numa tentativa de iniciar uma conversa.

— O quê? — Ele perguntou, confuso.

— Oh, é que sua boca, bem, está suja. — Ela rapidamente explicou.

Carlos rapidamente levou uma das mãos ao local, limpando-o.

— Sim, gosto. — Ele respondeu, enfim. — Nunca tinha experimentado antes.

Florence surpreendeu-se.

— Sério?

— Sim, sério.

O grupo já havia adentrado o prédio, deixando-os para trás. Florence pensou por um momento, ponderando a situação. Ela tecnicamente estava responsável por apresentar a escola para os novatos e fazer toda a política da boa vizinhança . E que outra melhor maneira de conhecer alguém senão passando um tempinho com ele?

— Vem comigo. — Disse.

— Para onde vamos? — Carlos perguntou, soando ressabiado.

— Eu tecnicamente sou responsável por apresentar a escola. — Respondeu com sinceridade em sua voz. — Mas como você gosta tanto de chocolate e nunca havia experimentado antes, pensei em te mostrar algo muito mais interessante.

Carlos pareceu pensar por um momento.

— A menos, claro. — Florence completou. — Que você prefira ir junto de seus amigos. A decisão é toda sua.

— Tudo bem. — Ele respondeu, parecendo interessado na proposta. — Vamos.

Florence sorriu novamente. Ela fez um gesto com sua mão, pedindo para que ele a seguisse. Ambos passaram pelo campus e alguns corredores, estes não estando tão cheios de pessoas como costumava ser. Até que finalmente chegaram à biblioteca. Era nítido que Carlos estava impressionado com a estrutura do local.

A garota percorreu algumas estantes até chegar à uma escada que subia para o segundo andar. Havia uma placa na qual estava escrito "proibido avançar", porém ela ignorou-a completamente. Carlos franziu o cenho.

Subindo degrau por degrau, chegaram a uma área um tanto inesperada. Aquela parte, apesar de pequena, parecia ser o escritório de alguém. Alguns sofás, livros empilhados no chão e pinturas nas paredes.

— Que lugar é esse? — Ele perguntou, curioso. — Nossa...

— Bem-vindo ao meu esconderijo secreto. — Florence sorriu. — Eu venho até aqui quando preciso relaxar ou apenas passar o tempo.

Foi em direção a um pequeno cofre que, por sua vez, estava sobre uma mesinha.

— E é aqui que guardo meu estoque de doces. A Fada Madrinha diz que temos que ter um paladar saudável, mas às vezes comer somente coisas light é tão enjoativo. Por isso guardo isto aqui. — Abriu o cofre, revelando uma quantidade surpreendente de doces. — É encantado. Peça o que quiser e aparece lá dentro.

Carlos pareceu mais surpreso do que nunca.

— De verdade? — Ele aproximou-se do cofre.

— Por que não faz um teste?

O interior do cofre brilhou por um instante ou dois antes de uma barra do doce aparecer ali. Pela primeira vez desde que chegou, Carlos sorriu admirado. Ele pegou o chocolate em mãos e deu uma grande mordida.

— Isso é tão bom...

— É, eu sei. — Florence deu uma pequena risada, sentando-se numa poltrona. — Então, o que está achando de Auradon? Aposto que foi um choque quando descobriu que viria para cá, não?

— A primeira impressão? É... Todos muito hospitaleiros. — Carlos sentou-se num sofá próximo. O mesmo virou-se para a parede, podendo ver as pinturas ali feitas. — Foi você quem as fez?

Florence assentiu com a cabeça.

— Sim, fui eu. — Ela respondeu. — Minha mãe adorava pintar quando jovem e me ensinou durante minha infância. Acontece que não há muitas telas em branco pela escola, então decidi usar este espaço como ateliê livre. Ninguém nunca vem aqui de qualquer forma.

— São muito boas. — Carlos disse, porém era notório que estava curioso com algo. Por isso, em seguida fez outra pergunta. — Quem é sua mãe?

— Rapunzel. — Florence sorriu timidamente ao lembrar-se da mãe. Fazia tempo que não a via, talvez algumas semanas, por conta da correria que estava no Reino de Corona, onde morara até sua ingressão na Escola Auradon. — Meu pai é Eugene.

— Filha da Rapunzel... — Carlos murmurou. — Legal. — O silêncio permaneceu inquebrável por alguns minutos. — Então... Aqui em Auradon vocês têm muita magia? Pelo visto, sim, se levarmos em conta esse cofre incrível.

A pergunta não havia surgido como mera curiosidade. Antes de deixarem a Ilha dos Perdidos, Malévola lhes contou o plano que arquitetou para retomar o poder que outrora tinha. Eles iriam fazer tudo o que estivesse ao alcance para roubar a varinha da Fada Madrinha e libertar os pais daquela prisão, iniciando assim uma vingança.

Em particular, Carlos não via problema algum nisso. Na ilha, ele e seus amigos estavam acostumados a roubar qualquer coisa que quisessem. Roubar a varinha seria difícil, claro, mas não impossível.

— Sim, isso existe. É evidente. Mas a maioria da magia está aposentada. — A garota respondeu, dando de ombros. — Quando a Fera se elegeu rei dos Estados Unidos de Auradon, todos os objetos mágicos ou enfeitiçados foram parar no Museu de História Natural. — Ela revirou os olhos. — Bem, nem todas. Mas mesmo assim. Agora somos... Mortais comuns.

Museu de História Natural... Foi mais fácil do que pensei.

— E que por acaso são príncipes e princesas. — Carlos apontou com ironia em sua voz.

— Não pense dessa forma. — Florence respondeu. — Eu e você somos iguais, afinal de contas. Não deixe que um título ridículo de "princesa" ou "vilão" limite você. É o que eu penso. Quero dizer, você pode ser quem quiser.

Os olhos de Carlos pareceram brilhar com essa resposta. Nesse momento, Florence sabia que havia ao menos o convencido de que não era uma princesa fútil como a apresentação anterior a fez parecer. Uma nova amizade havia acabado de surgir, para surpresa de Carlos, que pensou que Auradon fosse um inferno repleto de olhos julgando-o. 

— Acho que devo ir agora. — Ele disse, levantando-se. — Meus amigos devem estar se perguntando onde estou... Ou não. Nunca sei o que se passa na cabeça deles. 

— Tudo bem. Quando descer as escadas não esqueça de colocar a placa de volta no lugar. — Florence pediu. — Se a Fada Madrinha descobrir que eu venho aqui, eu estaria morta. 

— Você não vem? — Perguntou. 

— Tenho que retocar algumas pinturas por aqui. — A garota respondeu. — Mas te vejo mais tarde. Isso, claro, se você quiser. 

— Te vejo mais tarde. — Carlos sorriu minimamente antes de ir embora. 

𝐈 𝐒𝐄𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 • carlos de vilOnde histórias criam vida. Descubra agora