Permutas

Marca e Missão Parte I

Harry não sabia dizer o que esperar daquele ano, depois da morte de Sirius foi como se uma escuridão apoderasse de seu corpo e envolvesse seu coração, querendo sufocá-lo morosamente até a morte. A guerra estava lentamente estourando, e no meio disso estava Draco: aquele que possuía seu coração, que era seu confidente, seu amante; mas que permanecia do lado de Voldemort pelo bem de sua família — e Harry sabia o quanto Draco se sacrificaria para que sua família permanecesse viva, algo que sempre o preocupa.

Aquele ano não seria diferente, onde as chances de serem piores eram gritantes. O mundo bruxo agora estava ciente do retorno de Voldemort, o caos se estabeleceu em cada canto e os Comensais da Morte se mostraram ainda mais violentos. Harry não teve notícias de Draco durante o verão, nem mesmo o pergaminho (que o próprio tinha criado para que pudessem se comunicar) foi respondido, isso fez as sirenes de Potter explodirem. Piorado ainda mais quando seguiu o namorado até a Borgin & Burkes quando foi com seus amigos comprar os materiais para o sexto ano.

Então no momento em que embarcaram no Expresso de Hogwarts, Harry pegou sua capa e saiu em disparada atrás de Draco, desviando-se de alguns alunos para que não fosse descoberto. Ao chegar no compartimento, tomou certo cuidado para não acabar encostando em Blaise, por mais que os amigos de Draco soubessem de seu relacionamento, não queria arriscar, a conversa que queria ter com Draco era particular. Olhando para o namorado, Harry notou o encanto sendo usado e isso o angustiou o suficiente para saber que o verão do outro foi péssimo.

Aproximando-se por trás do namorado, Harry agachou-se ao seu lado e com calma pegou a mão que descansava sobre a coxa, acariciando suavemente como sempre fazia. Por um momento, Draco ficou tenso e Harry sentiu, assim como aos poucos o corpo do outro relaxava ao reconhecer o toque, o aperto firme que recebeu em troca o fez querer beijar a palma da mão de Draco. Durante toda a viagem, Harry ficou no chão, sentado enquanto segurava a mão do amante, não deixando de fornecer apoio enquanto ouvia a conversa dos sonserinos, como suspeitava, Malfoy acabou sendo enfiado contra vontade na guerra por ordem de Voldemort, tudo para manter a família a salvo — mesmo que Draco não tivesse dito em voz alta, Harry sabia da verdade, ele o conhecia.

Quando chegaram, Harry fez questão de se afastar minimamente enquanto o namorado anunciava para os amigos que esqueceu algo. Draco ao fechar a porta e a pequena cortina virou-se tão rápido, marchando até o namorado, e mesmo que ele estivesse invisível de alguma forma Draco sempre conseguia achá-lo. Harry removeu a capa no instante em que o outro invadiu seu espaço pessoal, deixando-a de canto antes de segurar o rosto do namorado com ternura.

— Ei — Harry cumprimentou, com a voz baixa, deixando seu polegar deslizar sobre a bochecha do outro.

— Ei... — O tom do bruxo loiro vacilou.

— Não precisa se esconder de mim, Draco — murmurou, angustiado. Por mais que o feitiço acabasse disfarçando sua aparência, seus olhos jamais poderiam ser mudados e Draco não conseguia mais levantar seus muros quando olhava para Harry, tudo que sentia ele sempre saberia, mesmo que sua expressão ficasse fechada, bastava apenas ele olhar em seus olhos que ele saberia o que estava sentindo.

Deixando o feitiço cair, Harry observou com cuidado a aparência do namorado: ainda mais pálido, olheiras fundas, lábios e cabelos ressecados, as bochechas fundas devido a magreza. Draco estava parecendo um zumbi. Tenso, Harry crispou os lábios, não deixando de pensar em diversas coisas que seu namorado passou durante o verão. Depositou um suave ósculo na testa pálida, sentindo as mãos geladas do namorado apertarem em torno das suas.

— Eu... — Draco iniciou, com a voz quebrada, segurando o choro, mas Harry o silenciou rapidamente, puxando-o para um abraço e Draco sendo mais alto deixou sua cabeça ser posta no ombro do outro.