Capítulo 14 - Send Me An Angel

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O pouco que eu sabia sobre a rainha foi o que Lucas me falou, que ela era uma mulher reclusa e adoentada, que nunca mais tinha falado uma palavra depois que o marido e a filha morreram. Mas apesar disso, ainda havia esperança de que ela se recuperasse do trauma e assumisse suas funções como monarca, o que eu achava pouco provável, pois Lucas me disse que ela estava assim há uns vinte anos.

Pensando por esse lado, por que deixaram o pai de Lucas por tanto tempo como regente? Não seria mais fácil entregar a coroa para ele? A rainha não dava sinal nenhum de que iria voltar a assumir o trono e Andrey já comandava o país há muito tempo.

— Vamos — Ivana me chamou enquanto descia da carruagem.

Nem reparei que já tínhamos chegado ao nosso destino. A casa de dois andares era antiga, igual as outras da rua. Uma grande árvore seca na frente dava um toque de mal-assombrada nela.

Acompanhei Ivana até a entrada e uma senhora veio nos receber na porta. Ela abriu um largo sorriso assim que viu Ivana. Acho que já estava acostumada com as visitas dela ali.

Seguimos a mulher até o segundo andar da casa, que assim como do lado de fora, era bem antiga do lado de dentro também. Se eu já achava os móveis das casas de Lucas e de Andrey antigos, os daquela casa eram mais antigos e antiquados ainda.

A rainha estava em um quarto sozinha. Sentada de frente para uma janela que dava para o quintal da casa, que tinha um monte de plantas mortas e muito mato.

Eu não sabia o que fazer. Eu deveria falar algo? Como deveria me referir a ela? Majestade? Era assim? Será que faria alguma diferença, já que ela não falava...

Ivana pegou a minha mão. Acho que ela notou a minha hesitação. Ela me guiou até o campo de visão da rainha. Meu coração se apertou e eu morri de pena daquela mulher na minha frente.

A rainha Sophie tinha o olhar perdido, distante. Nem notou nós duas paradas ao lado dela. Seus cabelos pretos e muito longos estavam trançados e colocados por cima do ombro, chegando até o seu quadril. Seus lindos olhos eram negros, porém não havia vida neles. A sua pele era branca e atualmente estava pálida, círculos escuros repousavam debaixo daqueles olhos e seu rosto estava encovado. Ela também parecia bem magra. Que diabos aquela mulher tinha?

— Bom dia, Majestade! Como vai a senhora? Trouxe a minha amiga Melissa para visitá-la hoje. A senhora não se importa, não é? — Ivana falou bem-humorada e foi puxando duas cadeiras que estavam ali por perto para nos sentarmos.

A rainha virou o rosto de repente para nos encarar. Me assustei e dei um pulinho no lugar. Caramba!

Ivana deu uma apertada no meu braço e me forçou a sentar na cadeira. Acho que ela quis chamar a minha atenção. Ela também se sentou e manteve o sorriso no rosto. Eu nem consegui sorrir. Tinha acabado de levar um susto, puta merda!

Percebi que a rainha me analisava com um olhar diferente. Seus olhos analisavam meu rosto, como se buscasse algo em mim. Me senti estranha diante daquilo.

— Está um belo dia lá fora, Majestade! Sabia que hoje é o dia do baile em comemoração à independência de Havilah? — Ivana começou a engatar uma conversa que seria de mão única.

A rainha nem sequer pareceu notar a presença de Ivana ali. Ela não tirava os olhos de mim e isso começou a me deixar desconfortável.

— Fala com ela, Mel. Ela precisa de interação. Além disso, você é uma novidade para ela — Ivana me incentivou e me deu uma leve cotovelada.

Olhei de Ivana para a mulher na minha frente e imaginei o que eu poderia dizer a ela. Pelo menos o que Ivana falou fazia sentido. Talvez ela me olhasse assim porque eu era uma novidade. Ela não parecia receber muitas visitas.

Dama da noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora