𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 13

195 20 10
                                    

• 𝐓𝐡𝐞𝐨 •

A acomodo entre minhas pernas, sentindo que ela está mais calma. Meus braços envolvem sua cintura de forma protetora, enquanto observo seus olhos, que ainda carregam os vestígios do choro.

— Theo, desculpa por isso. Acho melhor eu ir pra casa — diz, tentando se levantar. Sua voz soa mais consciente agora, mas há uma mistura de vergonha e hesitação em seu olhar. Seu rosto está corado, como se a vulnerabilidade a tivesse exposto mais do que gostaria.

— Calma, espera um pouco — digo, pegando um copo de água que havia deixado ao lado. Estendo para ela, tentando transmitir confiança.

Por um momento, ela parece relutante, hesitando em pegar o copo. Eu entendo. Sou um estranho para ela, e talvez não saiba se pode confiar em mim. Mas ela não tem motivos para desconfiar, porque eu jamais faria algo para prejudicá-la. Depois de alguns segundos, ela finalmente pega o copo e dá alguns goles.

— Obrigada.

— De nada. Quer conversar um pouco? — pergunto, tentando distraí-la e, secretamente, prolongar o momento. Não quero que ela se afaste ainda.

Tenho uma boa ideia do que pode ter causado essa crise, mas é estranho. Quando a vi no mercado há poucos dias, ela parecia apenas cansada, não tão destruída como agora. Talvez a ficha da morte do pai dela ainda não tivesse caído naquela época. Hoje, parece que a realidade a atingiu com força total.

Não me arrependo do que fiz. Mesmo se tivesse conhecido Bryanna antes, eu teria feito o mesmo. O pai dela era um lixo, um homem desprezível que merecia cada consequência que enfrentou.

— Theo, não quero tomar seu tempo. Obrigada pela ajuda, mas acho melhor eu ir pra casa — diz ela, olhando para as mãos, como se procurasse algo para segurar além da própria angústia.

— Você não está tomando meu tempo. Tem certeza de que quer ir? Se quiser, podemos ficar aqui por mais um tempo. Prometo que fico quietinho. Ou, se preferir, sou um bom ouvinte — digo, sorrindo, tentando aliviar a tensão.

Ela me olha, pensativa, e finalmente cede:

— Ok, posso ficar um pouco.

Se encosta em meu peito, e ficamos assim por alguns minutos, em um silêncio que parece confortável.

— Meu pai faleceu faz dois dias — ela finalmente diz, sua voz saindo baixa, quase como um sussurro. — Eu estava triste, mas parecia uma tristeza comum, sabe? Só hoje eu realmente parei pra pensar... E doeu.

Ela respira fundo antes de continuar:

— Doeu muito. Ele não era uma pessoa boa, mas era meu pai. Agora eu e minha irmã estamos sozinhas.

Apenas aceno com a cabeça e digo:

— Entendo.

Mas, na verdade, não entendo. Como alguém pode sentir tristeza pela morte de um homem como ele? É o coração mole dela, claro. Bryanna sempre tenta enxergar o melhor nas pessoas, mesmo quando não há nada de bom nelas.

Decido mudar de assunto antes que ela comece a chorar novamente. Não gosto de vê-la assim.

— Quantos anos você tem, Bryanna? — pergunto, mesmo já sabendo a resposta. Quero ver se ela confia o suficiente para me contar.

— Tenho 17. Vou fazer 18 daqui a três meses — diz, suspirando e olhando para as mãos.

— E você? — pergunta, timidamente. Ela me encara com um sorriso tímido, os olhos ainda inchados, as bochechas coradas.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 25 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

𝐖𝐡𝐞𝐧 𝐰𝐞 𝐦𝐞𝐞𝐭 Onde histórias criam vida. Descubra agora