A falta que você me faz

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Na penumbra do Grimmauld Place, despojado no meio da sala rodeado com diversas garrafas de firewhisky estava Harry, nas piores condições possíveis, de acordo com Monstro. O elfo doméstico reclamava que o Senhor da Nobre e Mais Antiga Casa dos Black estava sendo uma vergonha; no entanto isso não fez nenhuma diferença para jovem que fazia questão de xingar Monstro toda vez.

Depois da Batalha Final, tudo o que restou foi um enorme vazio.

Harry ainda não conseguia acreditar. Toda vez que fechava os olhos era um pesadelo. Um ciclo sem fim de todas as mortes que pesa em sua consciência; sendo a pior delas a de Draco. O mero pensamento do seu falecido amante era um lembrete constante de como ele falhou. Em todos os sentidos.

Quanto mais ele pensava sobre tudo o que poderia ter feito de diferente, evitado tantas mortes, mais ele se afundava em bebidas. Tentando esquecer. Desejando desaparecer.
Nos primeiros momentos, Harry não acreditou que Draco estava morto. Não importa quantos feitiços ele usava para curar nada mudava, nem mesmo com a Varinha Anciã. Nem mesmo quando Narcissa o segurou pelo rosto com todo cuidado e tentou fazê-lo entender. O belo rosto aristocrático da Sra. Malfoy estava banhado em dor, mas ela ainda tentou dar conforto para Harry; mas não funcionou. Depois que o choque passou, a raiva surgiu. Ver o túmulo do seu amante foi demais para si e no momento seguinte ele estava em Grimmauld Place.

O local virou uma zona de guerra devido às emoções turbulentas que ele sentia. Não dando a mínima, Harry destruiu tudo o que via pela frente, mesmo que se machucasse no processo ele continuava. Mas nada entorpeceu seus sentimentos. Trancou-se no lugar, proibindo a entrada de qualquer um e apenas se afundou em sua dor. Deixando os pesadelos o consumir e esperando que tudo acabasse.

— Mestre Harry está sendo uma vergonha.

Harry nem precisava se mexer do chão para ver Monstro, apenas o ignorou como normalmente fazia e o que ocasionava a retirada do elfo resmungando; mas parecia que as coisas seriam diferentes.

— Isso não pode mais continuar, Mestre Harry. O Senhor irá morrer se continuar assim.

— Vai embora, Monstro! — O elfo não se mexeu, ainda olhando fixamente para o Potter. Sentindo o olhar furioso, Harry levantou brevemente a cabeça e cuspiu: — É uma ordem, porra!

Mas Monstro permaneceu firme. Olhar para seu mestre definhando trouxe lembranças horríveis de Regulus. Ver o mesmo olhar de cansaço, de desistência. Monstro não aguentaria ver outro mestre desistindo e agindo de uma maneira imprudente que levaria à morte. Então, agindo contra todo o seu instinto de obediência, ele foi até a sua Senhora.

Harry ignorou o estalo, deitando-se de lado em posição fetal e deixando a sua mente vagar. Seu corpo inteiro gritava em desconforto por estar dias no chão duro, evitando qualquer tipo de movimento que não fosse levantar uma garrafa e beber até desmaiar. Se não fosse por Monstro, Harry tinha certeza de que a sala estaria fedendo, seja por falta de ir ao banheiro ou tomar banho; mas apesar da magia dos elfos, tantos dias sem fazer absolutamente nada não afastada o breve mal cheiro.

Draco ficaria tão preocupado se ele o visse daquele jeito. Sua testa estaria levemente franzida e seus lábios inferiores estariam sendo alvo de suas preocupações. Mas ele não está mais em sua vida. Não importa quantos feitiços ele lançou, quantas buscas ele fez na biblioteca, nada o traria de volta. Nada.

Ele não veria mais os sorrisos tortos e maliciosos. Os olhares arrogantes que ele exibia apenas para abrir um sorriso genuíno em seguida. Seus abraços extremamente confortáveis que afastaram qualquer coisa negativa. Sua voz suave. Seu jeito de príncipe mimado que ocasionalmente fazia escândalos.

Tudo se tornou uma mera memória.

Novamente o som do estalo foi ouvido e Harry não impediu o gemido de aborrecimento. Monstro estava ficando cada vez mais insistente em fazer sair ou qualquer outra coisa. Estava prestes a mandar ele embora novamente quando uma voz feminina e suave o fez se encolher ainda mais.

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