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Blake

    —O que exatamente você ouviu? —Perguntei fuzilando Lienor com os olhos.

    —Meio que tudinho. —Ela responde um pouco sem graça. —Por que não me contaram antes? Eu iria manter segredo.

    —Foi mau, Lili. —Diz meu irmão a chamando pelo apelido cafona que ele criou. —Mas você é meio boca aberta. Não podíamos correr esse risco.

    Lienor faz uma cara de indignada.

    —A fé que vocês têm em mim é impressionante.

    —Que fé? —Retruquei de mau humor. Não era pra ela descobrir. Não era pra Hiro descobrir. Não era pra ninguém descobrir.

    Era como se esse segredo fosse uma represa. Aos pouquinhos a água ficava mais forte e causava pequenas rachaduras na represa. Uma hora, vai vazar tudo e acabar causando uma enchente.

    —Não vou falar nada pra mamãe, muito menos para o papai. Eu juro. —Diz Lienor juntando as mãos. —Com tanto que não me escondam mais nada.

    —Tem outra coisa —começou meu irmão — Uma pessoa que assina como anônimo vem ameaçado a empresa. Papai sabe, mas a mamãe não. Ele não queria a preocupar a toa. De alguma forma, essa pessoa descobriu sobre o namoro falso, mas não sabemos como, já que nem Blake e nem. Lea abriram a boca.

    —Isso é problemático

    —Você não faz ideia. —Resmunguei em resposta a minha irmã.

                    ***

    —Lea, se arrume vamos sair.

    —Pra onde? —Ela pergunta meio irritada, estava lendo e com certeza não planejava sair de casa.

    —Exatamente daqui a uma semana, haverá uma festa muito importante. Tentei te salvar dela, mas não deu. Por tanto, precisamos procurar uma roupa apropriada para você ir à festa. Vamos ao shopping procurar algo.

    Ela revira o olho, mas vai se arrumar. Quando chegamos lá, vamos direto para as lojas de vestido. Tinha que achar algo perfeito.

    —Não.

    —Já é o vigésimo vestido que eu provo!

    —Tem que ser...

    —Perfeito! Eu sei! Depois dizem que as mulheres que são exigentes. —Ela resmungou e voltou para o provador.

    Hiro: Quem disse isso nunca conheceu Blake Campbell.

    Eu aguardava pacientemente ela voltar com o próximo vestido. Ela poderia estar odiando isso, mas eu estava adorando. Fazia tempo que eu não bancava o estilista de ninguém, mas agora aqui estou. Escolhendo o vestido perfeito para minha “namorada”.

   Ela sai do provador com um lindo vestido vermelho. Ele era colado ao seu corpo, o definindo bem. Ele era elegante e delicado. Tinha uma abertura na perna direita, e o decote era em estilo ombro a ombro. Finalmente! O vestido perfeito.

   Lienor: Nunca conheci alguém que saiba mais de moda que meu irmão.

    —Me sinto como a América no livro “A escolha”.

    —Causando inveja?

    —Vulgar.

    —Foca na inveja. Você está linda. —Essa é uma das poucas verdades que eu disse em muito tempo. —Esse é o vestido perfeito. Vamos levar.

    —Não sei se confio no seu gosto.

    —Eu tenho um gosto muito refinado. Se considere sortuda por ter sido escolhida por mim. —Ela faz uma careta. —Quer comer alguma coisa?

    —Vamos à praça de alimentação.

    Paguei o vestido e em seguida fomos comprar um lanche. Ela pediu um sanduiche (obviamente) e eu uma porção de batata frita. Nunca tinha ficado assim, sozinho com ela. Sem guardas, sem meus irmãos, sem meus pais, sem nossos amigos e sem o idiota do Luka. Era bom, porque a gente não precisava fingir.

    Ela comprou um sanduiche enorme. É incrível como uma coisa tão pequena come tanto.

    —Teu estômago aguenta tudo isso?

    —Tudo isso e ainda tem espaço pra um sorvete. —Ela dá uma piscadela.

    —Eu tenho cara de banco por acaso?

    —Você não vai gostar da resposta. —Ela enfia um pedaço grande do sanduiche na boca. Quanta falta de etiqueta!

                  ***

    Por fim, fomos para um parque e compramos o tal sorvete que ela tanto pediu. Sentamos no gramado aproveitando o dia ensolarado. Aproveitei a situação para lhe contar sobre o Anônimo e sobre Lienor.

    —Você não falou para ninguém, não é?

    —Claro que não. Não sei se você se lembra, mas SEUS irmãos descobriram porque VOCÊ foi descuidado.

    —Não precisa jogar na cara. —Fiz uma expressão de ofendido.

    —Não acha engraçado? Nós nos conhecemos a menos de um mês e moramos juntos.

    —Pelo menos teremos uma boa história pra contar para os nossos filhos. —Me arrependo assim que vejo a cara de indignada e surpresa de Lea. Coro de vergonha. —S-separados é claro. Você entendeu!

    Ela sorri.

    —Você fica uma graça sem jeito. —Ainda com o rubor em minhas bochechas, viro meu rosto para o lado emburrado.

    Olho para ela de soslaio. Ela aproveitava a vista do parque enquanto se lambuzava de sorvete. Ela parecia uma criança.

    Acho que tenho passado tempo de mais analisando Lea.

    —Se limpe. —Entrego um lenço para ela.

    —De onde veio esse lenço?

    —É sempre bom estar preparado. Nunca sabemos quando vamos precisar de algo.

    —Mudando completamente de assunto, Sayuri nos chamou para ir à praia no final de semana do meu aniversário.

   —Quem mais vai?

   —Segundo ela, Luka e Yori. Ela disse que poderíamos chamar Lienor também. —Segurei a vontade de revirar os olhos quando ouvi o nome de Luka.

    —Você quer ir? Quer passar seu aniversário lá?

    —Eu não me importaria. —Ela diz em tom de indiferença, mas vi o quão ela queria ir. Para uma atriz quase profissional, ela não sabia fingir muito bem.

    —Então diga a Sayuri que iremos. —Ela sorriu de orelha a orelha e seus olhos brilharam. Me pergunto a quanto tempo ela não sai com seus amigos para ficar tão animada.

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⏰ Última atualização: Mar 03 ⏰

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 sanduíches, chocolates e um namoro de fachadaOnde histórias criam vida. Descubra agora