O acerto de contas... Parte 1

0 0 0
                                    

Já era tarde da noite quando Gabriela chega, ela passou o dia fora ainda digerindo a cena que viu, ela entra e percebe que tem algo estranho, a casa estava mais silenciosa que o de costume...
Gabriela vê a casa toda desarrumada, como se uma briga tivesse acontecido, ela ouve barulhos no andar de cima, ela sobe cuidadosamente, percebe a porta do seu quarto entreaberta, Gabriela entra e se apavora com a cena que vê, Carlos estava jogado em sua cama, o quarto todo revirado, o jovem coberto de sangue, na parede atrás da cama, uma escrita:
EU DISSE QUE IRIA VOLTAR!
Gabriela sai correndo desesperada, chegando ao topo da escada ela percebe que havia alguém no andar de baixo. De repente ela começa a ouvir risos, como se fossem crianças, a ex-trapezista se desespera mais ainda...
-O que você quer comigo, chega, aparece e faz logo o que você quer fazer, eu estou enlouquecendo....
-Grita ela desesperada...
Os sons de risadas cada vez fica mais alto, Gabriela desce correndo e vai ate a porta, porem não consegue sair pois estava trancada, ela vai ate seu escritório e apanha na gaveta uma arma e fala:
-Vem desgraçado, eu vou te mandar pro inferno de onde você jamais deveria ter saído!
Gabriela sai com a arma em mãos, ela estava ficando cada vez mais apavorada e amedrontada, com cada riso, com cada passo que ouvia ela estava a beira de um colapso nervoso. Caminhando com a arma em punho e tentando encontrar algo ou alguém, então ela observa alguém vindo da cozinha, ela dispara sem nem ao menos identificar quem era, a pessoa cai ao chão, ela caminha em direção ao corpo estendido no chão, quando chega perto ela percebe que se tratava de Miguel...
-Não, me desculpe, seu idiota porque você estava aqui, porque eu não acreditei em você quando deveria! –Gabriela-
Agonizando Miguel diz:
-Eu te avisei sobre aquele novato, agora tome cuidado, livre-se dele!
Gabriela é surpreendida com Raimundo agarrando-a pelos cabelos e lhe arremessando contra uma estante, ela cai ainda tonta, Raimundo a segura enforcando-a e fala:
-Lembra de tudo o que nos disse naquela noite, eu guardo tanto ódio por você ate hoje, eu jamais irei me esquecer das balas que você destinou ate mim e meu pai!
Com dificuldades para falar Gabriela sussurra:
-Não me arrependo de nada e faria tudo de novo!
Raimundo lhe joga novamente, desta vez por cima de uma mesa de vidro que com o impacto se quebra, ele caminha em direção a ela, então com a arma ainda em mãos ela avisa:
-Se afaste de mim ou eu irei terminar o trabalho que eu deveria ter finalizado a muito tempo atrás, eu mando você de encontro aos seus amiguinhos!
-Atira sua vaca! Grita Raimundo correndo, para cima dela, Gabriela não pensa em nada e aperta o gatilho, o tiro acerta Raimundo em cheio que cai ao chão, ela levanta-se e vai de encontro ao corpo de Raimundo estendido ao chão, chegando próximo, ela se assusta quando ele segura em sua perna e diz:
-È agora que o jogo começa!
Ela se assusta, então corre para pegar a arma novamente, porem Carlos estava com a arma em mãos e apontando para ela:
-Mas eu vi você lá em cima, morto!
Diz ela sem entender nada...
-Além de assassina é burra, idiota e acredita em tudo o que os seus olhos veem não é mesmo, Gabriela Santini...
Diz Carlos...
-Porque você se aliou a ele, logo ele, eu te contei sobre o que ouve no passado, ele quer apenas uma vingancinha boba e sem sentido! –Gabriela-
-Boba e sem sentido? Matar toda a família de uma criança deixando-a órfã, sem ninguém para se apoiar, roubar todo o mundinho dela, destruir uma família inteira, um circo todo, tudo para ter dinheiro, e os sonhos, os desejos o futuro daquelas crianças, você interrompeu tudo isso. Você matou, mentiu, enganou, humilhou e roubou uma vida, pois esta vida que você vive não é sua!
Diz Carlos iniciando um choro doloroso...
-Isso foi o que ele te contou, a historia não é assim, podemos ser felizes, usufruir de toda esta fortuna, vamos me ajude a terminar com isso, ninguém precisa ficar sabendo, é tudo invenção dele, o pai dele era um alcoólatra, não tinha mãe e sua irmã, bem ela era uma peste de criança, eu não fiz nada demais!
Diz Gabriela aos berros!
Carlos grita de forma bem plausível para que ela entenda cada palavra:
