Capítulo sem título 3

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O corpo sobre a cama parecia tão pequeno e frágil, o cateter inserido em seu braço parecia um grande tubo, se comparado à finura do membro onde ele estava posicionado. O ex- militar observava atento todos os procedimentos que Saint realizada no garoto. Por sorte o hospital estava quase vazio, ainda sim, a porta utilizada para adentrar o centro hospitalar foi a dos fundos, afinal o garoto era praticamente um indigente, o que só criava ainda mais caraminholas na cabeça de Suppasit — Falou com Pakorn? – o médico pergunta, enquanto anota algumas informações no prontuário do garoto adormecido, graças aos antitérmicos que ele havia ingerido pouco tempo antes — Ele estava em missão, não consegui contato, estava esperando uma oportunidade pra ligar de novo, mas depois do que vi, não consegui nem pensar direito – o homem finaliza sua fala, deixando claro o incômodo ao reviver nas memórias, e ainda ver a sua frente o estado do garoto — Eu entendo, também fui surpreendido... Sei que existe muita coisa ruim por aí mas isso...– dizia o médico encarando as manchas e apontando em direção a boca do menor — Eu de fato não tinha visto ainda – e por mais que Suppasit já tenha passado por muitos horrores e incontáveis torturas, o que foi feito com o jovem, deixa claro que a maldade do mundo estava longe de ser extinta — Já coletei o sangue, agora preciso que você saia, a outros exames que preciso realizar — infelizmente o mais velho sabia exatamente sobre o que o médico falava, e aquele pensamento o deixava ainda mais irritado, mas o olhar de Saint não deixava margem pra discusão, fora da função de medico, Mew podia mandar e questionar o que quisesse, mas quando o amigo estava devidamente vestido com seu jaleco, ele era autoridade maxima — Vou ligar pra Parkon... não demoro — a preocupação foi muito clara atraves das palavras do militar, mas Saint apenas ignora colocando as luvas pra realizar o procedimento. O homem que deixou o quarto, agora suspirando apertava os botões no aparelho, ao terceiro toque uma voz agitada ecoou através da linha

— O que foi Sol?

— Sabe que não uso mais esse nome. Mas enfim por onde anda?

— Camboja

— Em quanto tempo consegue retornar? — apesar dos sons de tiro e luta ao fundo de ligação eram bem perceptíveis, mas Parkon do outro lado, sabia que o amigo não ligaria por qualquer besteira

— Me dê meia hora e tô ai. 

— Me avise assim que chegar.

Um "ok" foi dado pelo outro, e Mew teria algo mais a falar, mas o som de metais caindo e o grito de Saint interrompeu quaisquer palavras suas. O celular é apenas jogado no bolso sem que a ligação fosse encerrada. Ao entrar no quarto a atmosfera era tensa. O garoto antes adormecido agora estava em pé no quarto, com o braço sangrando pela falta o acesso venoso, que fora arrancado pelo proprio, na outra mão, ele segurava tremulamente um bisturi em direção ao medico — Saint o que esta acontecendo? — rapidamente ele se coloca entre o menor e o amigo, que segurava a mão ferida contra o peito — Ele acordou enquanto eu fazia o exame de estupro, ele deve ter ficado asssustado — Mew encarava fixo o garoto que claramente estava apavorado — Você esta bem? — o médico balança afirmativamente a cabeça, deixando que Suppasit concentrasse toda sua atenção ao menor a sua frente — Gulf...Gulf olha pra mim. Esta tudo bem, ele não ia te machucar, ele é meu amigo, só quer cuidar de você – lentamente Suppasit se aproxima, com a mão aberta e esticada, pedindo ao menor que lhe desse o objeto cortante em sua mão — Ta tudo bem, você ta seguro aqui – não entendeu porque, mas aqueleas palavras parecem ter deixado o menor ainda mais assustado. Os olhos do garoto se arregalam encarando a porta, e os pés se afastam pra tras, com o corpo tremulo, Gulf balançava a cabeça em negação, e pro susto do ex-militar, o bisturi foi apontado diretamente para seu antebraço,  a ponta do objeto fez uma perfuração contra a pele. Os olhos de Mew se arregalaram e um "não" ecoou alto pelo quarto enquanto ele corria em direção ao garoto — Gulf para!!! – ele agarra as mãos do garoto, lutando pra tirar dele a ferramenta, mas o garoto o empurrava ainda mais profundo, se contorcendo de dor e deixando o sangue vermelho lhe manchar as roupas e o chão — Pare com isso, o que esta fazendo – por mais que tivesse realizado inúmeras missões sem uma única falha, Suppasit estava mais do que surpreso do porque não conseguia prever nada relacionado ao menor, e isso só se tornou ainda mais concreto, quando em um último esforço, o garoto faz uma espécie de alavanca com o bisturi, abrindo um pequeno buraco em seu braço, e fazendo saltar de lá um quase imperceptível cilindro. O objeto cai no chão com um delicado "clik" e o corpo de Gulf quase faz o mesmo, se não fosse pelos braços de Mew que o seguram, rapidamente se preocupando em estancar o sangramento. O garoto de olhos fechados, respirava agitado se escondendo contra o corpo de Suppasit, que rapidamente questiona Saint, que se abaixava, pegando entre os dedos o pequeno objeto ainda envolvido em sangue — O que diabos é isso? – se perdendo no estado apavorado do garoto, Suppasit não viu nada diante de seus olhos — Parece... Um chip de controle de insulina, mas os exames dele não apontaram nada  – o médico parecia confuso, o menor claramente estava sem comer, seu estado não indica o de uma pessoa que tinha acesso a acompanhamento médico, "então como diabos ele teria acesso um tratamento tão caro" — Não é um chip de insulina... É um rastreador de cachorros – a frase dita entre dentes cerrados gelou o corpo de Saint — Por Bunda Suppasit, no que você se meteu agora???.

