Capítulo 1: Possessão Primitiva

1.2K 111 66
                                    

Providence, Rhode Island 15 de fevereiro, 2024

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Providence, Rhode Island
15 de fevereiro, 2024

O tênue odor característico de nicotina flanava pela superfície umbrosa de O Submundo de Hades, um lugar incontinente, assim como tudo o que se arremetia a Lucien Lancaster, o desgraçado do meu melhor amigo que, até aquele exato momento, eu me perguntava o porquê de tê-lo incluído em minha vida, porque verdade seja dita, ter aquele homem como amigo era um problema.

Meus poros se alongavam em repúdio a tanta sudação corporal compartilhada, tinha os ouvidos massacrados pelo volume excessivo da música, os corpos exageradamente pressionados ao meu — e nem era do jeitinho bom, na verdade, nunca era e demoraria um pouco para ser —, e eu jurava que tinha sentido a porra de uma axila pressionado contra a lateral do meu rosto.

Procurava não tropeçar nos pés de quem eu tentava passar por cima, mantendo a mão erguida para proteger o meu Mojito intocado. Minha missão de localizar os cabelos morenos não demorou; eu o encontrei parado perto de uma das paredes ocultas da boate, o corpo pressionado contra um outro de grandes músculos e a língua praticamente aprofundada na garganta do cara — com certeza desconhecido — que ele estava pegando.

Odiava ser uma estraga prazeres, mas eram poucas as vezes que tinha o ímpeto de colocar minhas necessidades acima das de outras pessoas e essa era uma delas.

Não sei se ele me notou chegando, mas agradeci por me poupar do ato da interrupção quando se virou e seu olhar cruzou com o meu.
Lucien sabia exatamente as quatro palavras que vinham à seguir, por isso a careta que surgiu em seu rosto fora instantânea.

— Eu quero ir embora. – gritei sob a música.

Não me importava de ir sozinha, mas eu não podia fazê-lo porque o senhor-meu-melhor-amigo gostava de bancar o guarda-costas.

Contei até três para que revirasse os olhos como sempre fazia e o meu sorriso seguinte não foi pela situação em si, mas sim pela forma como a mesma sempre se repetia porque ele não conseguia aceitar um simples não e vir para essa porra sozinho.

Eu podia ser comparada com uma velha de oitenta anos rainha-do-tricô, não me importava, desde que isso me garantisse a noite entranhada em meus lençóis, com uma embalagem de Cheetos ao lado, pronta para mais uma maratona de Friends, ou simplesmente deitar na cama e dilacerar meus tímpanos com minha playlist de músicas aleatórias.

Qualquer coisa parecia melhor que isso aqui.

Eu o esperei dispensar o cara e levar o número dele só para depois apagá-lo — Porque era assim o quão cretino ele se dispunha a ser —, dar um último beijo de despedida e caminhar em minha direção.

— Precisamos pagar a conta. – gritou para que eu pudesse ouvi-lo.

— Já paguei! – respondi.

— Precisa deixar o copo. – apontou para a minha mão.

Crazy For You Onde histórias criam vida. Descubra agora