Vida Circense - Até onde você iria por vingança -

Anos depois...

-Muitos anos se passaram desde aquele dia horrível onde eu perdi as pessoas que eu mais amava, porem mesmo após todos estes anos eu nunca esqueci o rosto dela atirando em meu pai, a cada noite eu sonho com ela vindo me pegar, ultimamente os pesadelos tem sido mais frequentes!
-Eu sei que deve ser difícil, mas já se passou muito tempo, tudo ficou lá atrás, voce hoje tem uma família, teve uma mãe que te amou muito ate o dia de sua morte, um pai, e tem este seu irmão querido aqui e tem outro nome, esquece aquela bruxa, chega de falar dela, esta na hora de riscá-la da sua vida!
-Não Edu, eu não posso riscá-la da minha vida, pois ela esta cravada na parte mais profunda de ódio que eu tenho em meu coração, agradeço ao papai por ter me adotado após aquela noite, eu sempre irei amar a mamãe, voce Eduardo Simões, meu irmão querido, porem eu não posso esquecê-la e está chegando o dia em que eu irei retornar ao Brasil para encontrá-la e acertar as contas com ela!
-Chega de falar neste assunto, voce sabe muito bem o quanto o papai sofre ao te ouvir dizer isto, e nem ele nem a mamãe se estivesse viva deixaria voce ir atrás dela, o papai esta muito velho, ele precisa de nos, a doença dele esta se agravando e voce pretende deixá-lo? Voce agora faz parte da família Simões, eu sei que em suas veias correm o sangue do pequeno Cauã Lunart, mas hoje voce é Carlos Simões, um homem, tem uma vida diferente, e eu nunca irei deixar voce sair daqui e ir atrás dela!
-Eu sei, eu agradeço por ter sido acolhido por vocês, por terem me tirado de lá, mas tenta me entender meu irmão eu preciso ir atrás dela, e fazê-la pagar pela dor que eu senti, mas não se preocupe eu irei ficar ao lado do papai ate o fim, e só irei atrás dela após a morte dele!
Diz Cauã a seu irmão, mais conhecido como Edu, hoje em dia o pequeno Cauã não atende mais por este nome, dezesseis anos se passaram, e hoje ele é Carlos Simões, o filho mais velho de uma família classe média da Califórnia, mesmo após todos estes anos ele nunca esqueceu sua ex madrasta e sempre nutriu em seu coração um ódio que só terá fim quando ele estiver frente a frente com ela.
Naquela noite fatídica o homem que o socorreu enquanto Margarida falecia era o Executivo Edmundo Simões, o patriarca da conhecida Família Simões, o garoto foi adotado, ganhou um irmão dois anos mais novo, o pequeno Edu hoje com vinte e dois anos, recebeu como mãe a jovem Silvia Simões, que veio há falecer dez anos depois, e hoje com um novo nome, uma nova vida, uma nova família tudo o que ele mais quer é ver a bruxa que destruiu sua vida pagando por tudo que fez, e para isto ele vai lutar ate o fim!
-Bom dia papai, como se sente hoje? –Carlos-
-Bem meu filho, um pouco cansado, e triste! –Edmundo-
-Triste? Por que? –Carlos-
-Seu irmão veio me contar que ultimamente voce tem falado constantemente sobre retornar ao Brasil, é verdade? Voce pretende nos abandonar? Deixar sua família tudo por ódio? Vai deixar para trás nós que te acolhemos com tanto amor, te educamos, te demos carinho e atenção? –Edmundo-
-Não papai, não irei deixá-los, e não é ódio, é vingança, justiça, eu quero que ela sofra tanto quanto eu sofri, e eu não sou egoísta de pensar apenas em mim e não em vocês, vocês cuidaram de mim, e eu estarei aqui ate quando o senhor precisar! –Carlos-
-E depois? Voce vai atrás dela quando eu não estiver mais aqui?-Edmundo-
-Não! –Carlos-
-Me prometa que vai esquecer este ódio que voce sente, me prometa que voce vai cuidar de seu irmão após a minha morte? –Edmundo-
-Prometo papai, eu não abandonarei meu irmão por nada! –Carlos-
Interrompendo a conversa, Edu diz:
-Vamos deixar de conversa e vamos tomar café?
-Vamos, já estou descendo, podem ir iniciando que chego logo em seguida! – Edmundo-
-Voce é um linguarudo! –Carlos-
-Eu? –Edu-
-Sim, por que voce tinha de ir falar sobre nossa conversa com ele, voce sabe que ele não esta muito bem! –Carlos-
-Vamos comer maninho? –Edu-
Durante o café...
-Filho voce vai para o treino hoje? –Edmundo-
-Não sei papai, estou meio cansado e tenho que conversar com a Larissa, ela disse que tem umas coisas novas para me mostrar, acho que é algo sobre a competição de trapézio!
Responde Carlos...
-Sei muito bem o que ela quer te mostrar, ela deve estar querendo é marcar o casamento!
Diz Edu debochando do irmão...
-É mesmo meu filho, vocês namoram há dois anos se conhecem desde criança, quando viemos para cá ela logo fez amizade com voce, e foi ela quem colocou este amor pelo trapézio em sua vida certo? -Edmundo-
Neste instante um silencio vaga pela mesa, e é interrompido quando o senhor Edmundo fala:
-Foi ela ou não foi quem lhe deu este amor pelo trapézio meu filho?
-Diz pra ele vai, ou voce prefere que eu diga como sempre? –Edu-
-Dizer o que? –Edmundo-
-Tudo bem, não foi ela não, eu já conhecia o trapézio desde a época do circo do meu pai!
Fala Carlos...
-Isto é tudo? –Pergunta Edmundo...
-Não papai não é, a tal bruxa, a madrasta dele era trapezista! -Edu-
-Por que voce não consegue ficar de boca fechada? –Carlos-
-Quando voce pretendia me contar isto, voce nunca me disse que ela era trapezista, voce sempre falou dela com tanto ódio, mas nunca entrou em detalhes, posso saber qual foi o objetivo de voce ter entrado neste hobby de trapézio, tem algum objetivo, pois se voce odeia tanto ela assim como escolher algo que a lembre? –Edmundo-
-Não vou mentir para o senhor meu pai, meu desejo era me especializar para poder participar de um concurso de trapezista no Brasil! –Carlos-
-Mas por que no Brasil, logo lá onde o trapézio não é valorizado, aqui voce já ganhou inúmeros troféus, medalhas, participou de concursos diversos, me diga por que querer voltar onde tudo começou? -Edmundo-
-O ódio me fez ser este profissional cheio de medalhas que o senhor conhece, eu sei que fora do Brasil este esporte é valorizado, porem meu objetivo é encontrá-la, mostrar que eu dei continuidade a minha vida e me tornei melhor do que ela no trapézio! –Carlos-
-Para que? –Edmundo-
-Vamos parar com está enrrolação, eu vou abrir o jogo de uma vez!-Edu-
-Não voce não vai se meter onde não é de sua conta! –Carlos-
-Não é de minha conta? Me desculpe se eu amo meu irmão e só quero protegê-lo de alguém que eu passei a minha infância inteira ouvindo como ela era ruim, uma bruxa malvada, perigosa, assassina, e eu não sabia que um irmão não devia se importar com o outro, mas sendo assim faça o que quiser de sua vida, nos abandone aqui e vá, vá para o Brasil, passe no teste para a escola circense dela, entre, seja o melhor e depois a mate, mas quando tudo isto terminar e voce se sentir vazio e sozinho não nós procure, pois eu já o terei esquecido!
Diz Edu se retirando muito emocionado...
-Como é? Quer dizer que mesmo eu pedindo para voce esquecê-la, voce a procurou, por onde? Quem te ajudou? O que voce pretendia nos abandonar aqui e ir atrás dela?
Pergunta Edmundo furioso...
-Não papai, eu encontrei através da internet, é uma escola circense que ela abriu no local onde se encontrava o circo do meu pai, e todos os anos ela abre testes para alunos e profissionais da área que queiram fazer parte da equipe dela, e eu não pretendia abandoná-los! –Carlos-
-Quer dizer que voce quer fazer parte da equipe dela? –Edmundo-
-Me perdoe! –Diz Carlos muito triste-

No quarto...
-Me perdoe pelo que eu falei lá na mesa, eu só queria que vocês me entendessem, ela destruiu minha vida! Diz Carlos abraçando Edu...
-Mas pensa bem, se por um lado ela destruiu sua vida, querendo ou não foi através dela que construímos a nossa, foi por estas tragédias que nasceu o Carlos, o meu irmão mais velho que sempre me protegeu de todos na escola, na rua, nas festas! –Edu-
-Eu entendo a preocupação de vocês, mas nada que aconteceu de bom foi culpa dela, ao contrario, tudo de ruim que me aconteceu foi culpa dela, mas eu
ter vindo parar aqui foi por ajuda de Deus e da Margarida que implorou para o papai me salvar, e ele com o coração bom me salvou! –Carlos-
-Eu não quero que voce vá atrás dela, eu sei que ela queimou seu circo, matou seu pai, sua quase mãe, seu amigo, mas voce era criança, por conta do susto voce deve ter se confundido! –Edu-
-Não eu não me confundi, ate hoje eu me lembro dela atirando no rosto da Margarida e me olhando, eu me lembro dela atirando em meu pai e chamando- o de velho nojento, ate hoje eu me lembro das chamas que destruíam tudo aquilo que meu pai construiu, e o pior de tudo, eu nunca disse a ninguém, mas eu estava escondido e vi quando ela batia em minha irmã, minha irmã tentava gritar de dor, e ela não parava de espancá-la, ela a surrava como quem surra um bicho, ela apertava o pescoço de minha irmãzinha e dizia que ela iria fazer aquilo todos os dias com nos dois, ela dizia que minha mãe não havia suportado o meu pai e por isto havia morrido, eu vi toda a cena, mas eu quis guardar para mim, pois meu pai só de ouvir eu a acusando ele já ficou transtornado imagine se eu contasse que assisti a tudo, eu preciso fazer com que ela pague por tudo! –Diz Carlos chorando-
Eduardo abraça o irmão e diz:
-Maninho voce nunca me contou nada disto, eu nunca soube que voce tinha uma irmã e nem muito menos que a viu morrer, quantos anos ela tinha?
-Éramos gêmeos, ate hoje eu me sinto pela metade, ate hoje parece que aquela bruxa cortou meu coração ao meio, eu e minha irmã éramos muito unidos, estávamos sempre juntos, correndo e nos divertindo com o Raimundo, ate hoje eu não se ele conseguiu se salvar ou não, mas como eu ouvi dois tiros eu acredito que daquela noite monstruosa somente eu sobrevivi, é por isto que eu preciso voltar, eu prometi a mim mesmo naquela noite que eu iria voltar e acabar com ela!
-Diz o jovem Carlos se acabando em lágrima-
Edu segura em seu rosto e diz:
-Eu não sabia disto, voce nunca me contou de uma irmã gêmea e eu sei que gêmeos tem laços fortíssimos, portanto eu irei te ajudar, mas voce precisa me prometer que vai ficar aqui ate o papai partir, eu e voce já sabemos que a doença dele esta no fim, e sabemos que não resta muito tempo a ele, será difícil, mas eu lhe prometo que assim que der eu e voce iremos ao Brasil, e nem pense em me impedir, pois eu irei com voce, eu quero olhar na cara dela e no dia em que ela cair eu quero estar com voce para ela ver que um dia ela te destruiu, mas voce se reergueu e agora é sua vez de pisar nela...
Os dois irmãos agora estão mais unidos do que nunca, ate mesmo o jovem Eduardo Simões decidiu entrar na batalha contra Gaby, mas o que será que aguarda estes dois irmãos no Brasil, muitos anos se passaram, e agora não será mais um acerto de contas qualquer, será entre um homem e seu alvo de ódio. Muitos acontecimentos aguardam o jovem Cauã, que agora atende pelo nome de Carlos, o dia do reencontro entre estes dois grandes inimigos esta mais perto do que nunca e desta vez quem vencerá a batalha?
...