Recuperando brevemente a calma, ambos homens agora se concentravam no garoto à sua frente, ainda com ferimentos a serem tratados. Mew acomoda o pequeno novamente sobre a maca, enquanto Saint já se preparava pra fazer a sutura do corte, ao sentir mãos sobre seu corpo o garoto abre novamente os olhos — Eiii, shhh, tá tudo bem, ele só quer ajudar... Tudo bem, confia em mim!? – com um sorriso, Mew tenta tranquilizar o garoto,que fixas os olhos nos seus, e busca sua mão, respondendo em forma de desenhos contra a palma — " Sempre"– um frio percorre o estômago do militar. De forma leve e experiente, Saint conclui o procedimento, mas os outros dois no quarto parecem não perceber, já que durante todo o tempo os olhares não se desviaram nem por um segundo, assim como a mão de Mew continuou sendo firmemente segurada pelo pequeno paciente. O contato dos olhos só foi quebrado quando um "toc toc" na porta tras tensão ao ambiente, afinal ninguém sabia que estavam ali. Se comunicando por sinais, ele pede que Gulf permaneça em silêncio e que Saint assumisse a situação, enquanto ele se escondia atrás da porta. O toc toc ecoa novamente, mas dessa vez uma voz grave ecoa com ela — Com licença doutor – Saint encara Mew, que lhe indica a continuar a conversa — Sim, em que posso ajudar – o médico se aproxima da cama, se colocando como protetor de Gulf — Trouxe alguns papéis que preciso que o senhor dê uma olhada – uma mão força a maçaneta da porta ainda trancada, sob orientação e direcionamento de Mew, o médico prossegue a encenação — A sim, só um momento, vou abrir a porta – segurando uma seringa de adrenalina, enquanto Mew precisava contar apenas com os músculos e experiência, Saint respira fundo, enquanto o amigo abre a tranca, e em seguida abre a porta, esperando passar por ali o homem suspeito. E de fato lá estava ele, um homem alto, encapuzado, com uma pistola silenciadora nas mãos e que foi de encontro direto com o... Chão. A costas do homem, outro se fazia presente agora, tão alto quanto, mas ao contrário do suspeito esse precisou apenas das mãos pra realizar uma morte — Se tivesse me dito que era uma festa eu tinha vindo mais rápido Sol – Parkon sorriu em direção ao amigo, já agarrando os pés do homem caído, desmaiado pelo golpe dado por Tul — Então, qual foi a organização poderosa que você irritou agora? Doutor quanto tempo!? – jogando o corpo em um canto do quarto, o recém chegado cumprimentou o outro homem no quarto, antes de se aproximar do amigo cruzando os braços — Humm, aproximadamente um tres anos, desde que salvei sua vida – Saint provoca o homem, sorrindo e lhe encarando de forma convencida — Touche – devolvendo um sorriso, Tul da uma piscadinha pro mais novo. Mas logo assumiu novamente sua postura profissional e fria, ao ir de encontro com Suppasit que vasculhava o corpo caído no chão, e ao simplesmente levantar a manga da blusa do homem, ambos militares sentiram um gelado na espinha, mas foi Parkon que deu voz aos questionamentos — Por a organização cobra estaria atras de você? – a tal organização era a mais temida dentro das tríades do submundo, apenas uma vez durante o exército eles cruzaram com ela, e o confronto terminou com apenas três sobreviventes, ele e Mew sendo dois deles. Suppasit se afasta bagunçando os cabelos e em seguida, apontando com a cabeça em direção a Gulf, fazendo Tul só então perceber o garoto — Não é de mim... É dele que estão atrás e não faço ideia do porquê – Mew encara o garoto que se mantinha encolhido na cama ainda às costas de Saint, e logo se encolheu ainda mais, se escondendo embaixo do lençol pela fala de Parkon, que sorria enquanto apertava as mãos estalando os dedos — Sem problemas, eu faço ele falar rapidinho – os passos do homem foram interrompidos quando, Mew lhe segura o ombro, e Saint se coloca ainda mais a frente da cama, semi fechando os olhos e apontando a seringa em direção a Tul — Se aproxime dele e a vida que eu dei, eu posso tirar Parkon! – o homem ameaçado, rapidamente ergue os braços pro alto e arregala os olhos — Ok, agora quem tá completamente perdido nesse rolê sou eu. Que porra ta acontecendo aqui Suppasit?

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