-CALA SUA BOCA VADIA...lave essa boca imunda para falar do meu pai e da minha irmã, para falar com circo onde eu iria ter crescido se não fosse por sua ganancia e por sua falta de caráter!
Totalmente confusa Gabriela fala:
-Como assim seu pai, sua irmã, sua vida, eu não estou entendendo mais nada!
Carlos então diz:
-Eu disse que iria te achar seja onde fosse!
Compreendendo tudo Gabriela enxuga as lagrimas e completa a frase:
-Pode vir que eu estarei a sua espera...
-Foi esta frase que eu repeti todos estes longos anos de minha vida, adquiri uma família linda e perfeita, mas não era a minha de sangue, e a cada dia que se passava eu repetia para mim mesmo, "Eu irei te achar seja onde for", repetia isto diariamente, esperando ansiosamente por este momento, onde eu estaria aqui, por cima e você no seu lugar, lugar de vagabunda e assassina!
Diz Carlos confirmando a suspeita de Gabriela...
-Então não era ele, era você o tempo todo, entrou na minha escola, na minha vida, na vida da minha família e eu de burra não percebi nada, te achei familiar porem eu jamais iria imaginar que você iria vir do inferno me atormentar após longos anos. Você já tinha conseguido uma família, porque voltar, tudo por conta do ódio ou do seu ego? –Gabriela-
-Não é ego e nem apenas vingança é a mais pura forma de se fazer justiça, vim tomar o que é meu de direito, não é sua casa, é minha casa, não é sua vida é minha vida. Um dia você chegou no circo do meu pai e decidiu que iria afundar tudo, e não se preocupou com mais nada, mas eu voltei para te fazer pagar por tudo, e tive a imensa alegria de reencontrar meu amigo de infância, Raimundo um dos poucos que você não conseguiu matar! –Carlos-
Rindo e debochando ela fala:
-Ah então este ai é o molequinho que desapareceu e eu dei como morto naquela noite? Pois bem o pai dele se foi e ele ficou, mas não foi tão atrevido como você, não teve coragem de vir me peitar, aguardou você aparecer para tomar as suas dores e criar coragem, nossa como é lindo rever vocês, mas seu estupido você percebeu que muitos anos já se passaram e os crimes já prescreveram certo? O que pretende me fazer, me dar uma surra e depois ir embora!
Carlos a segura pegos cabelos e coloca a arma no rosto dela e começa a falar:
-Não sou burro como você pensa sua vaca, eu faço tudo bem feito, sei que os crimes prescreveram, mas e os mais atuais e recentes? E não quero apenas lhe dar uma surra, quero tudo o que já foi meu um dia, quero ter de volta o que você me roubou e acabar com a sua vida sua mentirosa a bruxa trapezista nojenta, falsa e manipuladora. Quero te ver pagando por tudo...
Carlos a joga no chão...
-É ai que eu quero te ver, rastejando, se humilhando e pedido piedade! – Carlos-
-Mas isso nunca irá acontecer seu órfão!
Gabriela ao chão consegue se apossar de um pedaço de madeira, da mesa que quebrou ao cair em cima, ela acerta uma das pernas de Carlos que cai, ela sai correndo e sobe as escadas, ele vai atrás dela dizendo:
-Isso foge como o cão sarnento que você é!
Carlos olha quarto por quarto e não consegue achá-la, quando ele sai de um dos quartos de hospedes, ele a vê saindo de um dos armários em direção as escadas, correndo ele grita:
-Você não me escapa mais!
Ela corre, o jovem se joga contra ela, ambos caem escadas a baixo, Gabriela levanta-se ainda tonta e tenta correr, Carlos lhe atinge nas pernas e ela vai ao chão novamente, ele então a segura pelos cabelos e lhe arrasta por toda a sala, Gabriela gritava por socorro, porem o ódio nos olhos dele era maior:
-Eu aguardei por este dia por muitos anos, me deitar com você foi a mesma coisa que transar com um porco, me senti um lixo! Diz ele...
Ele segura ela pelo pescoço com as duas mãos, sufocando-a ele a suspende ate mais alto do que ele mesmo:
-Lembra do dia em que você me disse que precisamos saber quando perdemos? Pois bem reconheça a queda do seu império sua prostituta!
Carlos desce ela ate que seus pés toquem o chão, e em um acesso de fúria que lhe domina, ele grita com todas as forças o tamanho que é seu ódio pela ex-trapezista ele lhe chama de assassina e em seguida lhe acerta um ultimo soco, Gabriela cai desacordada no chão...
...

Vida Circense - Até onde você iria por vingança -Onde histórias criam vida. Descubra agora