Capítulo 7 - Família

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— Como assim a minha magia? — Finalmente consegui perguntar a Lucas.

— Como você acha que vinha me encontrar todas as noites, Mel? Como você acha que atravessou para cá? Não foi apenas eu. Você também tem magia nas veias e é poderosa, apenas não tem noção disso — Lucas falou enquanto pegava algumas uvas do cacho e comia.

Eu tinha magia? Como assim? Eu nunca tinha feito nada "mágico" antes. A única coisa diferente esse tempo todo foram os "sonhos" com Lucas.

— Você acha que meus pais sabiam disso esse tempo todo? Isso pode ter influenciado na minha adoção? Quer dizer, existem outros como eu lá na Terra? - comecei a encher Lucas de perguntas.

Ele riu.

— Talvez seus pais saibam de alguma coisa, pois isso explicaria o uso contínuo do amuleto. Talvez eles até conheçam a bruxa que pôs o feitiço de proteção. Não sei se isso influenciou na sua adoção, minha estrela. Se eles não gostavam de você, por que eles te criaram? E eu não sei se existem outros como você no seu planeta, talvez sim. Magia existe por lá, pois a bruxa que pôs o feitiço no seu amuleto é de lá, com certeza.

A resposta de Lucas me deu muito o que pensar. Se meus pais sabiam dos meus poderes por que se dariam ao trabalho de me adotar? E por que me afastar de Havilah? E essa bruxa? Feitiço? Como eu ia descobrir, desenvolver meus poderes? Como será que Lucas fez com os dele?

— Come um pouco, Mel. Cada coisa de uma vez — Lucas falou e me ofereceu um bolinho.

Lucas estava certo. Ia me preocupar com cada coisa de uma vez. Agora precisava cuidar da fome crescente no meu estômago.

Voltamos para a mansão de Lucas no final da tarde. Ficamos um bom tempo na cachoeira conversando e comendo. Lucas falou um pouco sobre Havilah e sobre a sua família.

Ao que tudo indicava o mundo de Lucas não tinha muitas diferenças do meu. A grande diferença era a magia, que era muito comum ali. Muitas pessoas tinham e quem decidia se especializar nos estudos, era conhecido como bruxo. Havia leis rígidas que controlavam o uso devido da magia, para evitar que fosse usada de forma inadequada. Magia negra era proibida. As punições eram bem severas para quem fosse apanhado cometendo um ato ilegal com a magia. Execuções em praça pública eram a forma mais rigorosa de punição. Só de imaginar, fiquei toda arrepiada.

A família de Lucas era composta pelo pai, a avó e a prima. Os Wolf governavam Havilah há mais ou menos vinte anos. O pai de Lucas, Andrey Wolf, foi designado regente do país após a morte do rei e o desaparecimento da princesa herdeira, que foi presumida morta depois de todos esses anos. A rainha ainda morava na capital e se tornou uma mulher reclusa e doente. Depois do incidente com o marido e com a filha, ela nunca mais falou uma palavra. No entanto, esperava-se que a rainha voltasse à ativa e assumisse o trono, por isso o pai de Lucas era apenas o regente do país e não tinha plenos poderes: O Conselho de Havilah "fiscalizava" as ações do regente e de seus "ajudantes".

O Conselho de Havilah era formado por alguns lordes e ladies do país, além de alguns bruxos e bruxas, e sua principal função era auxiliar o regente enquanto não havia um monarca no trono. Mas Lucas me disse que eles gostavam mesmo de atazanar a vida do regente. Achei aquilo ao mesmo tempo engraçado e complicado.

Voltamos para a mansão e Lucas me desceu com cuidado de cima de Meia-noite. Ele sabia que eu tinha medo de cair do cavalo. Ele tinha um sorriso no rosto ao realizar a tarefa de me carregar pela cintura e me colocar no chão.

— LUCAS!! — Uma voz feminina gritou, chamando a nossa atenção.

— Merda! — Lucas praguejou. Acho que nunca tinha escutado Lucas chamar um palavrão antes...

Dama da noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora