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Blake

Passei muitos dias procurando uma garota que fosse boa o bastante para se passar por minha namorada. Demorou, mas finalmente achei. É pulso firme o bastante para suportar meu pai, delicada o bastante para agradar minha mãe, e bonita o suficiente para ser digna de estar ao meu lado.

Foi mais difícil do que eu pensei convencê-la, ela não pareceu aceitar no começo, mas depois que comentei o valor que ela receberia, aceitou na hora.

Eu sei que tudo isso pode parecer loucura, mas meus pais realmente me pressionam para absolutamente tudo.

Tenho dois irmãos, um irmão mais velho, Hiro, e uma irmã gêmea, Lienor. Faz muito tempo que não vejo nem meus pais nem meus irmãos, então estou um pouco nervoso. Sou nascido nos EUA, mas minha família escolheu ir para o Japão, então preferi ficar por aqui com minha tia. Porém, minha mãe insistiu que eu fosse para o Japão, e o que a coroa não pede que eu não faça?

No momento estou com uma porquinha roncando ao meu lado no avião. Como estava entediado e começado a ficar irritado com o ronco, decidi acordá-la da forma mais delicada possível.

—ACORDA! —gritei a sacudindo.

—O que é?

Perguntou ela, visivelmente irritada. Nota mental: Lea odeia ser acordada, e fica muito chata quando acorda.

—Vamos conversar. Precisamos definir algumas coisas. Conhecendo minha mãe ela vai nos encher de perguntas, como: sobre o primeiro encontro, quem pediu quem em namoro, como foi o pedido, como foi o primeiro beijo, coisas assim.

—Você me acordou para falar disso? Eu te odeio.

—É sério. Precisamos falar disso.

—Deixa que eu cuido disso. Sou ótima no improviso. Arranjo uma história na hora.

—Então tá. Vamos definir só as datas então. Começamos a namorar dia 25 de outubro do ano retrasado.

—Por que essa data?

—Foi a data que eu disse para meus pais. Foi a primeira que veio na minha cabeça.

—Entendi.

—Meu aniversario é dia 8 de janeiro. Como minha família é americana, usamos o calendário americano, e também comemoramos o natal, embora não seja muito comemorado no Japão. Seu aniversário é quando?

—Pensei que soubesse tudo sobre mim.

—Responde.

—22 de setembro. Deixa eu te perguntar, e a minha faculdade?

—Isso já foi resolvido. Você foi transferida para outra do Japão, a mesma que eu vou cursar.

—Você não está atrasado na faculdade?

—Estou. Mas pego rápido.

Passamos o resto do voo em silêncio. Obviamente ela adormeceu outra vez, até que sua cabeça recostou no meu ombro. Tentei tirar, mas falhei. Pensei em acordá-la, mas lembrei de que acordá-la era pior que abrir a caixa de pandora. Então deixei como estava mesmo.

Parando para analisá-la, ela era realmente bonita. Quase tão bonita quanto eu (quase), mas obviamente nunca diria isso em voz alta.

Depois, acabei dormindo também e sonhei com a porquinha. Garota chata, até nos meus sonhos me incomoda.

Quando acordei, o avião já estava pousando. Foi ai que percebi que teria que acordá-la. Dessa vez fui com mais delicadeza ( não estou sendo sarcástico, eu juro). Fui bem calmo e a chamei.

—Lea. É hora de acordar. O avião já pousou.

—Não perguntei.

—Realmente precisamos ir.

—Não vou.

—Não me resta escolha então.

Já que ela não queria acordar, peguei-a no colo em estilo princesa enquanto Ragnar levava a malas.

O aeroporto não era longe da casa (mansão) dos meus pais, então fui a pé. Claro que muitas pessoas na rua ficavam olhando para mim, pelo fato de estar carregando alguém praticamente morta no meu colo, mas nem liguei.

No mínimo é inveja.

Quando cheguei à casa dos meus pais, a pessoa mais detestável do mundo me atendeu, meu irmão.

—Quem é... Irmãozinho! Deduzo que está seja minha próxima namo... cunhadinha.

—Talarico. Cadê a mamãe e o papai?

—Na sala. Acho melhor acordá-la.

—Tenta você.

—Não vai precisar. —ouvi uma voz fina, ela acordou.

—Me ponha no chão.

Obedeci. Ela cumprimentou meu irmão e entrou na casa. Estava começando a ficar mais nervoso. O que meus pais achariam dela?

 sanduíches, chocolates e um namoro de fachadaOnde histórias criam vida. Descubra agora