Capítulo 8 - Coincidência

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Depois que voltei ao meu quarto, não demorou muito para que Yarin aparecesse e me auxiliasse em um novo banho, menos demorado, e em uma nova troca de vestido. Dessa vez, ela escolheu um azul escuro, muito bonito, com bordados e detalhes em dourado pela saia. Ivana tinha um ótimo gosto para vestidos.

Quando Yarin quis mexer no meu cabelo, eu deixei. Afinal de contas era o jantar de aniversário da avó de Lucas, uma das governantes do país. Eu precisava estar apresentável para conhecer a mulher. Yarin fez um coque baixo muito bem-feito, algo que parecia digno de uma princesa. Fiquei virando a cabeça de um lado para o outro na frente do espelho para admirar meu penteado. Eu nunca fui muito fã de penteados, na verdade. Quem gostava disso era Maressa. Era Maressa quem estava produzida na noite de ontem... Merda! Por que essas lembranças insistiam em ficar retornando à minha cabeça?

— Senhorita? Já estão a aguardando na sala de jantar. — Yarin me tirou do transe.

— Ah... Obrigada, Yarin — agradeci a ela e saí do quarto.

Não era hora de ficar pensando na minha família e nem no que aconteceu ontem. Eu estava ali em Havilah e Lucas estava me ajudando a passar por tudo aquilo. Estava aos poucos me descobrindo, tirando um tempo para mim, para refletir sobre o que aconteceu.

Desci as escadas da mansão e parei. Onde ficava a sala de jantar? Aquela casa era enorme e eu já estava perdida! Por que não pedi ajuda a Yarin?

— Precisa de ajuda? — Uma voz suave e grave veio das escadas acima de mim.

Me virei para encarar o interlocutor e quando o visualizei, quase caí para trás. Aquilo não era possível! Era coincidência demais!

O homem que descia as escadas devia ter uns cinquenta anos e tinha alguns fios de cabelo grisalho entre os cabelos pretos. Seus olhos eram negros como a noite e sua pele era um pouco bronzeada pelo sol. Bonito, forte e imponente. Ele era uma cópia mais velha de Lorenzo Richter.

Ele usava uma roupa de época, parecida com a que eu tinha visto Lucas usar outras vezes, porém ele usava um casaco, tipo um terno do século XIX. Estava muito elegante e charmoso.

Eu abri a boca, mas não consegui falar uma palavra. Estava atônita demais. Como aquilo era possível? Já não bastava Lucas ser parecido com ele, agora vinha esse homem também? Que diabos era isso? E pensar que eu achava Sarah e Lorenzo parecidos...

O homem se aproximou de mim e falou:

— Você é a Melissa do Lucas, não é? Eu sou o pai dele, Andrey Wolf, prazer.

Ele estendeu a mão para mim gentilmente. Automaticamente eu apertei a mão dele, nem sei como fiz isso.

— Prazer em conhecê-lo — finalmente eu consegui dizer, quando soltei a mão dele.

— Precisa de ajuda para encontrar a sala de jantar? — ele perguntou. Provavelmente me viu patetando ao pé da escada.

— Sim, a casa é enorme, acho que me perdi.

— Venha, eu a acompanho — ele disse e me ofereceu o braço.

Passei o meu braço pelo dele e o acompanhei por outro corredor. Só nesse instante me dei conta de que ele se referiu a mim como "a Melissa do Lucas". Ivana também me chamou de "a estrela do Lucas". O que será que Lucas tinha falado sobre nós dois para a família dele? O que eles achavam da nossa relação?

Uma música clássica e um pouco de falatório vinham de uma sala próxima. Ao abrir as portas duplas, nos deparamos com uma sala menor, acho que era uma antessala, antes da sala de jantar. Algumas pessoas já estavam lá, conversando entre si. A música vinha de um piano no canto, que um rapaz tocava. Fiquei um pouco envergonhada, pois pensei que seria apenas a família de Lucas. Não imaginei que haveria outros convidados.

Dama da noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora